BANCA. Existem apenas 179 ATM instaladas para cinco províncias. Do grupo, Bengo é a mais penalizada, com apenas 24 multicaixas. Dados são da Emis e não explicam se todas as ‘máquinas’ estão operacionais. Há províncias que não recebem um único aperelho há três anos. Luanda concentra maioria dos multicaixas. Bengo, Moxico, Lunda-Norte, Kuando-Kubango e Lunda-Sul fecharam o Fevereiro com 179 caixas de pagamento automático (ATM), para uma população total de três milhões de habitantes, de acordo com os dados do subsistema de multicaixas do Banco Nacional de Angola (BNA) a que o VALOR teve acesso. De acordo com as estatísticas, as cinco províncias não instalaram sequer um novo multicaixa desde finais de 2017. Só o Bengo viu o seu número de ATM reduzir em 11%, ao sair de 27, em Dezembro, para apenas 24 em Fevereiro. Há, no relatório, províncias que já estão desde 2015 sem ‘inaugurar’ um novo multicaixa. É o caso do Zaire, que manteve 55 aparelhos até Dezembro. O BNA não esclarece, no entanto, se os 179 multicaixas para as cinco províncias estão operacionais. Mas há casos em que províncias perdem multicaixas de ano para ano, como o Bengo. O quadro é ainda pior quando se analisam todas as províncias. Até finais do ano passado, o país tinha 3.026 multicaixas, mas os números recuaram para 3.015 em Fevereiro. Luanda é a região que concentra o maior número de caixas automáticas. Até Fevereiro, tinha 1.698 ATM. Mas o número é inferior ao total de todo o ano passado, quando fechou com 1.714 multicaixas. Benguela aparece nas estatísticas como a segunda província com maior número de ATM, com 261 aparelhos, até Fevereiro. Depois, seguem-se a Huila e o Huambo, com 170 e 139 ATM, respectivamente (ver gráfico). A Emis, Empresa Interbancária de Serviços, é o organismo que cuida das operações no multicaixa, associada aos bancos, pelo que a grande maioria das anomalias nas operações nos ATM é remetida à Emis. Dinheiro movimentado Segundo as estatísticas de Fevereiro, os 3.015 ATM de todo o país registaram perto de 24 mil milhões de operações financeiras, precisamente, 23,8 mil milhões, sendo que as não financeiras se ficaram pelos 19,5 mil milhões. Só em Fevereiro, foram transaccionados 269,4 milhões de kwanzas, do total de ATM.
Nelson Rodrigues
BAI com quatro novos administradores
BANCA. Quatro ‘caras novas’ passam a integrar o conselho de administração do banco. Vão ocupar vagas deixadas por José Massano, Francisco Maria de Lemos e mais dois membros. Decisão está expressa num documento que resume as operações de 2017. Lucro cresce 11%, mas crédito cai. Os accionistas do Banco Angolano de Investimentos (BAI) decidiram integrar no conselho de administração quatro novos nomes, cobrindo vagas deixadas pelo ex-CEO, José Massano, e por quatro antigos administradores, de acordo com uma nota da assembeleia-geral a que o VALOR teve acesso. Desde a semana passada, integram a comissão executiva mais quatro novos administradores: Omar José Mascarenha de Morais, Carlos Augusto Bessa Victor Chaves, Irisolange Azulay Soares e José Carlos Castilho Manuel, que preenchem vagas deixadas por Francisco Maria de Lemos, Ana Paula Gray, Pedro Castro e Silva e José Massano. Até finais de 2017, a comissão executiva era dirigida por José de Lima Massano e integrava mais seis administradores, Luís Filipe Lélis, Inokcelina Ben’África Santos, Hélder Miguel Jasse Aguiar, Simão Francisco Fonseca, João Cândido Fonseca e Pedro Castro e Silva. Até antes da ‘promoção’ a membro da comissão executiva, Carlos Augusto Bessa Chaves era o CEO do BAI Cabo Verde, uma sucursal do banco na Praia, e José Carlos Augusto Castilho Manuel era director da banca de retalho, segundo a página oficial do banco e dos perfis profissionais na internet. Mas é a José Carlos de Castro Paiva que os accionistas voltaram a confiar o conselho de administração, para o posto de presidente. Com a entrada de quatro ‘caras novas’, o grupo passa a estar composto por José Carlos de Castro Paiva (PCA, não-executivo), Mário Alberto dos Santos Barber, Theodore Jameson Giletti, Jaime de Carvalho Bastos, Omar José Mascarenhas de Morais Guerra, Carlos Augusto Bessa, Victor Chaves, Luís Filipe Rodrigues Lélis (presidente da comissão executiva), Helder Miguel Palege Jasse de Aguiar, Inokcelina Ben’África dos Santos, Simão Francisco Fonseca, João Cândido Fonseca, Irisolange Azulay Verdades e José Carlos Castilho Manuel. “A assembleia geral de accionistas procedeu à eleição da nova composição dos órgãos sociais da sociedade para o quadriénio 2018-2021, para que exerça funções nos termos da lei das sociedades comerciais e dos estatutos da sociedade”, escreve o banco, na mesma nota em que faz o balanço das operações de 2017. Crédito cai 3% Na reunião que alterou o ‘rosto’ dos accionistas, foram ainda aprovadas as contas de balanço das operações, referentes ao ano passado. Até 31 de Dezembro, a carteira de crédito líquido do BAI atingiu 369 mil milhões de kwanzas, evidenciando uma redução de 3% face a igual período anterior. O recúo no crédito é justificado com o “reforço das perdas por imparidade acumuladas e ao aumento do crédito bruto em apenas 2%”. Já os lucros dão um pulo de 11% para os 55 mil milhões de kwanzas. A esse desempenho financeiro o banco junta ainda a “manutenção da posição de líder nos depósitos e a segunda posição em terminais de pagamento automático (TPA) matriculados”. “O que significa uma subida significativa tendo em conta que, em 2016, o BAI ocupava o quarto lugar”, sublinha o banco. Para a gestão, os resultados “reflectem três eixos de acção do BAI, nomeadamente, o aumento do produto bancário em 17%, muito influenciado pelo aumento dos proveitos em investimentos e activos financeiros e em créditos e no aumento dos resultados cambiais pelo volume de operações cambiais, o aumento dos custos administrativos em 29% em linha com a inflação e o aumento do custo com imparidade para crédito em apenas 4%”.
BANCA. Quem utiliza cartões de crédito da rede Visa do BAI vai passar a receber menos. Só no cartão ‘BAI Classic’, há um corte de 47,3% ficando limitado nos mil euros, nos outros cartões o limite vai até aos três mil. Banco avisa que medida é extensiva a outros cartões, por culpa da crise cambial. BAI não é o único, foi antecedido pelo BFA e BPC. O Banco Angolano de Investimento (BAI) vai reduzir para apenas mil euros o limite de crédito a conceder no cartão ‘BAI Classic’, cortando quase 50% face aos anteriores 1.900 euros, de acordo com o organismo que anuncia o novo modelo no site. O BAI Classic é um dos três cartões de crédito da rede Visa da instituição e o de menor ‘plafond’, limite nos carregamentos mensais. É também, segundo fonte da administração do banco, “o mais usado e o mais solicitado”. O limite anterior era de 500 mil kwanzas [1.888,9 euros, ao câmbio de 264 kwanzas]. E agora fixou-se em euros para o BAI Classic. Os outros cartões são o ‘BAI Gold’, cujo limite foi reduzido para dois mil euros e o BAI Platina que o limite foi reduzido para três mil euros. A medida é justificada com a escassez de recursos em moeda estrangeira e entra em vigor a 15 de Abril. “Na sequência da implementação das políticas de contenções de venda de divisas do Banco Nacional de Angola, informamos que serão actualizados os limites máximos de ‘plafond’ dos cartões de crédito Visa, com entrada em vigor a patir de 15 de Abril do corrente ano”, escreve o banco. Além do BAI, outros bancos já anunciaram as mesmas medidas, que justificaram com a racionalização dos recursos em moeda estrangeira. No BFA, banco que inaugurou a medida, os clientes passam a ter apenas o equivalente a 100 dólares no cartão para pagar contas diversas no estrangeiro. A nova regra entrou em vigor em Fevereiro. O BPC foi o segundo banco a avisar medidas de contenção nos cartões. Numa