Valor Económico

Valor Económico

O Banco Nacional de Angola (BNA) autoriza que os bancos disponibilizem divisas aos operadores económicos envolvidos na exportação e reexportação de mercadorias, num diploma que regula esse tipo de transacções, informou esta semana, a Angop.

 

O documento determina que a totalidade da receita em moeda estrangeira resultante de cada operação de exportação deve ser depositada numa conta bancária em moeda estrangeira titulada pela entidade exportadora.

Esta, prossegue o documento, pode deduzir ao valor total das operações de remessa de bens e serviços, para o estrangeiro, os valores relativos às comissões e despesas como fretes, seguros ou outros encargos legítimos inerentes às operações efectuadas.

A moeda estrangeira resultante da actividade de exportação só pode ser utilizada pelo titular da conta para pagamentos relacionados com a actividade de exportação ou para fazer uma aplicação financeira junto de instituições bancárias em que os fundos se encontrem domiciliados.

A moeda estrangeira resultante da actividade de exportação pode ser ainda utilizada para a compra de moeda nacional, visando o pagamento de despesas com residentes cambiais. Já os pagamentos em moeda estrangeira pela entidade exportadora a entidades não residentes cambiais no estrangeiro ficam sujeitos às regras gerais aplicáveis.

O Presidente José Eduardo dos Santos, deslocou-se hoje (3) para Espanha, em visita privada, segundo informou a Casa Civil do Presidente da República.

 

De acordo com uma nota de imprensa distribuída nesta segunda-feira, o chefe de Estado deixou Luanda com destino a Barcelona, Espanha, em cumprimento da sua agenda pessoal previamente estabelecida.

José Eduardo dos Santos esteve durante 28 dias em Espanha, em Maio passado, também em visita privada, ausência que suscitou, na altura, vários rumores sobre o seu estado de saúde.

DISTINÇÃO. Revista norte-americana Time fez recentemente selecção dos mais importantes livros de gestão das últimas décadas, com temáticas muito voltadas para empreendedores. O VE destaca pelo menos 15 das obras analisadas pela Times.

 

The Age of Unreason (1989), Charles Handy

 Tradução: “A Era da Irracionalidade”

A Era da Irracionalidade Charles Handy e Handy, então um professor visitante da London Business School, descreve na obra as dramáticas mudanças que estavam a ocorrer no quotidiano e no ambiente de trabalho no final da década de 80. As novas tecnologias e a diminuição dos postos de trabalho de período integral, entre outros, fizeram com que fosse necessário abandonar as velhas regras e experimentar novas maneiras de trabalhar uns com os outros. Segundo a revista Times, o livro do professor só cresceu em importância nas décadas seguintes à sua publicação. A ascensão da internet, o crescimento da terciarização e a explosão das redes sociais provaram que sua interpretação dos fatos estava incrivelmente precisa.

Built to Last: 1994, Jim Collins e Jerry Porras

Tradução: “Feitas para Durar: Práticas Bem-sucedidas de Empresas Visionárias”

Essa pesquisa seminal com 18 companhias visionárias, como Disney, 3M e Sony tenta revelar as práticas que levaram essas companhias a se destacar, segundo a análise da Times. Os professores de negócios de Stanford, Jerry Porras e Jim Collins, descobriram que, ao contrário do senso comum, as empresas mais bem-sucedidas não são lideradas por presidentes extraordinários. Ao contrário, o que elas têm em comum é uma forte cultura corporativa. Por outras palavras, contratam profissionais brilhantes e permitem o seu desenvolvimento.

Competing for the Future (1996), Gary Hamel e C.K. Prahalad

Tradução: “Competindo para o Futuro”

Neste livro, Hamel e Prahalad propõem um conceito mais amplo para a definição de estratégia de negócios, uma redefinição que desde então se consolidou como a mais aceita, na visão da revista Times. Segundo a revista, os autores mostram como a planificação estratégica é necessária a todo tempo, não apenas durante pequenos intervalos nos negócios regulares da empresa. Entre os ensinamentos chave do livro está a necessidade de cultivar suas principais competências para não somente se adaptar aos novos tempos, mas também se antecipar às mudanças.

