ANGOLA GROWING
César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico

ABATE. Comissão criada para conduzir o processo deu um prazo de 10 dias para receber reclamações de quem tenha qualquer relação jurídica com os aviões afectos aos órgãos auxiliares da Presidência da República.

SITUAÇÃO ECONÓMICA. Coincidência da crise do combustível com outros fenómenos motiva interrogações sobre a capacidade de resposta do Governo. Uma combinação entre greves, seca, desemprego, perda de poder de compra e tendência decrescente das reservas internacionais líquidas funcionam como um verdadeiro alerta.

Os números oficiais ainda são desconhecidos, mas os factos dizem que sim, que a tendência é crescente do número de angolanos a emigrar. Testemunho de angolanos residentes em Portugal, por exemplo, dão conta do aumento de solicitações de conterrâneos para a criação de condições de acolhimento. E no país está cada vez mais fácil encontrar pessoas a manifestar o desejo de deixar o país a qualquer custo e a qualquer altura por culpa de estar cada vez mais difícil contornar as dificuldades determinadas pela actual conjuntura económica, conduzida pela desvalorização do kwanza que, mais do que reduzir a quase nada o poder de compra dos empregados, levou para o desemprego aqueles cujas empresas não resistiram ao fenómeno.

Tudo indica que, infelizmente, os números oficiais mostrarão que o Presidente da República esteve enganado quando, em Março, durante a visita do presidente de Portugal, Marcelo de Sousa, afirmou não serem verdadeiras informações de que aumentou o número de famílias angolanas que emigram.

O expectante é que sejam correctos os dados e factos dominados pelo Presidente da República. Seria melhor para o futuro, considerando o risco da saída dum elevado número de nacionais, quando o país continua a constar do ponto de destino de imigrantes, sobretudo ilegais, de culturas, religião e hábitos diferentes.

Não se trata de um grito xenófobo, mas de um alerta para a necessidade de se analisar a situação com realismo. O que acontece, por exemplo, se os membros de uma determinada família vão deixando a casa por diversas razões e, em sentido contrário, os vizinhos vão chegando? Estes, certamente, apoderam-se da casa.

Há, em Luanda, exemplos do país que se poderá ter , caso não se criem condições para que seja cada vez mais ínfima a possibilidade de o número de estrangeiros no país se aproximar ao dos nacionais. O bairro Mártires de Kifangondo é um exemplo. É a miniatura daquilo que Angola pode vir a ser no futuro, caso a saída maciça de angolanos seja compensada com a chegada de estrangeiros. Hoje, a emigração em massa representa mais perigo do que nos anos 1980 quando também muitos angolanos deixaram o país para se instalarem sobretudo em Portugal. Naquela altura, o país estava em guerra e, como tal, não constava entre os principais pontos de destino de imigrantes. Ou seja, a emigração não era ‘compensada’ com a imigração.

AVIAÇÃO. Construtora europeia pode beneficiar do cancelamento da compra dos aviões da Boeing para, mais uma vez, tentar ter a TAAG no leque dos clientes. Boeing acredita que não se trata de simples coincidência.

AVIAÇÃO. Seis meses depois de ter dado o ‘sim’, Presidente da República recua no negócio de compra de aeronaves, justificando-se com a necessidade de apresentar um estudo mais elaborado. Governo já deveria ter pago 62,9 milhões de dólares, mas está com um atraso de 58,9 milhões. Construtora está decidida em ‘não abrir mão’ destes valores.