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Valor Económico

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CONSUMO. Entidades entendem que, à luz da Lei, devem ser financiadas pelo Estado. Directora do INADEC contraria, argumentando que, para beneficiarem do OGE, terão de se transformar em instituições de utilidade pública.

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As associações de defesa do consumidor aguardam, há mais de duas décadas, pelo apoio financeiro do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC).

A Lei nº15/03, de Defesa do Consumidor, no seu artigo nº 2, estabelece ‘apoio à constituição e ao funcionamento das associações de consumidores’, mas não é o que tem acontecido.

Ao VALOR, responsáveis das associações lembram que estas surgiram “muito antes do INADEC” e, por isso, entendem que merecem “mais respeito” do Estado. “Já escrevemos, solicitámos audiências, mas não há avanços. Somos abandalhados. O INADEC não atende e sempre que insistimos nesta tónica do dinheiro, a tendência é confusão. Por isso, decidimos esquecer para caminharmos com os nossos próprios pés, cientes do papel que desempenhamos no mercado”, refere o secretário-geral da Federação Angolana das Associações de Consumidores (FAAC), Domingos Sebastião da Conceição.

Além disso, o dirigente associativo acusa o INADEC de “nunca aceitar falar” com a FAAC.

Há cerca de 10 anos, a federação elaborou um projecto para pressionar o Governo a cumprir lei, mas não teve sucesso. “Num país com cerca de 26 milhões de habitantes, há margem para o surgimento de mais associações para atenderem às preocupações do consumidor”, afirma Domingos da Conceição.

A FAAC congrega cerca de 10 associações, boa parte das quais sem ‘fôlego para andar’ por falta de recursos financeiros e de instalações. Funciona em instalações alugadas e o seu responsável considera que o apoio do Estado serviria para custear algumas despesas correntes, com o argumento de ser “uma instituição sem fins lucrativos”.

Quem também acusa o INADEC por estar a violar a Lei é a Associação Angolana de Defesa dos Direitos do Consumidor (AADIC). Esta vai mais longe, considerando que “o INADEC incorre, há mais de cinco anos, no crime de peculato e improbidade pública, por recusar subsidiar as instituições congéneres, conforme estipulado na lei”, segundo o seu responsável Diógenes de Oliveira.

De acordo com informações colhidas pela AADIC, o INADEC, numa das suas últimas dotações orçamentais anuais, recebeu do OGE perto de 120 milhões de kwanzas “valor que inclui subsídios para as associações”.

Tanto a AADIC como a FAAC partilham a acusação ao INADEC de ter outras fontes de financiamento, como a comercialização do ‘livro de reclamações’ que custa cerca de oito mil kwanzas. “A aquisição do livro de reclamações é uma obrigação em todo o país, e, por isso, o INADEC embolsa muito dinheiro, com menor esforço, numa altura em que a sua actuação sai ‘ofuscada’ pela inspecção do Ministério do Comércio”, afirma Domingos da Conceição.

Ao VALOR, a directora do INADEC desvaloriza as reclamações, evidenciando que “não é o INADEC que deve dar dinheiro”. “Como é que vamos ajudar, por exemplo, a AADIC, ou outra associação, se nós também não conseguimos apoiar financeiramente os nossos núcleos provinciais?”, questiona Paulina Semedo.

A directora do INADEC esclarece que uma das ‘saídas’ para o bom funcionamento destas associações passa pela sua transformação em instituições de utilidade pública. “Só assim podem ‘arrancar recursos’ do OGE, pois, à luz da Lei, do INADEC apenas devem beneficiar de suporte metodológico.” Paulina Semedo deixa ainda escapar que, a continuar a “confusão”, o melhor será o Estado “inverter o quadro actual”.

No artigo 32.º, a Lei determina que as instituições congéneres têm o direito a receber apoio do Estado, através da administração central e local, nomeadamente, no domínio da formação, informação e representação dos consumidores.

Um novo instrutivo do Banco Nacional de Angola (BNA) deve determinar que a importação de mercadorias passará a ser feita essencialmente com recurso a cartas de crédito, anunciou o governador do banco central, na semana passada, ao dirigir-se para importadores e empresários.

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José Massano entende que as cartas de crédito são “o melhor instrumento financeiro utilizado no comércio internacional”, sobretudo numa altura em que o país padece de recursos em moedas estrangeiras, que seria a outra via pelas quais os operadores poderiam pagar despesas no estrangeiro.

Assim, o mercado cambial deverá aguardar pelo lançamento do novo o instrutivo que vai reger essa nova decisão. “As cartas de crédito garantem disponibilidade de recursos para o pagamento ao exportador. Os outros instrumentos de operação não oferecem as mesmas garantias. Com a implementação das cartas de crédito, será possível garantir a entrada de mercadorias no país”, explica o governador do banco central.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Sistema usa sensores nas mãos para medir o relaxamento da musculatura. Ideia é determinar o momento exacto da passagem da fase 1 para a fase 2 do sono.