Competitive Strategy: Techniques Analyzing Industries and Competitors (1980), Michael E.Porter

Tradução: “Estratégia Competitiva-técnicas para análise de indústrias e da concorrência”

Por três décadas, este livro de Michael Porter tem sido o ponto de partida para os administradores que querem maximizar o lucro das respectivas empresas num mercado competitivo. O professor da Harvard Business School lista cinco forças competitivas básicas, que condensam e simplificam a complexidade da indústria e são tão relevantes hoje, como em 1980. Com ferramentas passo a passo para ajudar os gestores a seleccionar novas indústrias e a prever como o mercado evoluirá, Porter lista três factores competitivos básicos: custo, diferenciação e foco.

Emotional Intelligence (1995), David Goleman

 Tradução: “Inteligência Emocional”

O que pode explicar o facto de algumas pessoas com alto QI não se darem bem, enquanto outras de QI mais modesto terem um desempenho surpreendentemente bom?, questiona o autor da obra, citados pela revista Times. Características como autocontrole, persistência e motivação são conhecidas como inteligência emocional. Sem elas, escreve Goleman, carreiras são comummente destruídas desnecessariamente. Há esperança, no entanto, “Temperamento não é destino”, escreve o autor. O autor explica que um maior QI emocional pode ser desenvolvido. Persuasivas, as ideias que o autor introduz se tornaram, desde então, meios para treinar o comportamento dos empregados e habilidades de administração.

The E-Myth Revisited: 1985, Michael E. Gerber

Tradução: “O Mito Empreendedor”

O mito a que este livro se refere é o comum. No entanto, o que se procura transmitir é a presunção de que uma pessoa que se sobressai tecnicamente ao trabalhar numa empresa irá chegar ao topo do comando do seu próprio negócio. Gerber destrói o mito mostrando que, além de ser um técnico, um homem de negócios de sucesso precisa também ser um bom gerente e um empreendedor com visão de futuro para a companhia.

The Essencial Drucker (2001), Peter Drucker

Tradução: “Essencial de Drucker”

Com uma sólida carreira de quase 60 anos, Peter Drucker, falecido em 2005, praticamente inventou a teoria da administração, segundo a análise da Times. Durante uma boa parte do XX, o autor foi o ‘querido’ dos CEOs, aconselhando de Alfred Sloan, lendário ex-presidente da General Motors, a Andy Grove, ex-CEO da Intel. Consagrado por conseguir pensar à frente do seu tempo, com mais de 30 livros publicados, talvez o melhor seja começar com esta versão condensada para compreender o pensamento de Drucker, uma poderosa selecção feita por ele mesmo em 2001.

The Fifth Discipline: (1990), Peter Senge

Tradução: “A Quinta Disciplina”

A epifania para a criação deste livro surgiu durante uma manhã quando Peter meditava, segundo assinala a revista Times. Senge, que fundou o Center for Organizatinal Learning da Sloan School of Management, do MIT, baseou a sua obra em cinco disciplinas, ou competências, que devem ser desenvolvidas pelas empresas. Mas o coração do livro, segundo a revista Times, é a quinta disciplina, baptizada de pensamento sistemático, que envolve a análise do complexo sistema de relacionamentos, removendo os obstáculos para o aprendizado genuíno.

First, Break All the Rules (1999), Marcus Buckingham e Curt Coffman

Tradução: “Primeiro Quebre todas as Regras”

De acordo com a revista Times, este livro encoraja os gestores a abandonar as técnicas para formar lideranças que pretendem ser úteis para todas as pessoas. Os consultores da Gallup Buckingham e Coffman fizeram mais de 80 mil entrevistas e descobriram que os melhores gestores são aqueles que escolhem as pessoas certas para o trabalho certo. Entre outras lições da obra estão o tratamento humano aos funcionários e a orientação para ressaltar os pontos fortes dos profissionais ao invés de suas fraquezas.

