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Valor Económico

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CÂMBIO. Dólar disparou no mercado informal. Nota de 100 dólares, que estava a ser trocada a 36 mil kwanzas até Dezembro, está a ser comercializada a 41 mil kwanzas. Novo regime de câmbio flutuante, anunciado recentemente pelo BNA, fez subir o preço da moeda estrangeira.

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Em Luanda, até à última sexta-feira, 12, quem vendesse 100 dólares conseguia 41 mil kwanzas. Mas quem quisesse comprar a moeda norte-americana precisava de desembolsar mais de 43 mil kwanzas para conseguir os mesmos 100 dólares. Todos os dias, os preços mudam e até subiram a partir do momento em que o Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou o novo regime flutuante do câmbio.

Na semana passada, o dólar disparou no Prenda, Cassenda, Maculusso, Maianga e nalgumas ruas do Alvalade e ainda nas imediações da Rádio Nacional de Angola, zonas preferenciais para a troca de moeda no mercado informal.

A alteração mais significativa é no cenário. As kínguilas já não mostram os montes de notas, como se via antes até a polícia ter desmantelado a troca ambulante de dólares no Mártires do Kifangondo.

Em muitas avenidas em que há ajuntamento de kínguilas, só troca a moeda estrangeira aquele que for cliente “bem conhecido”, porque a polícia tenta controlar a venda informal.

Entre as kínguilas, nos bairros Cassenda e Prenda, há nacionais e estrangeiros, maioritariamente congoleses, que fazem sinais, mal vêem uma viatura estacionar, com lutas entre eles para ganhar o cliente, não escondendo as suspeitas e usando muita discrição.

No Prenda, algumas kínguilas negam ser cambistas. “Não estamos a trocar dólar”, garantem, sempre com a desconfiança de quem tem medo de enfrentar um polícia disfarçado. Mas, logo de seguida, desfeitas as suspeitas, revelam o câmbio. “Estamos a pagar 40 mil kwanzas se quiseres trocar, mas, se quiseres comprar pagas 43 mil kwanzas. Estamos a dar este preço porque está muito difícil conseguir o dólar”, afirma uma cambista, ansiosa para fazer o negócio.

Vasco Contreiras (nome fictício), cambista ambulante há mais de 15 anos, na avenida ‘Revolução de Outubro’, defende que o Governo “deve criar políticas que valorizem as duas partes”. “Está tudo bem que o câmbio de moedas estrangeiras deva ser tutelado por empresas devidamente legalizadas, mas, nós, que vivemos desta actividade informal, sustentamos as nossas famílias com o que ganhamos aqui. O Estado deve, também, zelar por nós porque a nossa vida depende disso”, lamenta, acrescentando que a nova medida cambial do BNA “está a dificultar a vida das kínguilas”.

Tráfico continua

Apesar de a polícia ter desmantelado o fluxo de estrangeiros e de nacionais que faziam a troca informal de notas estrangeiras, como o dólar e o euro, o negócio do câmbio resiste no Mártires do Kifangondo.

Hoje, quem visita com frequência as ruas 14 e 15 do bairro, e outras ruas adstritas, pode ver que já não funciona aquela cidade financeira informal que se tinha transformado numa autêntica ‘Wall Street’ angolana. A presença da polícia é constante. Os estrangeiros só são notados por aqueles que têm estabelecimentos comerciais legalizados, enquanto as ruas são preenchidas por taxistas, transeuntes e zungueiras que vendem frutas e outros produtos.

António Pereira, de 52 anos, mora no Mártires, na rua 14, e sente-se “feliz” porque, no seu bairro, “o fluxo de pessoas já não é como dantes”. “Havia aqui muito câmbio, muito tráfico e prostituição durante a noite até mesmo de dia”, afirma, que “a confusão também diminuiu bastante”.

Apesar da calmaria que o Mártires regista actualmente, a polícia deteve mais alguns nacionais e estrangeiros. Os agentes, tanto da polícia como do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) actuam à paisana.

AQUECIMENTO GLOBAL. Daqui a pouco mais de 80 anos, a temperatura mundial deverá subir mais três graus. Os níveis médios de água do mar vão subir, inundar cidades e afectar milhões pessoas.

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Até aos últimos meses, as negociações sobre as alterações climáticas giravam à volta de uma expectável subida da temperatura de dois graus até 2100. Mas a grande maioria dos estudos e projecções realizados no ano passado aponta para um número diferente: três graus. E se até 2100, a temperatura subir três graus, dezenas de cidades pelo mundo inteiro ficarão completamente submersas.

O ‘The Guardian’, citado pelo ‘Observador’, construiu um artigo interactivo em que apresenta algumas das cidades que se vão tornar ‘Atlântidas’ e estima que 275 milhões de pessoas vão ficar desalojadas.

Osaka, no Japão, é um dos casos mais preocupantes. Com uma subida de temperatura de três graus, a principal cidade comercial japonesa praticamente desapareceria. A economia do país iria sofrer um tremendo rombo e um terço da população de Osaka ficaria sem casa. Tal como várias cidades japonesas, Osaka tem uma rede de barreiras marítimas e outras infra-estruturas costeiras para prevenir eventuais subidas do nível das águas do mar. Que podem não ser suficientes.

Uma subida das águas em meio metro iria destruir também as praias de Alexandria, no Egipto, e deixar oito milhões de pessoas sem sítio para dormir. Um aumento da temperatura mundial de três graus teria um impacto muito maior. Ainda assim, a maior parte dos egípcios não sabe o que são as alterações climáticas e não tem qualquer tipo de noção do risco que as suas cidades correm nas próximas décadas. Magdy Allam, líder do sindicato dos especialistas ambientais árabes, cita um muro construído em 1830 e blocos de cimento como os principais meios de defesa do país.

