Valor Económico

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ESTIAGEM. Em Maio do ano passado, Governo solicitou assistência técnica ao PNUD para realizar avaliação das necessidades pós-desastre no Cunene, Huíla e Namibe.

 

Nos últimos cinco anos, mais de um milhão de angolanos foram afectados pela seca e, só no intervalo entre 2015 e 2016, a estiagem já provocou danos directos de mais de 294.177 milhões de dólares, assim como perdas que roçam os 451 milhões de dólares. Os dados foram avançados na passada semana pelo secretário de Estado do Ministério do Interior, Eugénio Laborinho, na abertura do seminário sobre o ‘Quadro de Recuperação da Seca no Sul do País’.

Eugénio Laborinho apontou a Huíla, Cunene e Namibe como as mais afectadas por este fenómeno, que constitui um ciclo de impacto recorrente em Angola. Segundo o governante, essas províncias foram afectadas por um longo período, que levou o executivo, com a participação de parceiros nacionais e internacionais, a realizar uma operação extensa de apoio às populações, no sentido de enfrentarem e se recuperarem dos efeitos negativos causados pela seca.

O secretário de Estado do Ministério do Interior sublinhou que o impacto maior da seca esteve concentrado nas comunidades mais vulneráveis “que têm maior fragilidade em geral, assim como menores níveis de resiliência”. “Uma vez que o processo de resposta e atenção primária terminou, o maior desafio que enfrentam estas comunidades é o da recuperação, consubstanciado, não só, na reposição dos danos, mas também na mudança necessária para evitar que o círculo vicioso de exposição/impacto e assistência, que enfrentam todos os anos, seja convertido no reforço das condições de vida das populações, das infra-estruturas e do território em geral”, disse Eugénio Laborinho.

A preparação de um quadro de recuperação que seja resistente a novos períodos de seca é a “alta prioridade”, acrescentou. Eugénio Laborinho referiu que o Cunene, este ano, sofreu pouco com as consequências das alterações climáticas, resultado da formação dada às populações mais vulneráveis de “como se resolver o problema no tempo seco e durante as cheias”.

Comparativamente aos anos anteriores, o quadro no Cunene “melhorou muito”, tendo a população conseguido fazer alguma agricultura de sustento para manter as suas reservas alimentares. Em declarações à imprensa, Janet Fernandes dos escritórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Nova Iorque, disse que as autoridades angolanas solicitaram um apoio para facilitar a cooperação com o Banco Mundial e a União Europeia.

Em Maio de 2016, Angola solicitou assistência técnica ao PNUD para realizar uma avaliação das necessidades pós-desastre nas províncias prioritárias do Cunene, Huíla e Namibe. “O que conseguimos, através deste relatório, foi identificar quais as comunidades mais afectadas nas três províncias e vimos que o Cunene é a mais afectada e requer muito apoio”, disse Janet Fernandes.

Nesta segunda fase, informou, Angola solicitou ajuda na planificação de um quadro de recuperação, que visa identificar as prioridades, para um apoio imediato das comunidades mais afectadas.

“O que vamos fazer é um exercício de planificação estratégica, sob liderança da Comissão Nacional de Protecção Civil, com o envolvimento, igualmente, de outras instituições, como os Ministérios das Finanças e da Administração do Território, para traçar uma boa articulação institucional, desde o nacional aos governos locais”, informou.

De acordo com Janet Fernandes, através deste exercício, será elaborado um plano de acção concreto, com acções imediatas, a médio e longo prazos. Para já, as acções deverão estar viradas para o provimento de água para o consumo às famílias, assistência nutricional e garantir segurança alimentar.

DÍVIDA. Lufada de ar para Governo de Moçambique? A medida deve garantir várias centenas de milhoes de dolares ao país, numa altura em que prossegue a polémica das dívidas.

 

Os detentores dos títulos de dívida de Moçambique consideram que o Governo não é obrigado a pagar os empréstimos feitos às empresas públicas MAM e Proindicus, o que aumenta a capacidade financeira em 850 milhões de dólares, noticiou a agência de noticias Lusa, na quinta-feira passada.

