CLIMA. Desde último encontro ministerial lusófono sobre ambiente ?que decorreu em Maputo, membros da CPLP concluem prioridades na cooperação no domínio das alterações climáticas.
Após a última reunião ministerial lusófona sobre Ambiente, realizada há três anos, em Maputo, Moçambique, os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estão ainda a concluir as prioridades a desenvolver na cooperação no domínio das alterações climáticas, reconheceu, na semana passada, uma especialista brasileira. Em declarações à Lusa, a diplomata e subchefe do Departamento de Mudança do Clima do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Patrícia Leite, garantiu que as autoridades brasileiras estão dispostas a apoiar acções de formação em vários Estados-membros da CPLP, mas que, para tal, é necessário conhecer as experiências de cada um dos ‘nove’.
Patrícia Leite falava à Lusa no final dos três dias do I Seminário do Núcleo Lusófono da Parceria para a Transparência nas Alterações Climáticas, que decorreu na sede da CPLP em Lisboa, Portugal, na presença de responsáveis de todos os países da comunidade – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
O seminário foi organizado pela presidência brasileira da CPLP, no quadro do tema eleito pelas autoridades de Brasília sobre ‘CPLP e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’, tendo como pano de fundo o 13.º marco dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o combate à mudança do clima.
“Ainda estamos na etapa de conhecer um pouco mais as experiências de cada país. Daí o seminário. Os Estados-membros da CPLP pertencem a grupos diferentes e nem sempre temos a oportunidade de estarmos todos reunidos. Por outro lado, é um seminário em português, o que é muito raro, porque os encontros, normalmente, são a nível regional e o inglês e o francês são as línguas dominantes”, explicou.
“O Brasil vai apoiar acções de formação nos países da CPLP. Vamos seleccionar as acções futuras, priorizá-las e executá-las. O caminho comum é a flexibilidade, sabermos que estamos numa negociação (sobre o clima) em que há perfis totalmente diferentes, relacionados com as fontes de emissão (de gases), de capacidades, de apoio, tendo como pano de fundo o Acordo de Paris”, acrescentou.
Questionada pela Lusa, Patrícia Leite escusou-se a comentar a ausência de reuniões dos ministros do Ambiente da CPLP (a última realizou-se em Maputo em 2014), sucessivamente adiadas por falta de quórum dos Estados-membros. “Que há um interesse nessa agenda há, mas faz agora três anos que não há reuniões. A presidência brasileira entendeu que havia um interesse das outras partes também.
Há um interesse nosso, mas percebemos que tem de ser dado um novo impulso nos outros Estados-membros a essa agenda ambiental. Há o interesse em avançar para um maior intercâmbio”, acrescentou.
Sobre um eventual impacto na cooperação lusófona nesta temática pela saída dos Estados Unidos dos Acordos de Paris, assinados em 2016, Patrícia Leite lamentou a decisão anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, mas sublinhou que a reacção adversa da comunidade internacional acabou por traduzir-se num maior empenho de todos os actores.
“Este é o momento de se ir buscar mais envolvimento. Logo a seguir ao anúncio (de Trump), houve uma repercussão a nível internacional quase unânime em mostrar uma preocupação com a decisão, ao mesmo tempo em que se pediu um maior envolvimento na execução do Acordo. É lamentável, pois os EUA são um actor fundamental e é importante que se mantenham num processo que é irreversível”, concluiu.
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