The Goal (1984), Eliyahu Goldratt

Tradução: “A Meta”

O livro de Eliyahu Goldratt’s é atípico entre as obras de administração por pelo menos duas razões. Primeiro, Goldratt não era um titã da indústria, não leccionava numa escola de negócios, nem actuava como consultor, mas sim como médico. Em segundo lugar, “A Meta” é um livro de ficção centrado no gestor Alex Rogo, que tem três meses para transformar uma planta industrial que não gera lucro em uma operação eficiente. Rogo usa os métodos socráticos para ajudar a melhorar o seu casamento e depois para revolucionar a fábrica

A questão sobre o financiamento aos concorrentes para as eleições foi o mote para a conversa com Augusto Santana, antigo director do Instituto Eleitoral da África Austral (EISA). Defende que o valor é irrisório, mas entende que os partidos deviam ser os primeiros a perceber a razão.

 

O Governo aprovou uma verba para a campanha eleitoral dos cinco partidos e uma coligação. Pela sua experiência na cobertura de processos eleitorais, o montante é suficiente?

O Governo aprovou 1.040.000.000,00, cerca de 6,2 milhões de dólares. Acredito que é a verba possível num momento em que se pede contenção a todos. Na verdade, os políticos deveriam ser os primeiros a demonstrar tal comportamento. Na região da SADC, os partidos políticos obtêm os seus fundos de cinco fontes diferentes: do Estado, de doadores internacionais, do sector privado, de fundos próprios e, numa proporção menor, através da contribuição dos seus membros. O financiamento dos partidos políticos tornou-se uma característica das democracias recentes, embora esse financiamento tenha como consequências um relaxamento dos mesmos na busca de fundos de outras fontes. O financiamento pelo Estado é importante em países com história de partidos únicos, onde a concentração da riqueza é muito evidente em certos grupos com ligações ao poder e onde os empresários, por várias razões, receiam apoiar a oposição. Portanto, é uma forma de tentar encontrar algum equilíbrio. Na SADC, também a África do Sul, Malawi, Moçambique, Namíbia, Seychelles, Tanzânia e Zimbábue, providenciam fundos do Estado. Quanto à verba atribuída, cerca de um milhão de dólares por partido, se olharmos para os custos reais no nosso país, temos de dizer que não é suficiente, pois os partidos terão custos com transporte, comunicações, propaganda, logística, etc. Para um país com a dimensão de Angola, definitivamente a verba é insignificante. Todavia, é preciso lembrar aos políticos que os salários dos seus eleitores também são insignificantes e eles têm de viver com eles. Faltam recursos nos hospitais, nas escolas e noutros lugares. Portanto, terão de ajeitar-se com este valor. A maior parte dos países citados acima providencia montantes muito abaixo de milhão de dólares.

Mas num país em crise e com os salários que se conhecem, pode-se esperar que os partidos sobrevivam de contribuições dos seus militantes, como diz?

Se não houvesse fundos públicos, os partidos encontrariam fundos. Os salários da RDC também são maus, mas os apoiantes suportam os seus candidatos. Só a título de exemplo, nas últimas eleições, os candidatos às eleições presidenciais tinham de depositar 50 mil dólares não reembolsáveis para concorrer e houve 33 candidatos. Ninguém se queixou da falta de dinheiro para concorrer. E no Congo Democrático não há fundos públicos para os partidos participarem nas eleições. Os políticos têm de perceber que, quando se pedem sacrifícios aos cidadãos, eles têm de ser os primeiros a dar o exemplo. A maior parte das famílias está a viver a era do consumo do frango congelado. Foi uma adaptação em função da falta de recursos. Os partidos terão de se preparar para fazer também adaptações. Mas também é necessário combater a cultura que muitos militantes têm, que, ao invés de contribuir para a saúde financeira do partido, vivem agarrados que nem parasitas ao próprio partido, tentando sugar o máximo de recursos. É uma prática que os próprios partidos têm de eliminar.

Os cidadãos votam nos partidos mas parece haver a ideia quase generalizada de que estes não merecem o financiamento público. Porque será?

