Valor Económico

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ELECTRICIDADE. Dívida resulta do fornecimento de combustível às centrais térmicas e é só metade do total de dívidas do Estado. Geração de energia com base em fontes térmicas é o garante do funcionamento do sistema eléctrico.

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Empresa de Produção de Electricidade, Prodel, encabeça a lista de entidades públicas com dívidas avultadas à Sonangol, com um valor de cerca de 1.728 milhões de dólares.

Resultante do fornecimento de combustível para o funcionamento das centrais térmicas em todo o país, a dívida da Prodel representa mais de às irregularidade do Estado nos pagamentos dos subsídios. Segundo a fonte, essa situação causa “naturais constrangimentos”, além de limitar os investimentos da Prodel, face ao desafio de electrificação do país.

“Há custos logísticos elevadíssimos. Por exemplo, a central térmica de Saurimo precisa aproximadamente de 30 mil litros de combustível para o seu normal funcionamento, que é acrescido com as dificuldades da má conservação das estradas”, refere a fonte. A mesma que perspectiva o aumento da dívida, enquanto houver dependência das fontes térmicas. “A solução passa pelo fim do subsídio ao preço da electricidade, uma medida que, há muitos anos, as empresas do sector eléctrico defendem”, observa a fonte.

A Prodel tem enquadrado, no seu parque de produção térmica, 42 centrais. Indicadores de facturação, referentes a 2016, indicam que os custos gerais de exploração da Prodel estiveram acima dos 73,6 mil milhões de kwanzas. No mesmo período, a empresa solicitou subsídios de mais de 70,6 mil milhões de kwanzas, mas recebeu pouco mais de um terço, precisamente 28,5 mil milhões de kwanzas.

Renováveis, a solução

O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, defendeu a contratação de uma empresa com capacidade para substituir a produção de energia térmica pela renovável em magnitude suficiente para baixar os custos até 40%.

Em declarações na Feira Internacional de Luanda , que terminou no último sábado, lembrou que as energias renováveis têm um custo de dois milhões de dólares por megawatt, enquanto a energia térmica - com a utilização do combustível diesel - fica por 1,2 milhões de dólares, mas com “um ónus mais elevado das operações”. “A grande diferença é que, apesar de a energia térmica ter um custo de capital mais baixo, tem associado um custo de manutenção elevado, enquanto, na energia solar, esses custos são praticamente nulos”, reforçou o ministro.

João Baptista Borges prevê o cenário provável de uma matriz em que, numa primeira fase, parte da produção de electricidade seja suportada por sistemas de energia solar durante o dia e térmica ao longo da noite.

A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva) abriu a primeira semana de Julho com uma transacção de mais de 80 mil milhões de kwanzas, originando mais de 700 negócios, revela um comunicado da entidade, disponível no portal do Ministério das Finanças.

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De acordo com os cálculos do organismo, liderado por Patrício Vilar, o montante transaccionado avança em 18,8 mil milhões de kwanzas, comparativamente a Maio, altura em que a Bodiva registou 63,7 mil milhões de kwanzas. No ‘segmento bilateral’, a entidade registou mais de 20,2 mil milhões, enquanto no ambiente multilateral foram negociados 62,3 mil milhões.

Das entidades participantes da Bolsa de Luanda, o Banco de Fomento Angola (BFA) manteve-se à frente das negociações com 680 negócios, avaliados em mais de 100 milhões de kwanzas. Seguem-se os bancos BAI com 29 negócios, Standard Bank Angola com 13, BIC 11 e Millennium Atlântico com quatro. Entre Janeiro a Junho, a Bolsa transaccionou acima de mil negócios avaliados em 350 mil milhões de kwanzas.

O Mercado de Bolsa de Títulos do Tesouro (MBTT) é o primeiro segmento a ser disponibilizado pela Bodiva e destina-se à negociação de títulos do tesouro, emitidos pelo Estado através do método de negociação por oferta, mediante a interacção permanente das ordens de compra e venda de todos os investidores.

O MBTT pode converter-se num dos principais instrumentos de política monetária à disposição do Banco Nacional. É ainda considerado um instrumento de financiamento capaz de ampliar o leque de oportunidades a todos os agentes da economia.

O Banco Angolano de Investimento (BAI) recebeu, pela segunda vez na semana, o maior volume de divisas das ‘mãos’ do Banco Nacional de Angola (BNA), através de leilões de preços, com um total de 17,8 milhões de euros, de acordo com os dois últimos balanços das vendas de divisas semanais do banco central.

