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POUCO OPTIMISMO COM A REUNIÃO DE VIENA MARCADA PARA O FINAL DO MÊS

OPEP deve deixar tudo na mesma

21 Nov. 2016 Sem Autor Mundo

PETRÓLEOS. A reunião da OPEP, agendada para o final do mês, não deve resultar ?em mudanças significativas na produção do petróleo, de acordo com as avaliações ?do banco suíço Julius Baer e de analistas africanos. Até ao final do ano, o preço do barril deve ultrapassar ligeiramente os 50 dólares.

Após o acordo sobre a redução da produção alcançado pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), em Setembro, a situação continua “complicada” para os membros da África Ocidental da organização que devem negociar duramente em Viena, a 30 de Novembro, prevêem analisas africanos contactados pela revista Jeune Afrique. A reunião vai ainda determinar as quotas de cada país.

Todos concordam que o acordo alcançado em Argel, em Setembro, foi “histórico” para reduzir os volumes de produção, mas que há ainda “um longo caminho a percorrer” antes de o preço do barril de crude - actualmente em torno de 50 dólares – voltar a subir.

Dizem os analistas, em estudo acompanhado por bancos suíços, que a redução foi “marginal”, limitando a produção para um nível entre 32,5 e 33 milhões de barris por dia, contra os 33,24 milhões anteriores.

O corte representa quase o aumento da produção de um ano os mesmos países da OPEP. Há analistas que defendem que o Irão tem de ser excluído do acordo para conseguir alcançar os níveis de produção antes do endurecimento das sanções em 2012.

“Se os produtores do Médio Oriente estão dispostos a reduzir os seus volumes para aumentar os preços e os russos para estabilizar, outros países, cuja dependência do petróleo é muito forte, como a Nigéria e Angola, por exemplo, desejam aumentar, em vez de serem isentos de quotas de ligação “, destaca o analista Jubril Kareem, do Ecobank.

De acordo com este especialista, as negociações com a OPEP vão durar meses, por causa da “vontade de perpetuar a alta volatilidade”. “Esperamos um barril em torno de 50,35 dólares, em média, no último trimestre de 2016, um preço ligeiramente superior ao do trimestre anterior”, prevê Ann-Louise Hittle, directora de análise Wood Mackenzie, para quem “este ligeiro aumento não é devido ao acordo com a OPEP, mas simplesmente para baixar novos projectos de insumos de produção”.

“Com este nível de preços, entre os 50 e os 60 dólares por barril, os países africanos vão continuar a sofrer”, alerta Gail Anderson, analista para a África Ocidental da Wood Mackenzie.

“Não vai haver nenhum novo projecto grande em águas profundas no continente por dois anos”, garante, por outro lado, Jubril Kareem, que espera por parte da Nigéria e Angola “uma melhor flexibilidade nas alterações regulamentares e fiscais para que novos projectos possam surgir”.

Neste contexto difícil, as empresas africanas encontram-se em em situações “contrastantes”. “Na Nigéria, aqueles que têm uma carteira diversificada com projectos simultâneos no petróleo e gás vão ser poupados. Mas os outros estão em uma situação difícil”, observa o analista Rolake Akingkugbe , da FBN Capital Limited, que, no entanto, considera que as empresas em África tem tido uma “boa resistência às condições de mercado, com poucas falências”.

Na Suíça, os bancos não prevêem mudanças significativas na produção do petróleo. Um relatório do banco Julius Baer afirma que o “denominador comum para as negociações ainda é pequeno e qualquer negócio poderia entrar em ‘águas turbulentas’ logo após a assinatura do acordo”. O analista Carsten Menke prevê que um acordo para reduzir “significativamente” a produção de petróleo seja “muito improvável”.

O banco suíço está convencido de que a recente vitória de Donald Trump, nas eleições presidenciais dos EUA, provocou uma “grande volatilidade no mercado internacional de metais, mas o de petróleo praticamente não sofreu qualquer impacto”. Para Carsten Menke, a óbvia relutância da maioria dos membros da OPEP em diminuir a produção tem sido mais influente” do que as mudanças políticas. “Sacrificar receitas provenientes da comercialização de petróleo tem sido uma ‘pílula muito amarga’ tomada pela maioria dos Estados que integram a OPEP”, afirma o analista.