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Biógrafos contam que o inventor Thomas Alva Edison pouco dormia, mas tirava vários sonos leves ao longo do dia, segurando bolas de aço nas mãos, para que despertasse assim que entrasse em sono profundo. O seu rival, Nikola Tesla, adoptava estratégia semelhante, assim como o pintor Salvador Dalí, que descreveu, no livro ‘Os 50 segredos mágicos para pintar’, técnica para ‘dormir sem dormir’ com a soneca segurando uma chave.

Para todos eles, os sonhos dos primeiros minutos do sono alimentavam a criatividade. Essa foi a inspiração para que um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) criasse o Dormio, um sistema para controlar os sonhos e aproveitar o seu potencial criativo.

“Nós dormimos oito horas por dia. Isso quer dizer que nós passamos um terço das nossas vidas neste cinema onde criamos filmes incríveis, com uma capacidade criativa imensa, mas a nossa consciência nada faz para influenciá-los. São criações das nossas mentes, mas somos apenas espectadores”, observa o pesquisador Adam Horowitz, mentor do projecto.

Seguindo a técnica de Edison, Tesla e Dalí, o sistema desenvolvido no MIT usa sensores nas mãos para medir o relaxamento da musculatura, assim como mudanças nos batimentos cardíacos e na condutividade eléctrica da pele. A ideia é determinar o momento exacto da passagem da fase 1 para a fase 2 do sono, conhecido como o estágio das alucinações hipnagógicas. Então, um robô Jibo entra em acção, emitindo sons em volume suficiente para evitar que o ciclo do sono continue a evoluir, mas sem despertar completamente a pessoa.

PARA NÃO ESQUECER

Para que o sonho não caia no esquecimento, a inteligência artificial do robô foi programada para iniciar uma conversa, com perguntas sobre o que a pessoa está a pensar. E todas as respostas são gravadas. Com a conversa encerrada, o sistema permite o retorno do ciclo do sono, até que o estágio hipnagógico seja novamente detectado.

O Dormio está em estágio inicial de desenvolvimento, com testes em apenas seis voluntários, mas os resultados são promissores. Além de impedir que os participantes entrassem em sono profundo, o sistema mostrou-se capaz de inserir assuntos nos sonhos. Na experiência, o Jibo falou palavras simples, como ‘garfo’ e ‘coelho’, e as conversas demonstraram que elas foram integradas ao conteúdo dos sonhos.

Para mensurar a criatividade, os participantes passaram pelo teste de usos alternativos, onde foram estimulados a pensar sobre usos incomuns para as palavras inseridas nos sonhos. O exame foi feito antes do uso do Dormio e logo após o seu uso. Dos seis voluntários, cinco obtiveram notas mais altas após o sonho e quatro relataram que ideias geradas durante o estágio hipnagógico ajudaram na criatividade.

“O estágio hipnagógico é rápido, surge cerca de cinco minutos após o início do sono. Por isso, é melhor usar durante um sono leve ou acordar 30 minutos mais cedo e continuar na cama”, recomenda o pesquisador.

RESÍDUOS SÓLIDOS. Pelo menos, mil toneladas de lixo são depositadas diariamente só no aterro sanitário dos Mulenvos. Relatório da UCAN prevê maior desproporcionalidade na capacidade de recolha e tratamento.

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Um total de 3,5 milhões de toneladas de lixo é produzido anualmente em Angola, avança a Universidade Católica de Angola (UCAN), através do ‘Relatório Social de Angola 2016’, que foi apresentado na passada semana, em Luanda.

De acordo com o documento, que faz referência a dados do Ministério do Ambiente, do referido número, 1,3 milhões, equivalentes a um terço, são produzidos em Luanda, num rácio que se estima entre 75 e 80 gramas por cada habitante.

O documento sublinha que, com o ritmo actual de crescimento demográfico, as autoridades admitem um cenário desafiador, ao prever o aumento do volume de produção dos resíduos na capital na ordem de 146 por cento até ao ano de 2025, sendo que a capacidade de recolha tratamento crescerá desproporcionalmente.

“Considerando que, na sequência da crise económica, as verbas para o subsector de saneamento têm sido sistematicamente reduzidas, pode dizer-se que, em 2016, o volume de lixo de todos os cidadãos do país foi de longe superior ao que as operadoras conseguiram recolher”, calcula o estudo.

O relatório refere as medidas adoptadas pela província de Luanda para contrapor a problemática do lixo, como o programa ‘sábados vermelhos’, e a campanha de 45 dias liderada por uma comissão nomeada pelo Presidente da República ainda em 2016.

O estudo acrescenta que as restantes províncias seguiram o exemplo de Luanda, tendo adoptado modelos participativos de gestão de lixo, com destaque para o Zaire, com o programa ‘Verde na cidade de Mbanza Congo’; Ondjiva, Cunene, Lobito, Benguela, com um modelo que inclui a participação financeira dos munícipes e empresas; Huambo e Dundo, Lunda-Norte, da co-participação física.

O relatório, de 303 páginas, está dividido em oito capítulos que abordam a participação política dos cidadãos, perfil sanitário angolano, avaliação do comportamento dos principais indicadores educacionais, a problemática de água e saneamento básico no país.