Segundo uma declaração enviada à agência financeira Bloomberg, este grupo, que detém mais de 70% dos títulos de dívida pública de Moçambique, emitidos no seguimento da reconversão das obrigações da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), considera que as conclusões da auditoria da Kroll, da comissão parlamentar e do tribunal administrativo moçambicanos isentam o Governo da garantia estatal dada aos empréstimos.

“Rejeitar estas garantias e liquidar a Proindicus, a Mozambique Asset Management (MAM) e a Ematum é a reestruturação adequada para limpar o sistema, isolar a balança de pagamentos de mais responsabilidades e restaurar o acesso ao financiamento externo”, dizem os credores, numa nota citada pela Bloomberg.

Com esta iniciativa, ainda segundo a Lusa, o Governo moçambicano teria um aumento de capacidade financeira para servir a dívida no valor de 850 milhões de dólares nos próximos cinco anos, sensivelmente o mesmo valor lançado em títulos de dívida pública no ano passado.

A perda seria, assim, suportada na totalidade por quem emprestou às empresas públicas, o que faria com que os investidores em títulos de dívida soberana conseguissem honrar os compromissos financeiros.

As contas deste grupo de detentores de dívida foram feitas com base na apresentação que o Governo fez em Outubro aos credores, na qual deu conta da sua intenção de reestruturar a dívida e não pagar as prestações dos empréstimos das empresas públicas.

Nos cálculos destes investidores, entraram também em linha de conta os recentes desenvolvimentos na melhoria das taxas de câmbio, com a valorização da moeda local, o metical, face ao dólar, e as receitas fiscais provenientes da Decisão Final de Investimento da petrolífera Eni, avaliadas em 16 mil milhões de dólares nos próximos 25 anos.

A posição dos detentores dos títulos de dívida de Moçambique, emitidos em Março do ano passado, é o mais recente desenvolvimento depois da divulgação da auditoria da Kroll à dívida contraída à revelia das instituições nacionais e dos credores internacionais, o que levou ao corte do financiamento externo e ajudou a mergulhar Moçambique numa crise económica e financeira.

Os detentores dos títulos de dívida pública têm defendido, desde o início da crise, uma separação entre eles e os investidores que colocaram dinheiro nos empréstimos às duas empresas públicas, feitos pelos bancos CreditSuisse e VTB.

O governo moçambicano, por seu turno, tem procurado agregar todos os credores e negociar a dívida por inteiro, quer seja através dos empréstimos de empresas públicas, quer seja pela emissão de dívida pública, no ano passado.

O escândalo das dívidas ocultas rebentou em abril de 2016, com a divulgação pelo Wall Street Journal de um empréstimo escondido de 622 milhões de dólares da ProIndicus e de mais 535 milhões da MAM, ambos com garantias do Estado moçambicano.

A oposição são-tomense acusou hoje (30) o governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada de pretender "instaurar um regime de medo" e de "bufaria desavergonhada" no país, ao submeter para aprovação do parlamento o projecto de Lei de Segurança Interna, noticiou a agência Lusa.

 

"O teor do artigo 7.º desta Lei é um caminho aberto para o exercício da bufaria de forma desavergonhada, num estado de direito democrático como o nosso", acusou Danilson Cotu, líder da bancada parlamentar do Partido da Convergência Democrática (PCD), segunda força política da oposição. O projecto de Lei de Segurança Interna tem 35 artigos, foi aprovado na sessão parlamentar de ontem (quinta-feira) com os votos da maioria do Acção Democrática Independente (ADI) e segundo fonte parlamentar, "vai a promulgação do Presidente da República na próxima semana".

O artigo 7.º da Lei de segurança Interna impõe "deveres especiais de colaboração" aos funcionários, agentes do Estado ou qualquer pessoa colectiva de direito público, bem como os membros dos órgãos de gestão das empresas públicas ou com capitais públicos, que têm o especial dever de colaborar, activamente, no desenvolvimento das actividades de Segurança Interna.