Acredito que tenha que ver com o facto de que aos cidadãos se pedem sacrifícios extremos, ao mesmo tempo que se financiam iniciativas que, em sua opinião, não são suficientemente importantes. Infelizmente, de alguma forma, as pessoas não conseguem associar directamente a melhoria da sua vida à existência de coisas como partidos, democracias, etc. Isso precisa de ser explicado. A consciência pública de que é importante que o Estado financie os partidos, e também a sociedade civil, virá com o tempo, quando se perceber que, investindo na democracia, numa governação transparente e aberta, toda a sociedade sai a ganhar. Contudo, é um processo que encontra resistência em quase todo o mundo. Cada vez mais os eleitores têm a percepção, e pode não ser correcta, de que os partidos existem para resolver os seus próprios problemas e não os problemas do povo.

A desproporcionalidade de meios entre o partido no poder e a oposição denota concorrência desleal?

É uma pergunta complexa que não tem uma só resposta. Se levarmos isso assim à letra, acabaremos por descobrir que o partido A é desleal em relação ao B, e o B é desleal em relação ao C. Por esta razão é que a atribuição de recursos por igual durante a campanha é uma boa prática. Esta desproporcionalidade existe em todo o mundo, sobretudo em países, como referi, em que, por razões históricas, os recursos económicos e financeiros estão concentrados em pessoas com determinadas simpatias políticas, geralmente ligadas ao poder. Os partidos têm de encontrar maneiras para contrapor essas vantagens teóricas dos seus adversários. Se um tem dinheiro, o outro, em princípio, deverá ter melhores ideias para convencer as pessoas, e vice-versa. Podem até, se calhar, usar o próprio argumento da concentração do poder económico. O problema começa quando um partido utiliza meios do Estado para fins partidários, como, na verdade, acontece não só na região da SADC, como em todo o lado. Por exemplo, na Namíbia, houve um caso em que a oposição reclamou que o partido no poder estava a usar helicópteros militares na campanha. A SWAPO respondeu dizendo que estava a pagar pelo serviço, só que o serviço era de longe mais barato que o preço do mercado. Há esse tipo de expediente que dá vantagem a determinados concorrentes. Acho que a resposta está na aprovação de legislação que puna essas práticas e excessos. Só que o problema, na maior partes dos países, se coloca precisamente na falta de independência do poder judicial.

Muitos concorrentes não justificaram a forma como gastaram as verbas atribuídas. Como se pode contornar essa questão da transparência?

Os órgãos encarregados de supervisionar a aplicação das verbas para os fins a que se destinam deveriam cumprir a lei: responsabilizar quem tenha usado mal os recursos. É necessário que sejam dados exemplos, não só em relação à campanha, mas a tudo. Já agora, era necessário criar verdadeiros mecanismos de monitorização de utilização dos recursos do Estado para fins partidários na campanha ou não. Mas acho que isso é um problema mais profundo, porque o uso de recursos públicos para fins privados é uma cultura que se instalou na nossa sociedade. Quantas vezes não vemos funcionários a utilizarem os telefones das instituições para ligações privadas, o uso de fotocopiadoras para brochuras escolares? Precisamos de vencer tudo isso. E há a corrupção, que é um mal que alimenta todas essas práticas. Se não acabarmos com a corrupção, ela acabará connosco.

Como encara esta pré-campanha eleitoral? Está a corresponder às suas expectativas?

Para ser sincero, já não tenho expectativas em relação a muita coisa. Deve ser da idade. Já ouvi tanta coisa que não aconteceu, já me prometeram tanta coisa que nunca foi concretizada, que já nada me impressiona. Contudo, olhando para os programas a que tive acesso, dá para perceber que é mais do mesmo. São um conjunto de promessas, na maior parte dos casos, irrealizáveis, porque não há, na maior parte delas, condições de implementação; não dizem como vão conseguir o dinheiro para realizar tudo o que se promete; não há indicadores de avaliação das metas; são bastante vagos. Para piorar, no nosso modelo, os partidos e candidatos não são responsabilizados por promessas não cumpridas. Enfim, não passa de uma campanha eleitoral tipicamente africana: promessa por promessa, critica por crítica, ataques e contra-ataques e, nalguns casos, violência. Sei que é um processo de aprendizagem, mas acho que África precisa de andar rápido, pois há dinâmicas que precisam acertar para rapidamente concentrar-se naquilo que é de facto importante: promover um verdadeiro desenvolvimento humano para os africanos.

