ANGOLA GROWING
SITUAÇÃO ESTÁ A IMPEDIR MAIOR CONEXÃO ENTRE OS PAÍSES

Projectos menos avançados nas ligações intra-continente

ÁFRICA. Resposta a estes desafios requer um aumento do investimento em infra-estruturas para melhorar as conexões entre os países africanos, segundo uma análise do BAD.

33064456 991504810974669 4191569995618058240 n

As infra-estruturas de transporte e comunicação para o comércio intra-africano encontram-se menos desenvolvidas do que as infra-estruturas que ligam o continente ao resto do mundo.

A conclusão é de um relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), publicado em 2017, onde se alerta que este cenário prejudica o impacto da integração regional no comércio e no desenvolvimento.

O estudo sugere, por outro lado, que a resposta a estes desafios requer um aumento do investimento em infra-estruturas para melhorar as conexões entre os países africanos.

No entanto, um outro estudo elaborado pela Pwc, sobre as infra-estruturas do continente, detalha que, na região da África Oriental, a situação não é igual em todos os países, ressaltando, por exemplo, que a infra-estrutura rodoviária da Tanzânia é adequada para as suas necessidades comerciais.

“Já a rede ferroviária carece de um investimento considerável após sucessivos anos de negligência deste activo”, destacam os analistas da Pwc, lembrando que, no Uganda, apenas 25% das estradas nacionais são pavimentadas.

A nível da região austral, o estudo classifica as infra-estruturas existentes como relativamente desenvolvidas quando comparadas às de muitos países africanos. Entre os diferentes países, existem contudo variações a nível dos padrões e da qualidade. Neste particular, destaca-se a infra-estrutura de transporte da África do Sul, considerada desde 2012, como a vigésima terceira melhor, de entre os 155 países avaliados no Logistic Performance Index (Índice de Desempenho Logístico) e a mais desenvolvida de toda África.

Contudo, nos demais sectores, o défice de infra-estruturas é considerável, segundo o estudo, apontando, como exemplo, o caso da Zâmbia, onde o acesso à electricidade é de apenas 20%, menos de metade da média do continente.

Na África Ocidental, a infra-estrutura dos transportes é uma das prioridades de investimento na região. O transporte rodoviário é o modelo predominante de transporte, sendo responsável por 80% do tráfego de mercadorias na região.

No entanto, segundo a análise da Pwc, o sector rodoviário é caracterizado por enquadramentos institucionais fracos e escassez de recursos humanos. As regras de partilha de fretes, sistemas de fila de espera, regras antiquadas, cabotagem, regulamentação das ligações intermédias, entre outros aspectos, são apenas alguns dos desafios a nível regulamentar que o sector rodoviário da região enfrenta.

Este cenário é ainda agravado com o aumento do volume de tráfego nas redes viárias. Um estudo concluído em 2008 demonstrou que, em Lagos, 57% dos condutores e passageiros suburbanos desperdiçam entre 30 e 60 minutos na estrada devido aos congestionamentos.

Por outro lado, a Pwc indica, no seu estudo, que, “actualmente, apenas 10 a 15% dos africanos realizam viagens aéreas, mas o crescimento sentido no sector do transporte aéreo da região deverá continuar, graças ao ritmo actual do crescimento económico e à existência de uma classe média emergente”.

O sector da aviação é caracterizado, no entanto, por diversos desafios, com especial relevância para as infra-estruturas deficientes e as preocupações da segurança, indicam ainda os analistas.

Outro aspecto destacado, na análise, tem que ver com a infra-estrutura ferroviária que, segundo a Pwc, tem sido “negligenciada ao longo dos anos”, com vias desactualizadas e encerradas, o que dificulta a integração ferroviária a nível regional.

Apesar de a eficiência e o desempenho dos portos da região continuarem abaixo dos padrões internacionais, estes equipamentos beneficiaram enormemente do investimento estrangeiro, após o forte aumento sentido na procura e a implementação de reformas de carácter institucional, segundo o relatório.

Corredores de transportes multiplicam-se

A criação de corredores de transportes é, cada vez mais, uma preocupação entre os africanos. Na África Oriental, a abertura do LAPSSET (Transporte entre o Porto de Lamu (Quénia), Sudão do Sul e Etiópia), é um dos projectos mais ambiciosos da região.

O corredor terá um custo estimado em 23 mil milhões de dólares e visa melhorar a integração dos três países, promover um comércio transfronteiriço e o crescimento económico na região, segundo o BAD. O projecto inclui a construção de um novo porto em Lamu, no Norte do Quénia, que irá ligar-se a um oleoduto, e um corredor de transporte rodo e ferroviário. À partida, o oleoduto permitirá ao Sudão do Sul reduzir a dependência do Sudão no transporte de petróleo.

No sul, o Projecto do Corredor Rodoviário de Nacala, em Moçambique, prevê proporcionar ao Malawi e à Zâmbia, países encravados, o acesso ao interior de Moçambique. Já o Corredor de Transporte Norte-Sul faz a ligação entre o Porto de Durban e a região mineira de Copperbelt entre a RDC e a Zâmbia, com ramais que fazem a ligação ao Porto de Dar es Salaam e ao Malawi. Todos os corredores visam facilitar o comércio transfronteiriço.