Angola e a Zâmbia decidiram ontem (16) abolir a necessidade de visto de entrada dos cidadãos dos dois países, medida que mantém, porém, algumas restrições, como a impossibilidade de se permanecer mais de 90 dias no estrangeiro. A decisão foi anunciada em Lusaca pelo ministro do Interior zambiano, Michael Katambo, e pela embaixadora de Angola na Zâmbia, Balbina da Silva, tendo a diplomata angolana ressalvado que o entendimento entre os dois países não é válido para situações de fixação de residência, trabalho, estudo ou tratamento médico. Angola e a Zâmbia partilham uma fronteira de 1.100 quilómetros, sendo um desafio para as autoridades dos dois países a viabilização de infra-estruturas que incrementem a circulação de pessoas e de mercadorias. A aposta dos dois governos foca-se no incremento do comércio transfronteiriço, além de um maior vigor nas trocas comerciais entre os dois Estados. As trocas comerciais entre os dois países rondam os 20 milhões de dólares (cerca de 17,4 milhões de euros). De Angola, os zambianos importam produtos do mar, lubrificantes e materiais de construção, enquanto as exportações zambianas baseiam-se em produtos do campo, sementes e carne bovina. O acordo de supressão de vistos vai, principalmente, beneficiar os cerca de 25 mil angolanos que residem naquele país, muitos deles sem contacto com os seus familiares há vários anos.
Valor Económico
SADC reunida na Namíbia
As relações económicas e comerciais na África Austral, bem como o desenvolvimento das infra-estruturas, também estarão em debate. O Presidente da República, João Lourenço, discursa hoje (17), na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, em Windhoek (Namíbia), num acto que vai marcar a passagem oficial da Presidência do Órgão de Angola para a Zâmbia, bem como a resolução de conflitos políticos e o desenvolvimento da região. Sob o lema ‘Promover o Desenvolvimento das Infraestruturas e o Empoderamento da Juventude para um Desenvolvimento Sustentado’, a reunião, que decorre no Centro de Conferências de Windhoek, conta com a presença dos chefes de Estado de Angola, João Lourenço, e de Moçambique, Filipe Nyusi. A instabilidade política no Zimbábue, com o fim do "reinado" de Robert Mugabe e as eleições que reafirmaram Emmerson Mnangagwa como Presidente, e acima de tudo, o processo político e eleitoral, bem como a violência, na República Democrática do Congo (RDCongo) estão no centro das atenções dos 15 Estados-membros da organização. As relações económicas e comerciais na África Austral, bem como o desenvolvimento das infra-estruturas - portos, aeroportos, estradas, entre outros -, também estarão em debate, sobretudo tendo em conta a necessidade de se ter de contar com uma juventude numa região em que o desemprego jovem é grande. Outro tema a abordar é a situação de seca que atravessa vários países da região austral do continente, sobretudo em Moçambique, Lesoto, Malaui, Namíbia, Zâmbia e Zimbabué, face ao baixo índice de precipitação e chuva ocorrido na última época das chuvas, que afectou negativamente as colheitas com quedas de produção na ordem dos 23% (África do Sul) e 34% (Zâmbia) - os principais produtores de cereais, designadamente milho, na região. Durante os trabalhos da cimeira, o chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, vai passar a presidência rotativa da SADC ao homólogo da Namíbia, Hage Geingob, da mesma forma que a presidência do Conselho de Ministros passou, quarta-feira, da ministra das Relações Internacionais e Cooperação sul-africana, Lindiwe Sisulu, para o seu homólogo namibiano, Natumbo Nandi-Ndaitwa
Luanda acolhe hoje (14) uma mini-cimeira com os presidentes de Angola, Congo, Gabão, Ruanda e Uganda, para analisar a situação política nas áfricas Central e Austral, com especial incidência na República Democrática do Congo (RDC), onde a instabilidade tem diminuído. Estão confirmadas as presenças dos chefes de Estado congolês, Denis Sassou Nguesso, gabonês, Ali Bongo, ruandês, Paul Kagamé, e ugandês, Yoweri Museveni, bem como da RDC, Joseph Kabila, e do Presidente da Comissão da União Africana (UA), o chadiano Moussa Faki Mahama. A reunião de Luanda antecede em três dias a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorrerá em Windhoek (Namíbia) e nela será feita uma discussão e concertação política sobre os projectos de paz e estabilidade nas duas regiões africanas. A reunião, que decorre no Centro de Convenções de Talatona, começa com a intervenção do chefe de Estado anfitrião, o Presidente, João Lourenço, após o que os trabalhos decorrerão à porta fechada até às 12:45.Às 12:55, será feita a leitura do comunicado final da mini-cimeira pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto.