O Instituto Eleitoral da África Austral (EISA), do qual foi director em Angola, foi bastante activo na observação de processos eleitorais em vários países. Porque fechou os seus escritórios em Angola?

É verdade. O EISA fez um grande trabalho. Na altura, levámos muitos angolanos de várias instituições e partidos a observar eleições, a conhecer as dinâmicas eleitorais, tanto políticas, administrativas, logísticas, etc. Foi muito importante. Não sei porque fechou o escritório em Angola. Quando fechou, eu já não fazia parte dos seus quadros, pois, nessa altura, tinha um contrato com o PNUD.

A EU pretendia observar a pré-campanha eleitoral no país, mas a CNE respondeu que a lei permite fazê-lo apenas durante a campanha. Manobras ou apenas cumprimento da lei?

Não, não foi manobra. A lei diz mesmo que a observação eleitoral inicia 30 dias antes da data das eleições. Acho que o que certos observadores queriam era que a CNE encontrasse um expediente para que eles fizessem observação de longa duração. Isso seria ilegal. Acredito que a CNE é suficientemente séria para não entrar nesse tipo de expediente. Acredito que, para as eleições de 2017, já não seja possível fazer grandes alterações, mas, no futuro, serão necessárias mudanças na lei para que abarque questões como a observação eleitoral de longa duração, incluindo o modelo de CNE ou modificações do sistema eleitoral.

A conclusão dos observadores raramente é consensual ou aceite nos países em que actuam. Vê diferença na objectividade, digamos assim, dos observadores europeus e africanos?

Não. Hoje, a observação eleitoral é como se fosse uma ciência. É feita de forma objectiva e criteriosa. Há as normas e padrões, as ´check-lists´ e tudo mais. Isso é baseado na legislação e nos códigos de conduta. O que acontece é que alguns observadores vêm já com ideias preconcebidas para apoiar uma ou outra parte. Neste caso, já não há objectividade. É como quando um árbitro, que vai apitar uma partida convencido de que uma determinada equipa deve ganhar ou perder. Não vamos ser ingénuos e acreditar que todos os observadores estão imbuídos de boa-fé. Mas, de uma maneira geral, nos últimos tempos, eles têm feito bom trabalho. É apenas necessário que os distintos actores, incluindo as comissões nacionais eleitorais, estejam próximo das delegações e lhes prestem o maior apoio possível. Outro aspecto, que é necessário sempre ter em conta, são as recomendações que os observadores produzem. Todos os actores no processo devem tentar estudá-las, debatê-las e, onde necessário e justificável, adoptá-las. Tudo isso não impede o questionamento técnico à equipa de observadores e, se necessário, corrigi-los. Ninguém é dono da verdade.

Defende a criação de uma lei que imponha limites no financiamento de partidos políticos, em particular de campanhas eleitorais?

Sim. Embora considere que os limites como tal não resolveriam todo o problema. Era preciso também assegurar e monitorar a origem dos recursos, e fortalecer os mecanismos contabilísticos e de prestação de contas.

Vê a sociedade civil angolana a contribuir para essas eleições?

Sim, como sempre. A sociedade civil tem sido aquela parte que cumpre escrupulosamente com as suas obrigações eleitorais: regista-se, vota, aceita os resultados, etc. Do ponto de vista da sociedade civil mais restrita, ou chamada organizada, aí sim, há as limitações inerentes à sua independência, à falta de recursos, à capacidade técnica para implementar os seus projectos no âmbito das eleições. Como disse, somos todos aprendizes de democracia, e a nossa estrada será feita caminhando. Portanto, à medida do possível, a imprensa, igrejas, ONG, líderes de opinião, movimentos, empresas, etc., cada um, dentro dos seus interesses e do contexto em que vivemos, vai contribuir para a realização exitosa das eleições em Angola. Costumo dizer que Angola é um país pós conflito e a acção de qualquer actor tem sempre de ter em conta este aspecto. Todos nós, CNE, partidos, Governo, Parlamento, observadores, jornalistas, forças de defesa e segurança, tribunais, etc., devemos ser cultores da paz e da reconciliação nacional. No processo de consolidação da democracia, eleições livres justas, transparentes etc., são apenas mais um pilar entre muitos outros, na construção da paz verdadeira.