nota no seu site, anunciou ajustes na utilização dos cartões de crédito da rede Visa devido às “condicionantes do mercado cambial”, apesar de não ter precisado em quanto iria cortar face aos limites anteriores. Crédito por um mês... Depois de activado o cartão de crédito pelo banco, o ciclo de utilização inicia a todo o dia 1 de cada mês e fecha no último dia. Ou seja, o cliente usa o cartão ou ‘plafond’ durante um mês, em função do montante que lhe for concedido pelo banco. ...Reembolso faseado O banco estabelece, por sua vez, que o pagamento da conta cartão de crédito e seus respectivos juros seja feito a cada 25 do mês seguinte. Mas o cliente não é obrigado a pagar a totalidade do cartão nessa data, já que o banco abre a possibilidade de reembolso por prestação. “O cliente pode pedir ao banco que, no dia 25, seja pago a totalidade do cartão, ou pode pedir que seja pago só 10%. E paga os outros 10% nos meses seguintes, para completar os 100%. Ou seja, o cliente pode pedir para fazer o pagamento da conta cartão de crédito por prestação”, assegura a fonte da administração, apontando para as vantagens do serviço.
SEGUROS. Antigo secretário do Conselho de Ministros é agora detentor de 6,5% das participações após compra de 5% da posição do grupo Mateba. Alteração catapulta ‘Toninho’ Van-Dúnem para segundo maior accionista da entidade atrás do BAI. Saúde ajudou seguradora em 41% nas receitas de 2017. O ex-secretário do Conselho de Ministros António ‘Toninho’ Van-Dúnem, comprou os 5% da participação do grupo Mateba Comércio e Transportes na Nossa Seguros, passando a ocupar a posição de segundo maior accionista da empresa, revelou o presidente da comissão executiva da seguradora, Carlos Duarte, na conferência de imprensa de apresentação das contas da empresa, na semana passada. Até ao primeiro trimeste de 2017, António Van-Dúnem detinha apenas uns inexpressivos 1,5% de participação. Com a compra de mais 5%, o investidor reforça a sua posição, ficando assim com 6,5% das acções da seguradora. ‘Toninho’ Van-Dúnem foi secretário do Conselho de Ministros em finais da década de 1990, depois de já ter exercido funções de assessor jurídico da Presidência da República. Em 2016, foi citado pelo ‘Africa Monitor Intelligence’ por alegadamente estar envolvido num consórcio para a construção de barragens em Moçambique, avaliada em 1,2 mil milhões de dólares. Com a saída do Grupo Mateba, passam a figurar, na estrutura accionista da Nossa Seguros, o Banco Angolano de Investimento (BAI), com 72%, António Van-Dúnem, com 6,5%, o Movimento Nacional Rodoviário, com 3,5%, a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas (2,5%) e vários particulares incluindo o jurista Inglês Pinto, que dividem os restantes 15,26%. Saúde gera receitas No balanço do ano passado, os gestores destacam o facto de o seguro de saúde ter contribuído com 41% para o crescimento das receitas, após registar um avanço considerável de 155%, de os 1.190 milhões para 3.036 milhões de kwanzas. A evolução do seguro de saúde em 155% foi justificada com a introdução do seguro de saúde para particulares. Ou seja, até 2016, a seguradora do BAI só tinha esse tipo de seguro voltado a empresas. No ano seguinte, o produto passa a integrar o portfólio da empresa e alarga as margens de receitas. Lucros crescem 17% Outro indicador nas contas da Nossa Seguro, referente a todo o ano passado, é o resultado líquido. Essa rubrica avançou 17% para os 963 milhões de kwanzas. Já a margem de solvência ficou calculada nos 184%, o que dá ‘conforto’ aos donos do negócio, que se regozijaram por esse indicador estar “acima da média do sector em Angola”. No mesmo período, o total dos activos valeu 17 mil milhões de kwanzas, sendo que os investimentos financeiros registaram uma evolução de 15% para 8.766 milhões de kwanzas. A contabilidade da empresa sublinha que mais da metade da carteira dos