César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico

Defende a alteração urgente das políticas macroeconómicas e alerta para a possibilidade de haver convulsões sociais, justificando que as “pessoas não aguentam passar fome”. Empresário e dirigente local do MPLA, Thomasz Dowbor não tem dúvidas de que os privados não funcionam sem o apoio da banca. Por isso, propõe uma redução dos juros, avisando que os bancos têm de apoiar a economia real.

Este mês, Luanda faz história ao ser a segunda cidade africana a acolher o Fórum Mundial do Turismo, depois de Accra, capital do Gana. Está marcado entre 23 e 25, mas a primeira iniciativa teve lugar a 18, com o Presidencial Golf Day (PGD), que se pretende enquadrar no calendário internacional anual dos praticantes desta modalidade de elite, com intuito de ser um canal permanentemente aberto para a ‘caça’ de novos investidores.

Portanto, a realização do fórum é, a todos os títulos, positiva, sobretudo quando o presidente do Fórum Mundial do Turismo, Bulut Bagci, anuncia que, na sequência do evento, vai investir nos próximos anos mil milhões de dólares para apoiar o desenvolvimento do turismo em Angola.

No entanto, existem dúvidas sobre o momento escolhido para Luanda abrir as portas a decisores mundiais do turismo. Poderá ter havido alguma precipitação, considerando que o turismo é, essencialmente, serviços e estes as pessoas e, neste particular, existe um défice considerado. Era necessário mais algum tempo para, no mínimo, minimizar esta lacuna.

Assim como os operadores e empresários dos demais sectores, os do Turismo também estão há cerca de três anos com imensas dificuldades financeiras, a fazer cortes e, sequencialmente, não terão feito investimentos nem em colaboradores e, muito menos, em infra-estruturas.

Também terá faltado tempo para melhor articular algumas actividades do pacote turístico que será vendido durante o evento. O Presidencial Golf Day terá consumido todo esforço e ideias, levando a que se esquecesse, por exemplo, a inclusão da final da Taça de Angola, que coincidentemente será jogada no próximo final de semana. Assim como as casas nocturnas de referência na oferta do kizomba, como o Caminito, Casa da Música ou o Mayombe.

Turismo é o momento, a vivência e, estando a kizomba na ‘boca’ do mundo, é normal que alguns dos presentes quisessem experimentá-la no país de origem.

ABATE. Comissão criada para conduzir o processo deu um prazo de 10 dias para receber reclamações de quem tenha qualquer relação jurídica com os aviões afectos aos órgãos auxiliares da Presidência da República.

SITUAÇÃO ECONÓMICA. Coincidência da crise do combustível com outros fenómenos motiva interrogações sobre a capacidade de resposta do Governo. Uma combinação entre greves, seca, desemprego, perda de poder de compra e tendência decrescente das reservas internacionais líquidas funcionam como um verdadeiro alerta.

Os números oficiais ainda são desconhecidos, mas os factos dizem que sim, que a tendência é crescente do número de angolanos a emigrar. Testemunho de angolanos residentes em Portugal, por exemplo, dão conta do aumento de solicitações de conterrâneos para a criação de condições de acolhimento. E no país está cada vez mais fácil encontrar pessoas a manifestar o desejo de deixar o país a qualquer custo e a qualquer altura por culpa de estar cada vez mais difícil contornar as dificuldades determinadas pela actual conjuntura económica, conduzida pela desvalorização do kwanza que, mais do que reduzir a quase nada o poder de compra dos empregados, levou para o desemprego aqueles cujas empresas não resistiram ao fenómeno.

Tudo indica que, infelizmente, os números oficiais mostrarão que o Presidente da República esteve enganado quando, em Março, durante a visita do presidente de Portugal, Marcelo de Sousa, afirmou não serem verdadeiras informações de que aumentou o número de famílias angolanas que emigram.

O expectante é que sejam correctos os dados e factos dominados pelo Presidente da República. Seria melhor para o futuro, considerando o risco da saída dum elevado número de nacionais, quando o país continua a constar do ponto de destino de imigrantes, sobretudo ilegais, de culturas, religião e hábitos diferentes.

Não se trata de um grito xenófobo, mas de um alerta para a necessidade de se analisar a situação com realismo. O que acontece, por exemplo, se os membros de uma determinada família vão deixando a casa por diversas razões e, em sentido contrário, os vizinhos vão chegando? Estes, certamente, apoderam-se da casa.

Há, em Luanda, exemplos do país que se poderá ter , caso não se criem condições para que seja cada vez mais ínfima a possibilidade de o número de estrangeiros no país se aproximar ao dos nacionais. O bairro Mártires de Kifangondo é um exemplo. É a miniatura daquilo que Angola pode vir a ser no futuro, caso a saída maciça de angolanos seja compensada com a chegada de estrangeiros. Hoje, a emigração em massa representa mais perigo do que nos anos 1980 quando também muitos angolanos deixaram o país para se instalarem sobretudo em Portugal. Naquela altura, o país estava em guerra e, como tal, não constava entre os principais pontos de destino de imigrantes. Ou seja, a emigração não era ‘compensada’ com a imigração.