DEPOIS DAS CRÍTICAS, SALAS APINHADAS

Museu de Moeda com 500 visitas por dia

CULTURA. Houve quem criticasse a abertura do Museu da Moeda por “não ser prioritária”. Ainda assim, passados três meses, o volume de procura obrigou à suspensão das visitas em grupo. Sem pagar nada, quem quiser aprender a história da moeda angolana só precisa de lá ir entre terça-feira e sábado, das 9 às 15 horas.

As visitas individuais ou em grupos não superior a dez pessoas não precisam de ser anunciadas no Museu da Moeda. Basta chegar. Não precisam de levar nenhum documento. Na recepção, apenas se preenche uma ficha em que se solicita a idade, a nacionalidade e a ocupação do visitante. O Museu da Moeda, situado na Marginal de Luanda, junto à sede do BNA, está aberto de terça-feira a sábado. Com excepção de sexta-feira, em que fecha meia hora mais cedo, fica aberta das 9 às 15h30.

DENTRO DO MUSEU

Com uma estrutura subterrânea, o Museu da Moeda possui dois andares abaixo do nível do solo. À entrada, antes mesmo de chegar à recepção, o visitante passa pela sala de exposição temporária. Este local, que actualmente se encontra desocupado, destina-se à realização de diferentes exposições temáticas. Transposta a sala, na recepção, preenche-se a ficha de visitas, seguindo-se uma pequena conversa com o guia que, entre outros aspectos, enumera as regras sobre as quais se devem basear a visita: as pastas ficam na recepção; não se deve fotografar com ‘flash’, nem com máquinas profissionais e, o mais importante, não se deve tocar em nada.

Definidas as regras, entra-se na sala de exposições permanentes. Este compartimento, que possui mais de 50 metros quadrados, é dividido em duas partes. Na primeira, estão expostos materiais que contam a história do BNA e da evolução da moeda nacional. Entre livros de registos de depósito à ordem, além de um ‘livro negro’ contendo a lista (não divulgada) de clientes e bancos que devem ao BNA há décadas, a sala exibe a primeira ‘família’ do kwanza que entrou em circulação em Janeiro de 1977. Antes de se chegar aos kwanzas, no entanto, passa-se por alguns dos primeiros instrumentos/produtos usados como símbolos monetários no território que se viria a chamar Angola. Nesta lista, destacam-se os cauris que, sendo pequenos búzios maioritariamente vindos do oriente de África, eram usados como moedas no Reino do Congo. Entre manilhas feitas de cobres e usadas como ‘dinheiro’ nas populações do leste, o visitante cruza com o reis: a primeira moeda metálica fabricada em Angola, entre 1693 e 1694. Depois se vê a macuta e o escudo, que foi a última moeda a circular antes do kwanza. Além das moedas, na primeira divisão da sala, estão expostas peças e talheres de prata que foram recuperados por um grupo de militares angolanos a 14 de Agosto de 1975. A data de recuperação destas peças, que ocorreu quando um grupo de portugueses pretendia levá-las para a Europa, deu origem ao Dia nacional do Trabalhador Bancário, celebrado a 14 de Agosto, desde de 1980.

A visita ao Museu da Moeda termina na segunda divisão da sala de exposições permanentes. É o local de maior interacção. Perto de dez ecrãs tácteis, que se desbloqueiam com a passagem de um cartão electrónico que fica com os guias, contêm informações sobre a economia angolana e mundial. Se quiser saber sobre como se importa em Angola, por exemplo, o visitante coloca o dedo no ‘slide’ sobre importações. Aparecem dados sobre taxas de importação, os produtos importados no país, bem como os procedimentos sobre os quais se regem. Mesmo as dúvidas sobre a definição de determinados termos e expressões económicas podem ser retiradas nesta sala, através das cerca de dez telas interactivas.

O Museu da Moeda, cuja construção começou em Janeiro de 2013, foi inaugurado a 6 de Maio deste ano pelo Presidente da República.