Valor Económico

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Governo pretende ainda ultrapassar a actual situação, o quanto antes, adoptando, entre outras, medidas fiscais, consubstanciadas em redução de despesas e ajuste ao mercado cambial.

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A economia angolana está perante uma situação de taxa de crescimento baixa e de quase estagnação e não de recessão, afirmou hoje o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, citado pela Angop.

Para ultrapassar tal situação o Governo vai adoptar, entre outras, medidas fiscais, consubstanciadas em redução de despesas e ajuste ao mercado cambial, assegurou Manuel Nunes Júnior, durante uma conferência de imprensa que visou a apresentação do Programa de Estabilização Macroeconómica de 2018.

O Programa de Estabilização Macroeconómica para o ano de 2018 "visa, a partir do imediato e de forma efetiva, dar início a um processo de ajuste macroeconómico, do ponto de vista fiscal e cambial, que permita o alinhamento da nossa economia a um ambiente referenciado como novo normal".

De acordo com um comunicado da Presidência da República, "o Programa de Estabilização Macroeconómica tem como elementos fundamentais a consolidação fiscal e a estabilização do mercado cambial, em torno dos quais se irão mover os demais domínios.

As políticas dos setores monetário, financeiro e real deverão ser conduzidas para o ajustamento fiscal e cambial, bem como para mitigar os efeitos adversos"

A dívida externa de Angola está avaliada em 38,06 biliões de dólares, disse hoje (3) o ministro das Finanças, Archer Mangueira, citado pela Angop.

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De acordo com o governante, a renegociação da dívida do Estado angolano com os principais parceiros será uma das prioriedades do Executivo em 2018.

O ministro fez estas considerações durante uma conferência de imprensa da equipa económica do Executivo, liderada pelo ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.

A execução deste projecto, que está a ser feita num percurso de mais de 50 quilómetros, teve início em 2017 e prevê ser concluído em 2019.

Angola rehabilitates over 1000km of Railway

As obras da segunda linha férrea do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) estão quase concluídas, tendo sido já executado, até ao momento, pelo menos 40 quilómetros do troço ferroviário Bungo/Baia, representando cerca de 70% da execução física das obras.

A informação foi avançada esta terça-feira, 3, pelo presidente do conselho de administração do CFL, Júlio Bango, no final de uma visita de constatação das obras da linha férrea Bungo/Aeroporto Internacional de Luanda, efectuada pelo ministro dos Transportes, Augusto Tomás.

A execução deste projecto, que está a ser feita num percurso de mais de 50 quilómetros (Bungo/Aeroporto Internacional de Luanda), teve início em 2017 e prevê ser concluído em 2019, período em que se projecta também a inauguração do novo Aeroporto Internacional de Luanda.

Na ocasião, Júlio Bango afirmou, citado pela Angop, que este projecto prevê a aquisição de 10 Unidades Múltiplas Diesel (DMU), que vão circular nas respectivas linhas férreas, cujo financiamento está em discussão, augurando que, breve, sejam liberados os meios financeiros para o efeito.

Paralelamente as obras de duplicação do CFL, durante a visita constatou-se também o início da construção de seis estações multimodais, onde os passageiros poderão adquirir os bilhetes de passagem dos comboios que vão circular no troço Bungo/Aeroporto Internacional. As respectivas estações estão a ser construídas no Bungo, Musseques (Tunga Ngó), Vila de Viana, Capalanca (Viana), Baia (Km 35) e no interior do novo Aeroporto Internacional.

A duplicação da via ferroviária Bungo/Baia vai permitir dobrar o número de passageiros transportados diariamente dos actuais 15 mil para 30 mil, segundo as estimativas do CFL.

De acordo com o plano, que facilitará o acesso ao novo Aeroporto Internacional, há para além da segunda via ferroviária o acesso rodoviário aberto de Norte a Sul da Estrada Nacional 230 e que ligam a via Expressa ao novo Aeroporto, passando em paralelo a estrada de Catete.

Já o novo corredor Sul passa pelo Zango e liga a via principal de acesso ao novo aeroporto numa extensão de cerca de 23,5 quilómetros.

O novo corredor Norte passa entre a nova centralidade de Sequele e Baia e liga a Estrada Nacional 230 ao novo Aeroporto, numa extensão igual ao do Sul (23,5 quilómetros).

