Valor Económico

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Iniciativa surge da necessidade de se dar visibilidade às oportunidades de negócios na província, através de uma plataforma de diálogo aberta, especialmente, com os investidores nacionais e estrangeiros.

namibe

Uma conferência subordinada ao tema “As Oportunidades de Investimento no Namibe, Face aos Desafios da Diversificação” deverá ocorrer, naquela cidade, no próximo dia 31 do corrente mês, numa iniciativa do Governo provincial do Namibe, em parceria com o Jornal Valor Económico.

Segundo a organização do evento, a conferência, que decorrerá no âmbito das tradicionais Festas do Mar, surge da necessidade de se dar visibilidade às oportunidades de negócios na província, através de uma plataforma de diálogo aberta, especialmente, com os investidores nacionais e estrangeiros.

Angola vive uma crise financeira, económica e cambial desde finais de 2014, decorrente da quebra para metade nas receitas com a venda de petróleo, que garante mais de 95% das exportações nacionais. Este indicador, na avaliação dos organizadores do evento, torna vulnerável a economia angolana, sugerindo a criação de alternativas de exportação ao petróleo.

“A criação de sinergias para mudar o estado de coisas, do ponto de vista global, deve partir de acções concretas com base nas características e realidades de cada região”, lê-se no comunicado da organização distribuído à imprensa nesta terça-feira.

Na nota, destaca-se também que a iniciativa visa dar “resposta a essa grande questão do momento, no sentido de unir esforços que concorram para a melhoria do ambiente de negócios no País, cruzamento de ideias de forma aberta a todas contribuições que venham alavancar a economia da nossa província, em alinhamento e orientação do Governo Central”.

Durante o evento serão discutidos temas como “Namibe e os caminhos para o desenvolvimento”; “Estado actual do empresariado privado”; “Legislação e o Incentivo sobre matérias de investimentos”. Estão ainda previstos a discussão de outros temas como “Condições e garantias para o financiamento aos projectos”; “O papel dos portos comerciais e o Mineiro para região”, bem como “O empresariado de Luanda e a captação de financiamento”.

Esta emissão, a concretizar pelo Banco Nacional de Angola, contempla uma maturidade de 10 anos e juros de 7,5% ao ano.

bpc

O Presidente da República autorizou, por decreto, uma emissão especial de dívida pública, no valor de 180 mil milhões de kwanzas para a recapitalização do Banco de Poupança e Crédito (BPC), o maior do país e detido pelo Estado.

Trata-se de uma emissão especial de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional (OTMN) a entregar directamente ao BPC "como aumento de capital", refere o decreto, publicado a 07 de Março, que justifica a medida como forma de possibilitar “os rácios prudenciais do banco e a expansão das suas actividades creditícias".

Esta emissão, a concretizar pelo Banco Nacional de Angola, contempla uma maturidade de 10 anos e juros de 7,5% ao ano.

O Ministério das Finanças, em representação do accionista Estado, detém 75% do capital social, juntamente com o Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e aCaixa da Segurança Social das Forças Armadas (10%).

INVESTIMENTOS. Warren Buffet precisou de 50 anos para transformar uma indústria têxtil, que se encontrava à beira da falência, num enorme conglomerado. Hoje, o preço de cada acção da companhia vale 301,40 dólares contra os 19 dólares na década de 1960. Apesar de ser um investidor que gosta de correr riscos, nem quer ouvir falar nas criptomoedas.

Warren Buffet

Quando, em 1962, Warren Buffet começou a comprar as acções da Berkshire Hathaway, poucos acreditavam que a companhia iria transformar-se no que é hoje: uma ‘holding’ que supervisiona e gere um conjunto de subsidiárias, incluindo empresas ferroviárias, de produção de doces, vendas de jóias, jornais, bem como vários serviços públicos de gás e energia eléctrica, entre outros.

Warren Buffet precisou de sensivelmente 50 anos para transformar uma indústria têxtil, que se encontrava à beira da falência, num enorme conglomerado. Com isso, tornou-se num dos homens mais ricos do mundo e tem sido, desde então, uma referência na área dos investimentos.

Com base no histórico de preços das acções da Berkshire Hathaway, o jornal ‘online’ Business Insider, de origem norte-americana, calcula que quem, há 54 anos, se atrevesse a comprar mil dólares em acções na empresa, teria hoje 16 milhões de dólares, tendo em conta que, em 1964, o preço da acção da companhia era de 19 dólares, sendo hoje de 301,40 dólares.

Segundo o site de negócios, um investidor que tivesse alocado mil dólares por ano em acções de Warren Buffett desde 1964 teria hoje uma fortuna avaliada em 124 milhões de dólares. Tudo começou quando, em 1923, duas empresas de gabarito que actuavam no ramo têxtil decidiram fundir-se.

Trata-se nomeadamente da companhia de Algodão Berkshire, que abriu as portas em 1889, e da Valley Falls, que arrancou em 1839. Enquanto operavam separadamente, as duas companhias localizavam-se, respectivamente, em Massaschusetts e Rhode Island. Após a unificação, contudo, estabeleceu-se que passariam a chamar-se “Berkshire Fine Spinning Associates. Em 1955, quando a empresa completava pouco mais de três décadas de funcionamento, uma nova fusão foi iniciada, dando origem à Berkshire Hathaway.