Mas os desastres iminentes em Osaka e Alexandria não se comparam à magnitude daquele que pode acontecer em Xangai, na China. A cidade piscatória tem o rio Yangtze numa fronteira e é dividida ao meio pelo rio Huangpu; além disso, é constituída por várias ilhas, duas longas linhas costeiras, portos e vários quilómetros de canais e hidrovias. Se a temperatura subir três graus, Xangai desaparece. E leva consigo 17.5 milhões de chineses. Considerada, desde 2012, a cidade mais vulnerável às alterações climáticas, tem debaixo de si o maior sistema de drenagem em toda a China: são 15 quilómetros de tubos que absorvem a água numa área de 58 quilómetros quadrados.

O Ministério das Finanças justificou a exoneração de José Filomeno dos Santos, da presidência do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) com a "falta de transparência" detectada na instituição.

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Em nota, o Ministério indicou que a renovação na administração do FSDEA, decidida na quarta-feira pelo Presidente da República, João Lourenço, aconteceu após uma "avaliação rigorosa", feita com o apoio de uma consultora internacional, "sobre a gestão, alocação dos activos e estrutura de governação corporativa" da instituição.

Por nomeação de João Lourenço, o FSDEA passa a ser dirigido por Carlos Alberto Lopes, até agora secretário para os Assuntos Sociais do chefe de Estado, antigo ministro das Finanças de José Eduardo dos Santos, tendo sido criado, segundo o Ministério das Finanças, um comité de supervisão para garantir "uma gestão mais eficiente e transparente dos recursos estratégicos do Estado".

O fundo gere activos do Estado de 5.000 milhões de dólares e, segundo o Ministério liderado por Archer Mangueira, o diagnóstico realizado concluiu pela "falta de transparência nos processos de contratação dos gestores de activos e prestadores de serviços" ao FSDEA, apontando ainda "um risco elevado resultante da exposição causada pelo volume de activos que se encontram sob gestão de apenas uma entidade externa".

É ainda apontado um "insuficiente reporte" e "um fraco controlo e supervisão às actividades" do FSDEA pelas entidades governamentais, "bem como a ausência de políticas, estratégias e planos de investimentos consistentes e transparentes", apontando a "necessidade de revisão do modelo de governação corporativa".

Em Novembro do ano passado, surgiram denúncias sobre a gestão do FSDEA, relativamente ao suposto recurso desta instituição a paraísos fiscais, divulgado em documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), no âmbito da investigação 'Paradise Papers'.

Em reacção, a administração do FSDEA, liderada por José Filomeno dos Santos, garantiu que todas as operações que realiza são feitas de "forma legítima", ao abrigo dos "mais altos padrões regulatórios".

Na mesma nota, o Ministério das Finanças acrescentou que o Governo está a implementar "acções de reestruturação" do FSDEA para criar "uma adequada estratégia e plano de investimentos", assegurando "maior transparência e controlo da instituição, em alinhamento com as melhores práticas internacionais, melhorando a supervisão" pelos órgãos do Estado, nomeadamente do Presidente de Angola.

"Um dos passos nesta direcção foi a nomeação de um novo conselho de administração que integra quadros nacionais de reputada competência técnica, sólido percurso profissional e idoneidade necessária para o provimento de cargos em instituições financeiras", referiu o Ministério das Finanças.

A mesma informação reconheceu a necessidade de celeridade na conclusão do processo de reestruturação, para garantir que o FSDEA "desempenhe, com mais eficácia, o seu papel na estabilização macroeconómica e sustentabilidade financeira do país, garantido, deste modo, prosperidade às futuras gerações".

O ministro da Comunicação Social, João Melo, visitou, nesta quarta-feira, 10, as redacções dos jornais Nova Gazeta e Valor Económico, onde se inteirou do funcionamento interno das duas publicações.

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Na ocasião, o governante manifestou-se preocupado com a qualidade dos estudantes finalistas do curso superior de Comunicação Social, no país, tendo realçado que, em função deste quadro, o pelouro que dirige está a estudar a possibilidade da criação de um curso de extensão para que os quadros em causa estejam à altura das exigências actuais deste específico mercado de trabalho.

Esta é a primeira visita que o ministro João Melo efectua a estes órgãos de Comunicação Social, em particular, após a sua nomeação a 28 de Setembro de 2017, pelo Presidente da República, João Lourenço.

O Presidente da República, João Lourenço, considera a posição da justiça portuguesa em não transferir o processo que envolve o antigo vice-presidente, Manuel Vicente, como uma “ofensa” a Angola.

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A posição foi tomada na conferência de imprensa, realizada hoje, com os jornalistas, que durou uma hora. João Lourenço declarou que Angola fez o pedido de transferência do processo, mas que “lamentavelmente Portugal não satisfez o pedido, alegando que não confia na justiça angolana”.

“Consideramos uma ofensa. Não aceitamos esse tipo de tratamento. Estamos a aguardar pacientemente o desfecho. Qualquer posição de Angola vai depender muito do desfecho desse caso”.

O Presidente referiu que Angola não está a pedir que Manuel Vicente seja absolvido ou que o processo seja arquivado. “Não somos juízes. A intenção não é livrar o engenheiro do processo. A intenção é que o processo seja feito na justiça angolana”, referiu.

O caso apelidado de “Operação Fizz”, processo em que o ex-vice-Presidente e ex-presidente do conselho de administração da Sonangol, Manuel Vicente, é suspeito de ter corrompido, em Portugal, Orlando Figueira, quando este era procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), do Ministério Público. O início do julgamento está marcado para 22 deste mês, no Tribunal Judicial de Lisboa.