Acções levadas a cabo pelo extinto Ministério da Assistência e Reinserção Social, no âmbito da Política Nacional de Assistência Social, os tipos de recursos naturais, a problemática dos sectores da sociedade civil e das mudanças que estão a produzir em Angola e uma monografia sobre a pobreza no município de Kalandula, em Malanje, são outras questões abordadas no relatório.

Em Março do corrente ano, a ministra do Ambiente, Paula Coelho, anunciou que mil toneladas de lixo eram depositadas diariamente no aterro sanitário dos Mulenvos, em Luanda. Na altura, disse que a quantidade de lixo que Luanda produzia girava em torno dos 0,65 quilos diários por pessoa, o que a tornava insustentável, por haver apenas um aterro.

FUTEBOL. Do total de investimento aplicado na presente edição, 70% foi efectuado com recursos aos fundos públicos da Federação Russa. Custos da competição têm vindo a aumentar a cada edição, desde 1998, altura em que a França acolheu a prova.

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O Mundial de Futebol, que decorre na Rússia, entra para a História como o mais caro de todos. A prova, que já vai na sua 21.ª edição, vai custar cerca de 15 mil milhões de euros às autoridades russas, de acordo com os cálculos feitos pelo jornal The Moscow Times que destaca ainda que a maior parte desse investimento foi aplicada na melhoria dos sistemas de transportes.

Do valor investido, apenas 30% foi utilizado na construção de infra-estruturas desportivas. Os cálculos são das autoridades russas, que indicam que 70% deste montante foram suportados com fundos públicos, enquanto o restante coberto por investidores privados.

Os dados recolhidos pelo banco Nordea, de origem sueca, indicam que o custo de organização deste campeonato tem vindo a aumentar a cada edição, desde 1998, quando decorreu em França.

Mas foi em 2014, quando o país organizador foi o Brasil, que se observou o maior salto nos custos. Ao todo, contando com as receitas directas arrecadadas com o Mundial e com o aumento do emprego e do turismo nos próximos anos, o governo russo antecipa um impacto económico que poderá situar-se entre os 22 mil milhões de euros e os mais de 26 mil milhões de euros, ao longo da década de 2013 (ano em que a Rússia começou a investir na construção de infra-estruturas) até 2023.

Só no ano da competição, as receitas arrecadadas pelo país deverão adicionar entre 0,15 e 0,25 pontos percentuais ao crescimento do PIB, estima o Nordea. O Mundial, antecipa ainda o banco, poderá também contribuir para evitar um défice da balança corrente da Rússia.

Selecções e jogadores mais caros

O Observatório de Futebol (CIES) publicou o ‘ranking’ das selecções mais valiosas presentes no Mundial da Rússia e do jogador com mais valor económico de cada nação.

A selecção francesa, segundo o estudo, tem o plantel mais caro dos 32 conjuntos presentes na fase final, cuja estimativa chega a 1,4 mil milhões de euros, superando a Inglaterra, 1,3 mil milhões, e o Brasil, com 1,2 mil milhões.

Portugal, actual campeão europeu em título, ocupa a 8.ª posição, com uma avaliação estimada em 656 milhões de euros.

O jogador mais valioso a marcar presença nesta competição é Harry Kane. O avançado inglês do Tottenham foi avaliado em 210 milhões de euros, superando Neymar, com 196 milhões, Mbappé, com 187 milhões e Messi, com 184.

Já Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo e capitão da selecção portuguesa, regista um valor de mercado estimado em 103 milhões de euros.

Custo dos estádios

? Arena de Ecaterimburgo (remodelado) Capacidade: 35.000 pessoas

Custo: 185 milhões de euros

Cidade: Ecaterimburgo

? Estádio Fisht Stadium (remodelado)

Capacidade: 48.000 pessoas

Custo: 389 milhões de euros

Cidade: Sochi

? Estádio de Kaliningrado (novo)

Capacidade: 35.000 pessoas

Custo: 251 milhões de euros

Cidade: Kaliningrado

? Arena de Kazan (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 204 milhões de euros

Cidade: Kazan

? Arena de Lujniki (remodelado)

Capacidade: 80.000 pessoas

Custo: 389 milhões de euros

Cidade: Moscovo

? Arena de Mordóvia (novo)

Capacidade: 44.000 pessoas

Custo: 229 milhões de euros

Cidade: Saransk

? Estádio de Nijni Novgorod (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 229 milhões de euros

Cidade: NijniNovgorod

? Arena de Rostov (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 257 milhões de euros

Cidade: Rostov-on-don

? Arena de Samara (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 265 milhões de euros

Cidade: Samara

? Estádio de São Petersburgo (novo)

Capacidade: 67.000 pessoas

Custo: 458 milhões de euros

Cidade: São Petersburgo

? Arena do Spartak (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 211 milhões de euros

Cidade: Moscovo

? Arena de Volgogrado (novo)

Capacidade: 45.000 pessoas

Custo: 247 milhões de euros

Cidade: Volgogrado