Dessa vez, houve a participação da Companhia Manufacturada Hathaway, cuja fundação data de 1888, também em Massaschusetts, pelo empresário Horatio Hathaway, que se viu em declínio financeiro após a II Guerra Mundial. Depois da fusão, com o empreendimento sob o controlo de Seabury Stanton, houve um período de melhoria dos negócios, mas esta boa fase deu lugar a demissões em massa e ao encerramento de algumas unidades operacionais.

Em 1962, o empreendedor Warren Buffet decide entrar no negócio e começa, desde então, a comprar acções da empresa fruto da fusão que já completava sete anos. Mesmo com alguns atritos com a família Stanton, Buffet conseguiu adquirir um potencial accionário capaz de modificar o quadro de gestores da companhia e assim exercer o controlo sobre a empresa. Durante cinco anos, Warren Buffet actuou apenas na produção têxtil.

Em 1967, o quadro alterou-se, já que o empreendedor ampliou a sua actuação com a aquisição da seguradora National Indemnity Company. Na década de 1970, a organização conseguiu comprar um percentual do capital da empresa Geico, que, até aos dias de hoje, funciona como uma das maiores fornecedoras de recursos para investimentos do conglomerado. Em meados da década de 1980, os gestores do grupo acharam melhor finalizar as operações têxteis.

BITCOINS, NUNCA!

Se, há 50 anos, Warren Buffet teve a coragem de apostar recursos financeiros numa empresa que estava a um ‘fio’ da falência, hoje o multimilionário mostra-se reservado em relação às famosas bitcoins, uma moeda digital do tipo criptomoeda descentralizada, e que é também a ‘febre’ do momento na área dos investimentos.

“No que diz respeito às criptomoedas, geralmente, digo com quase total certeza de que elas terão um mau fim”, disse recentemente Buffett em entrevista à CNBC. “Entro em complicações com as coisas que conheço. Porque deveria investir em algo que não sei como funciona?”, questionou.

Em 2014, Warren Buffett já se tinha posicionado contra a ideia das criptomoedas. Também à CNBC, afirmava que “eram semelhantes a cheques ou ordens de pagamento, ao passo que são uma forma efectiva de transferência de dinheiro”. “Espero que a bitcoin se torne em algo melhor para se fazer isto (transferência de dinheiro).

A ideia de que há nele um alto valor intrínseco é apenas uma piada para mim”, reforçou. O braço direito de Warren Buffett, o vice-presidente do conselho da Berkshire Hathaway, Charles Munger, concorda com a visão pessimista sobre as criptomoedas, de acordo com a CNBC. “Bitcoin e outras criptomoedas são bolhas”, avisa o gestor, que atribui o interesse dos investidores por moedas digitais ao facto de que “soa vagamente moderno”. “Mas eu não estou entusiasmado”, afirmou.

ENTREVISTA. Director executivo da Fundação Kissama para a Área Ambiental e Administração, Vladimiro Russo elenca alguns problemas ambientais, como a desflorestação e a má gestão dos resíduos sólidos e defende que o Governo crie políticas públicas que incentivem o surgimento de empresas verdes.

Valdimiro Russo

Qual é o estado da ‘economia verde’ em Angola?

A diversificação da economia é um dos principais desafios à ‘economia verde’ . Há legislação e alguma vontade, em alguns sectores, em abraçar as principais características da ‘economia verde’, nomeadamente o aumento do uso de fontes energéticas limpas, a aposta no uso eficiente dos recursos naturais e a gestão de resíduos com aposta na reciclagem.

Existem ‘empresas verdes’ em Angola?

Existem algumas que, além de buscarem o lucro, também se preocupam com o bem-estar e com a protecção do ambiente. No entanto, não é suficiente ainda para considerarmos estas empresas como 100% verdes. Existe alguma legislação sobre avaliação de impacto ambiental que define um conjunto de pressupostos relevantes para que projectos e empresas possam cumprir com os princípios da ‘economia verde’.

O que o Governo deve fazer para incentivar o seu surgimento?

É importante que as políticas públicas criem mecanismos de incentivo à economia verde para que a transição das empresas seja feita de forma concreta. Essas políticas têm de promover incentivos (como a redução de impostos) para os negócios com pendor verde, particularmente aqueles que assumam características da ‘economia verde’: oferta de empregos, consumo consciente, uso de fontes de energia limpas e valorização da biodiversidade.

A legislação facilita?

Não se trata de legislação apenas, mas também de vontade e visão dos gestores de empresas públicas e privadas, particularmente a longo prazo. Se os gestores entenderem que determinadas tecnologias, apesar dos investimentos iniciais, são úteis poderemos ter várias empresas a marcarem a diferença, na redução do consumo e de recursos e na gestão dos resíduos.

