“A pecuária não está a ser tratada com a dignidade que merece”
Critica a postura da banca, face à resistência desta em conceder crédito à pecuária. E acredita que a implementação efectiva de programas como o Planapecuário e o Planagrão levaria o país à autossuficiência na produção de carne. Lamentando, no entanto, que o nível de execução desses programas seja “zero”, defende penas mais gravosas para o roubo de gado.

Frequentemente, criadores de gado da região Sul queixam-se de problemas. Como é que está a situação das cooperativas?
A situação não é muito boa, também não é muito má. Portanto, algumas empresas estão melhores, outras estão piores. É evidente que há um esforço grande, pelo Governo, para se criar realmente uma pecuária sustentável e que permita evitar as importações. Cada um, do seu modo, está a trabalhar nesse sentido, com muitas dificuldades. Como sabe, este aumento [do preço] do gasóleo não vai ajudar em nada, na medida em que trabalhamos com gasóleo; nas fazendas não há energia, não há estrada, temos senhores a fazer as estradas com as máquinas que também consomem gasóleo, dióxido, etc. Portanto, as dificuldades são muitas.
Ou seja, prevê um aumento considerável dos custos de produção?
Os nossos custos de produção são muito elevados, mas depois também temos um limite na venda de carne. Se vendemos mais caro, sai mais barato importar e, portanto, as pessoas compram importado. Há aqui um desequilíbrio grande contra nós. Estamos a tentar combater isso, mas não é fácil. Temos sempre uma baliza que é o custo do material importado. Não conseguimos vender para justificar os custos de produção, as pessoas que importam são as privilegiadas. Mas os nossos custos de produção são substancialmente mais elevados que os outros que importam, porque têm apoios estatais, têm energia, têm água, têm abundância. Enfim, têm benesses que nós, de facto, não temos. E, portanto, isso cria bastantes constrangimentos.
Está a dizer que os apoios são dados apenas aos importadores?
Sim! Parece que há mais vontade de se continuar com a importação do que no apoio aos produtores nacionais. Um país que se quer ver competitivo internamente deve chamar os seus reais produtores, conhecê-los e dar-lhes o devido apoio. [Os importadores] têm uma estrutura diferente, têm contabilistas, têm advogados, têm doutores, têm tudo e mais alguma coisa. E com esses não há problema nenhum.
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