investimentos, precisamente 59%, está aplicada ou constituida por títulos de dívida pública. Liderar mercado é meta O plano estratégico da seguradora projecta colocar a empresa no topo do ‘ranking’ na quota de mercado. Para já, pelo menos até 2020, o desafio é o de colocar na posição três dessa lista das mais robustas seguradoras angolanas. “Começámos com uma quota de mercado da ordem dos 9%. Creio que estamos no ‘top 4’ entre as seguradoras, em quarto lugar. A nossa ambição é ir mais longe, é chegar naturalmente ao terceiro lugar e, quiça, ao segundo ou ao primeiro lugar. Mas isso são as nossas ambições e por isso é que temos um plano estratégico e a investir bastante na organização, no desenvolvimento, na capacitação das pessoas”, revelou Carlos Duarte para depois lembrar que não existirem dados oficiais sobre a posição das seguradoras. “O que existe é uma comparação entre seguradoras em que partilhamos informação e dessa forma podemos mais ou menos inferir ainda com alguma margem de erro sobre aquilo que é o mercado”, rematou o gestor.
BNA coloca ‘reservas’ às casas de câmbio
CÂMBIOS. José de Lima Massano mostra ‘resistência’ ao pedido das casas de câmbio para iniciarem o negócio de microcrédito. Associação que as represanta enviou oito pedidos de expansão. Só num, o governador mostrou reservas, mas promete dar uma resposta em breve. O Banco Nacional de Angola (BNA) levantou “algumas reservas” sobre a possibilidade de as casas de câmbio iniciarem o serviço de microcrédito, um dos oito pontos que os operadores solicitam ao organismo estatal para se aguentarem em período de crise. O presidente da Associação das Casas de Câmbio, Hamilton Macedo, admite que o receio do banco central pode estar relacionado com o facto de as empresas não terem capacidade de suportar determinados serviços, muitos deles desenvolvidos por bancos ou instituições de microcréditos já licenciadas pelo BNA. Há duas semanas, a associação escreveu ao banco central, pedindo o alargamento do portfólio de serviços. Da lista, encaminhada ao gabinete do governador, os operadores de câmbio pediram autorização para a liberalização do preço da moeda estrangeira; inclusão do serviço de corretagem no mercado de capitais; prestação de serviços de pagamento de factura de água e energia; comércio de cartões pré-pagos; serviço de transferência e consultadoria a pequenas empresas e o serviço de microcrédito. Destes oito pedidos, o banco central mostrou reservas num único. Mas ainda “não é a posição definitiva”, segundo Hamilton Macedo, que acredita que as solicitações tenham, cada uma, a “atenção especial do regulador”. “Acredito que todo o pedido vai merecer uma atenção especial da administração do banco. Mas cada empresa é uma empresa, todas elas têm de se garantir que há capacidade para prestar tal serviço”, afirmou o responsável, na semana passada, quando aguardava o parecer definitivo do BNA sobre o pedido de alargamento do negócio. Massano garante ajuda Hamilton Macedo atesta, por outro lado, que recebeu garantias do governador do banco central de que a resposta à solicitação do alargamento dos serviços viria já na semana passada, mas, até à tarde do último dia laboral da ‘semana santa’, os agentes de câmbio não tinham quaisquer respostas do BNA. Do banco central, também receberam a possibilidade de inclusão num dos leilões de divisas, circuito de venda de moeda estrangeira de onde estão excluídas há já quase um ano. Para os operadores, a intenção do BNA dá “algum alívio” à pressão que sofrem desde que foram colocadas de parte na distribuição das divisas. O banco central tem registadas quase 76 casas de câmbio, 11 das quais ainda não iniciaram actividade. Segundo o presidente da associação, a maioria das empresas esteve paralisada nos últimos seis meses por falta de recursos em moeda estrangeira para vender ou trocar.
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