Angola produz anualmente mais de três milhões de toneladas de lixo urbano. Como transformar resíduos sólidos em matérias-primas?

Tem de haver uma forte aposta na transformação, tanto para o mercado da reciclagem como do reaproveitamento. As opções são inúmeras, mas o surgimento deste negócio depende da existência de energia e água da rede pública, incentivos fiscais, investimentos em tecnologias e gestores com visão a longo prazo.

Qual é o estado actual do ambiente em Angola?

Angola apresenta vários problemas ambientais associados ao estágio de desenvolvimento, particularmente devido à necessidade de exploração de recursos para satisfação das necessidades das populações e os acentuados níveis de pobreza, mas também devido ao não cumprimento da legislação ambiental. Nos últimos anos, o diagnóstico é que há um conjunto de problemas ambientais que afectam a qualidade de vida, agridem o ambiente e têm um impacto negativo na economia.

Quais são esses problemas?

Os resíduos sólidos, uma vez que não existem mecanismos adequados para a sua gestão, a poluição causada por empreendimentos industriais, a caça furtiva que sustenta um enorme mercado de carne e a acentuada desflorestação sem qualquer cumprimento da legislação nacional tanto para exportação como para campos agrícolas.

Quais são as soluções?

Não há receitas concretas. A resolução dos problemas depende de um conjunto de factores que incluem a existência de meios humanos (formação de quadros) e técnicos. No entanto, a aplicação de lei é uma prioridade. Depois existe a necessidade de se criar empregos ‘verdes’ com um sério investimento na indústria de reciclagem e gestão de resíduos. Por outro lado, é importante que os projectos de desenvolvimento elaborem os estudos de impacto ambiental e implementem as respectivas medidas de mitigação. Há também a necessidade de se inverter a matriz energética, que actualmente tem uma grande dependência dos combustíveis fósseis. Deve haver mais investimentos em energias renováveis. Angola é um dos oito países africanos, com maior taxa de mortalidade associada à poluição atmosférica.

O que se pode fazer para inverter este quadro?

As soluções passam por atacar as causas de poluição atmosférica, nomeadamente na queima de combustível para a produção de energia (em centrais térmicas e geradores de empresas e de casas), queimadas nas zonas rurais para a caça, abertura de campos agrícolas e motivos desconhecidos. Deve-se também melhorar a arborização nas cidades e a mobilidade com os investimentos no transporte público diminuindo assim a quantidade de veículos motorizados nas zonas urbanas.

Como se deve fazer do problema ambiental uma preocupação de todos?

Investindo na educação. As questões ambientais devem ser consideradas como transversais de forma a permitir uma boa qualidade de vida e o cumprimento do estipulado na Constituição.

Qual é o nível de conscientização e preservação do ambiente em Angola?

Deveríamos ter uma população mais consciente e pronta para preservar o ambiente. Há também um elevado nível de consumismo e de despreocupação com o ambiente enquanto bem comum.

O empreendedorismo, uma das apostas do Governo desde 2014 para o fomento ao emprego, está a derrapar na Huíla. Desde 2015, 70 das 220 micro, pequenas e médias empresas criadas emitiram declarações de falência.

Empresas Huila

Os números são avançados pelo coordenador-adjunto do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE), Piedade Pena, em entrevista ao VALOR, em que calcula que foram atiradas para o desemprego mais de 60 pessoas.

Outras 84 empresas lideradas por jovens também devem falir este ano, calcula Piedade Pena. Do global monitorado pelo FAJE, apenas 66 gozam de alguma estabilidade. As dificuldades derivam da crise económica e dos problemas de escoamento da produção, já que a maior parte dos empreendedores apostou na prestação de serviço, área dependente das importações.

O coordenador-adjunto do FAJE aponta ainda, como outras causas, os atrasos nos pagamentos por parte do Estado e as dificuldades de acesso ao financiamento, assim como as barreiras na importação de mercadorias ou equipamentos.

“Quando a crise eclodiu, muitas empresas se ressentiram, sobretudo pela falta de liquidez e ficaram sem condições para dar continuidade aos seus negócios, porque há dificuldades no pagamento de algumas ordens de saque e sérios impasses no acesso a divisas com a taxa de câmbio favorável”.

Por isso, Piedade Pena defende que as autoridades “devem fiscalizar os programas de financiamento destinados aos empreendedores” e “rever a política de venda de divisas”. Estimando em 145 os jovens que mantêm os empregos “nas empresas que ainda resistem e que cumprem com as obrigações fiscais”, Piedade Pena lamenta, por outro lado, a “lentidão” do ‘Projovem’, ao contabilizar apenas 10 projectos financiados na Huíla e outros quatro “bem encaminhados”, num total de nove que aguardam por aprovação.

A situação repete-se no Cunene, onde 125 empreendedores formados pelo INAPEM, até ao momento, viram um único projecto financiado pelo Projovem. Para o FAJE, o “peso” está nas garantias, exigidas pelas entidades financiadoras para a cedência de crédito. O INAPEM informou recentemente que foram financiados 160,1 milhões de kwanzas, através do Projovem.