FATCA reforçado nas finanças
Um grupo de empresas do sector financeiro voltou a receber esclarecimentos sobre o regime Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA), instrumento norte-americano de combate à fuga aos impostos, branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, anunciou o Ministério das Finanças (MINFIN). Realizado no final da semana passada pela Administração Geral Tributária (AGT), o certame teve como objectivo recordar as entidades financeiras sobre a importância do FATCA e da obrigatoriedade de reporte de informação fiscal de cidadãos e de empresas norte-americanas no país. O chefe de departamento de intercâmbio e cooperação internacional da AGT, Luís Sambo, referiu que o reporte deverá ser prestado pelas instituições financeiras nacionais à AGT, mediante a submissão do ficheiro FATCA. “Esta ferramenta torna o sistema mais seguro e viável. Vamos deixar de usar o ficheiro do portal onde foi feito o reporte nos dois últimos anos. Isto poderá acontecer na próxima semana. Também é uma das razões pelas quais queremos que se use o software apresentado para enviar ficheiros a partir deste ano”, sublinhou, lembrando que, das 48 instituições financeiras notificadas, apenas quatro não fizeram o reporte à AGT. Luís Sambo chamou a atenção para o facto de as instituições financeiras, que não tenham qualquer conta financeira a reportar, não se encontrarem isentas da submissão do reporte FATCA, devendo as mesmas submeter, junto da AGT, um reporte nulo. Já o representante da VIZOR, empresa criadora do software para o regime FATCA, Lous Philipps, alertou que, com esse instrumento, “captar a informação financeira como a referência do documento, o nome da instituição, Número de Identificação Fiscal (NIF), categoria, o nome do cidadão, apelido, data de nascimento, e outos detalhes de interesse, serão tidos em conta no formulário válido para o reporte”. O regime FATCA resulta de um acordo intergovernamental assinado entre Angola e o Governo dos Estados Unidos da América, que estabelece a obrigatoriedade de as instituições financeiras nacionais identificarem as contas detidas por cidadãos ou residentes fiscais norte-americanos, bem como de assegurarem o reporte das informações das respectivas contas à AGT.
Dívida pública acima de 10 milhões só avança com PR
A contratação pelo Estado de empréstimos superiores a 10 milhões de dólares passa a estar sujeita à autorização do Presidente da República, de acordo com decreto n.º 164/18, de 12 de Julho, que regulamenta a emissão e gestão da Dívida Pública directa e indirecta. Para valores inferiores a 10 milhões, a responsabilidade recairá sobre o titular do departamento ministerial das Finanças Públicas, que passa a negociar e a assinar contratos de empréstimos até esse limite ou equivalentes em dólares. Segundo a decisão presidencial, também ao Ministério das Finanças cabe negociar e contratar os créditos necessários ao financiamento do Estado e gerir as disponibilidades de crédito e o endividamento, através da Unidade de Gestão da Dívida Pública (UGD). “Nos termos do presente Decreto, incumbe ao Presidente da República, enquanto Titular do Poder Executivo, autorizar, por Decreto Presidencial, a emissão de Títulos da Dívida Pública Directa, designa-dos por Obrigações do Tesouro. A emissão destes títulos é semanal ou mensal, sendo os juros pagos semestralmente”, lê-se numa nota disponível no website das finanças. O regulamento da emissão e gestão da dívida pública directa e indirecta estabelece ainda que “apenas instituições de crédito e outras entidades especializadas a exercer a actividade de intermediação financeira podem subscrever obrigações do Tesouro, por conta de terceiros”. Apesar disso, permite a participação no mercado primário de outros investidores institucionais, tais como seguradoras e fundos de pensões, diz o decreto presidencial, que determina também que as obrigações do Tesouro “podem ser vendidas mediante leilão de preços ou leilão de quantidades, mediante consórcio de instituições financeiras de oferta de subscrição limitada e directamente junto ao público”. O decreto n.º 164/18 que regulamenta a emissão e gestão da Dívida Pública directa e indirecta substitui o n.º 259/10, de 18 de Novembro. Entre as principais alterações face ao anterior, sobressai a colocação de Títulos do Tesouro no mercado primário através de um operador colocador, que pode ser o Banco Nacional de Angola (BNA) ou a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), com a introdução no mercado de uma nova figura (Operadores Preferenciais de Títulos) e com o alargamento da base de investidores com acesso ao mercado primário, uma vez que as seguradoras, fundos de pensões e outros investidores institucionais (previstos no artigo 13.º do Código de Valores Mobiliários) poderão ter acesso directo ao mercado primário de Títulos do Tesouro.
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