Disse recentemente numa palestra que existem processos bem elaborados em Africa. O que é que Angola pode aprender com alguns países africanos em matéria de processo eleitoral?

Há muitas coisas que Angola pode aprender. Por exemplo, no estabelecimento e gestão de comissões nacionais eleitorais realmente independentes; na gestão, administração e logística eleitoral; na cobertura de processos eleitorais pelos media, só para citar alguns. Angola continua a ter um modelo de realização de eleições bastante oneroso. Alguns destes custos poderiam ser minimizados se houvesse maior confiança nas pessoas e nas instituições que conduzem os processos, por exemplo. E como se ganha essa confiança? Como se transmite a confiança? Há muitas experiências para adquirir. E não me refiro apenas à CNE, mas a todos os actores. Angola pode ainda aprender no aprofundamento das questões políticas inerentes à negociação, prevenção e gestão de conflitos. Por exemplo, poderia adoptar os painéis eleitorais de mediação de conflitos. Deixe-me dizer algo que aprendi ao longo dos muitos anos de observação eleitoral: África necessita de encontrar modelos, como alguns países já têm estado a ensaiar, de melhor repartição da riqueza, da acomodação dos múltiplos interesses nacionais. Quem ganha as eleições deve respeitar os vencidos e permitir que eles continuem a desenvolver a sua acção dentro do quadro constitucional e legal sem restrições. Quem perde tem de perceber que, trabalhando mais, poderá chegar ao poder e implementar os seus programas, e que o mundo não termina após a derrota eleitoral. Cada vez mais, os problemas que surgem nas eleições são mais os resultados que questões políticas mal resolvidas, do que derivadas de aspectos administrativos, logísticos ou legais das eleições. As eleições não podem continuar a ser o jogo do tudo ou nada.

INOVAÇÃO. Não precisa de fios para ser puxado. Criado pela holandesa OVG Real Estate, o Multi anda também na horizontal. Trata-se das últimas inovações de transportes via campo magnético.

 

O primeiro elevador sem cabos do mundo já está em fase de testes. A ideia veio do grupo ThyssenKrupp, que mostrou este elevador no final da semana passada e até já tem um cliente. A holandesa OVG Real Estate, especialista em construir edifícios sustentáveis e inovadores, comprou a ideia e vai instalar o Multi em Berlim.

O elevador vai servir a Torre Leste, com 160 metros – um dos edifícios mais icónicos da capital alemã.

O segredo para este ascensor está na levitação magnética. É através de um campo electromagnético que o elevador se consegue manter no sítio e não precisa ser puxado por um cabo, já que é impulsionado pelas forças atractivas e repulsivas do magnetismo. O motor é distribuído ao longo do percurso, não havendo necessidade de ter uma área para agregar as máquinas do elevador.

Além disso, esses elevadores permitem aumentar o tamanho dos edifícios, já que grande parte da área de grandes arranha-céus é ocupada pelos poços dos elevadores e pelos equipamentos que os comportam.

A Thyssenkrupp também já investiu 40 milhões de euros numa torre própria para testar os novos elevadores. São 246 metros só para ter estruturas elevatórias que façam uma trajectória vertical, mas também horizontal. A ideia é que este sistema se assemelhe a um sistema ferroviário no mesmo edifício, com vários ascensores no mesmo percurso.

A Torre de Luz (Aufzugstestturm), situada em Rottweil, na Alemanha, tem um pêndulo com 240 toneladas que, quando activado, faz o edifício oscilar até meio metro para cada lado. Isso irá permitir medir o comportamento dos cabos de aço dos elevadores em edifícios que oscilam com a força o vento. Mas é no interior da Torre que está a ‘magia’. Lá dentro, 12 tubos fazem os testes dos novos elevadores. Estão preparados para impactos de até 40 toneladas a 160 km/h. A torre tem ainda instalado um centro tecnológico com 80 engenheiros.

Nos últimos três anos, este grupo alemão já gastou 200 milhões de euros em investigação. A empresa acredita que este projecto estará disponível entre três e cinco anos.