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A primeira vez que o BAI integrou, na semana, a lista dos que mais recebem foi a nove de Julho, com uma injecção de 6,2 milhões de euros, para diversas operações, em que se destacaram as cobranças e remessas documentárias; adiantamentos até ao montante de 20 mil dólares, por factura; viagens, saúde, educação e apoio familiar, além de salários de trabalhadores expatriados.

Já no último leilão semanal, a entidade, que entre os accionistas a Sonangol, recebeu o maior volume do período, com um encaixe de quase os 12 milhões de euros, precisamente 11.599.992,62, para cartas de crédito. O mesmo valor foi dado ao BFA e ao Crédito do Sul. Mas o BAI foi o que, nos dois leilões semanais, participou e absorveu mais recursos em moeda estrangeira, seguido pelo Crédito do Sul.

Mais bancos participaram do rateio de divisas, mas nenhum teve o mesmo volume de afectação que o BAI, entidade em que já trabalhou como gestor principal o actual governador do banco central, José de Lima Massano.

Os dois leilões da semana fazem uma colocação total de 182,49 milhões, destinados a cartas de crédito e coberturas de operações diversas. Dos dois leilões, não resultou qualquer alteração de taxas de câmbio.

Um novo cartão de pagamento internacional passa a ser utilizado na rede multicaixa e vem ajudar a comunidade chinesa residente em Angola nas operações financeiras diárias “sem qualquer restrição”, de acordo com o presidente da Emis e o responsável da filial africana da Union Pay.

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Denominado ‘Union Pay Internacional’(UPI), o cartão é emitido por uma entidade financeira chinesa com o mesmo nome e foi apresentado, no início da semana passada, pelo presidente do conselho de administração da Emis – empresa gestora da rede multicaixa –, José Gualberto de Matos, e pelo director da filial africana da Union Pay, Luping Zhang. O cartão deve circular no país à semelhança da Visa, que por muito tempo operou sozinha nessa domínio.

Para o PCA da Emis, o cartão é uma importação de serviços e vai ajudar nas operações cambiais, considerando que, ao ceder kwanzas para os portadores da UPI, o país recebe moedas estrangeiras. “O mais importante é que isso facilita o ambiente de negócio, torna os pagamentos mais fáceis e mais seguros e transparentes, porque as pessoas [já] não vão trocar no mercado paralelo”, defendeu.

“Estamos a concretizar este passo na internacionalização da nossa rede que tem características universais. Devemos aceitar todos os instrumentos de pagamento. Neste momento só serão aceites cartões de visitantes emitidos por bancos estrangeiros”, salientou.

Por sua vez, Luping Zhang atestou que, em Angola, já circulam esses cartões e que cada chinês no país possui entre um e quatro cartões UPI. A entidade tem capacidades de emissão de um volume de quase sete milhões de cartões bancários pelo mundo.

Para o CEO da UPI, a facilidade no levantamento de kwanzas em Angola e a liquidação das operações com os bancos locais são outras das vantagens desse serviço, que, segundo o gestor chinês, emite cartões em 48 países e regiões fora do território chinês.

Os ministérios das Finanças e da Agricultura criaram uma comissão para decidir o futuro das empresas ligadas ao sector agrícola, como a Sociedade de Desenvolvimento dos Perímetros Irrigados (Sopir), Sociedade de Desenvolvimento do Pólo da Capanda (Sodepac), Empresa de Mecanização Agrícola (Mecanagro) e Empresa de Recebimento e Exportação do Café ( Cafangol).

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 O grupo de trabalho, constituído por membros dos dois ministérios, tem a responsabilidade de apresentar as principais causas que estão na base da incapacidade das empresas em desenvolver planos de negócios pré-concebidos para serem rentáveis. A comissão deve ainda apresentar propostas concretas para o Estado decidir o destino das mesmas.

Segundo um despacho conjunto dos ministérios, o grupo tem até ao dia 25 deste mês para apresentar um relatório de progresso dos trabalhos.

As empresas Sopir e Mecanagro têm apresentado, nos últimos anos, falta de capacidade para pagar salários aos colaboradores. As duas empresas já tiveram inclusive uma greve de protesto.

Em Maio, o ministro da Agricultura, Marcos Nhunga, anunciou a extinção da Mecanagro por considerar a empresa “inviável”.