"Os indivíduos investidos em lugares de direcção, chefia, inspecção ou fiscalização de qualquer órgão ou serviço da Administração Pública têm o dever de comunicar, imediatamente, às Forças e Serviços de Segurança, os factos de que tenham conhecimento, no exercício das suas funções ou fora delas, e que consistam em quaisquer actos de preparação, tentativa ou consumação de quaisquer crimes, especialmente crimes violentos ou praticados de forma organizada", refere o texto.

O incumprimento destes "deveres especiais de colaboração", nos termos da Lei de Segurança Interna são-tomense implica "a violação dos deveres impostos (…) é susceptível de fazer incorrer o infractor em responsabilidade criminal e disciplinar, nos termos da lei".

"Esta lei poderá remeter-nos a um regresso ao passado, dos tempos da ditadura, dos tempos da PIDE e da bufaria, principalmente preocupa-nos esse aspecto da bufaria", referiu Danilson Cotu. A discussão do projecto levou à troca de acusações entre o ministro da Defesa e Administração Interna, Arlindo Ramos, e os deputados da oposição.

"Bufaria não se institucionaliza, bufaria é um ato voluntário", disse o ministro. "O senhor fala como especialista na matéria" respondeu o deputado Danilson Cotu.

"Eu sou especialista oficialmente, fui do quadro da segurança do Estado, não tenho vergonha nem o receio de dizê-lo publicamente, agora é pena que alguns o tenham feito clandestinamente", retorquiu Arlindo Ramos.

Outro diploma aprovado pelos deputados são-tomenses, mas por unanimidade, é a lei sobre cibercrime, que considera a Internet como um "mundo sem leis", cujos "actos ilícitos praticados por esse meio acabam saindo da esfera virtual e penetrando na esfera jurídica".

O executivo defende que é cada vez mais crescente o número de pessoas ligadas através da internet, pelo que "se torna necessária a intervenção do Estado de forma a coibir práticas que ultrapassem o limite da esfera de liberdade alheia".

O diploma aprovado estabelece penas de prisão de até cinco anos e multa de 300 dias para autores comprovados da prática de cibercrime e outras disposições penais materiais e processuais.

A referida lei contempla ainda "as disposições relativas à cooperação internacional em matéria penal, relativas ao domínio do cibercrime e da recolha de prova em suporte electrónico, relativa a ataques contra sistemas de informação, e adaptando o direito interno às convenções internacionais sobre o cibercrime".

A Direcção Comercial da Imogestin informa que o início do processo de candidaturas aos Projectos Habitacionais do Estado (PHE), anteriormente previsto para a última semana deste mês foi alterado para o dia 6 de Julho (próxima quinta-feira), por “razões de natureza técnica”.

 

Os interessados a aderirem às habitações para as urbanizações do Capari e Km 44, numa primeira fase, no segmento de venda ao público livre, deverão obter mais informações actualizadas no portal da empresa (www.imocandidaturas.co.ao).

A Imogestin agradece, desde já, a compreensão e colaboração de todos os interessados.

O Presidente de Brasil, Michel Temer, enfrenta hoje (30) uma série de protestos convocados por sindicatos de trabalhadores contra as reformas económicas propostas pelo seu governo.

 

Os movimentos de trabalhadores tentam contrariar as mudanças no sistema laboral e também no sistema de pensões do país, actualmente em debate no Congresso brasileiro. Alguns sindicatos também pedem a renúncia do Presidente, que foi acusado esta semana pelo Procurador-geral, Rodrigo Janot, de corrupção passiva.

A Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), as duas maiores centrais sindicais do país, acreditam que a adesão dos actos previstos para hoje será menor do que a adesão de uma greve geral realizada em 28 de Abril. "Criou-se uma expectativa de que, talvez, não poderá ser confirmada.

O que acontecerá serão manifestações e greves em várias partes do Brasil", disse João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical à agência Efe. A greve vai ser mais um teste para Michel Temer, cujo governo luta para sobreviver depois de passar para a história como o primeiro Presidente brasileiro a ser acusado formalmente de ter cometido o crime de corrupção pelo Ministério Público no exercício do cargo.

As acusações contra Temer têm como base confissões de executivos da JBS, uma das maiores produtoras de carne do mundo, que disseram aos representantes do Ministério Público que a empresa subornava o chefe de Estado desde 2010.