Os dois corredores totalizam quase 50 quilómetros, o corredor de Catete é dividido em dois trechos, sendo o primeiro com 23 quilómetros, que vai da Unidade Operativa de Luanda até a via Expressa (Benfica/Cacuaco) e comporta a implantação de cerca de sete nós e aproximadamente 25 novas passagens pedonais superiores.

O segundo trecho tem cerca de 17 quilómetros e vai da via Expressa até ao novo Aeroporto Internacional de Luanda e abarca a construção de quatro nós.

Medida vem expressa num despacho presidencial que começou a vigorar a partir do passado dia 27 de Dezembro.

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O Presidente da República, João Lourenço, criou, recentemente, um grupo de trabalho composto por altos membros do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos e da Sonangol para que, no prazo de 60 dias, possam “analisar e dar o devido tratamento às propostas para a construção de refinarias em Angola”.

A medida vem expressa num despacho presidencial, de 27 de Dezembro, ao qual o VE online teve acesso, e é justificada pela “necessidade de se proceder a estudos e análises das propostas técnicas, económicas e financeiras para a construção de refinarias na República de Angola”.

O grupo ora criado é coordenado pelo ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Pedro Azevedo, coadjuvado pelo secretário de Estado dos Petróleos, Paulino Jerónimo e pelo presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino. Integram ainda o grupo de trabalho em causa, o director nacional dos Petróleos, Amadeu Correia de Azevedo e a vogal da Sonangol, Ana Maria Fonseca.

Em Novembro último, o Chefe de Estado angolano avisou a nova administração da Sonangol, que tinha acabado de tomar posse, sobre a necessidade de se construir uma refinaria em Angola, para reduzir as importações de combustíveis, depois de ter fracassado a criação da refinaria do Lobito.

"Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados", apontou, na ocasião, o Presidente da República.

Angola é actualmente o segundo maior produtor de petróleo em África e garante mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia e para João Lourenço as possibilidades de construção de refinarias pelo Estado ou em parceria com privados "devem ficar em aberto".

"O que pretendemos é que o país tenha refinaria, ou refinarias, para que a actual fase que vivemos, de importação de derivados do petróleo, seja atirada para o passado. Eu sei que é possível e que podemos no próximo ano, em 2018, se trabalharem bem e rápido, dar pelo menos início à construção de uma refinaria para Angola", exortou o Chefe de Estado.

Banco de capitais sul-africano alerta ainda que uma eventual falha nas projecções sobre o crescimento pode aumentar a pressão sobre o nível de dívida pública.

Standard Bank

O Orçamento de Angola para 2018 comporta "riscos substanciais", nomeadamente se o crescimento económico e as receitas do petróleo ficarem aquém do estimado pelo Governo, consideram os analistas do gabinete de estudos económicos do Standard Bank, num relatório sobre o mercado de capitais africano, divulgado nesta segunda-feira.

"Apesar de o orçamento para 2018 indicar a continuação do esforço de consolidação orçamental, a nossa primeira análise indica a presença de riscos orçamentais substanciais, especialmente se as ambições de crescimento não se materializarem ou se as receitas do petróleo ficarem aquém do estimado", escrevem os especialistas do banco de capitais sul-africano, citados pela Lusa.

Os peritos do Standard Bank alertam ainda que um falhanço nas previsões sobre o crescimento da produção de petróleo ou da economia "pode aumentar a pressão sobre o nível de dívida pública, estimado em quase 60% do Produto Interno Bruto".

Os analistas consideram que o Orçamento para o próximo ano "traça como meta uma ambiciosa aceleração do PIB para 4,6% em 2018 face aos 0,1% de 2016 e aos esperados 1,1% para este ano".

Pelo contrário, a previsão de evolução do preço do petróleo, de 50 dólares em 2018, é uma "assunção conservadora", mostrando apenas uma ligeira evolução face à estimativa de 48,4 dólares por barril este ano.

Isto poderá ajudar Angola a equilibrar as contas no próximo ano, já que as previsões internacionais apontam para médias mais perto dos 60 dólares por barril.

Nas considerações sobre o mercado financeiro de Angola, os analistas do Standard Bank afirmam que "o sentimento do mercado foi, de alguma forma, melhorado pelas acções de João Lourenço, desde as mudanças em lugares-chave até ao anúncio do combate à corrupção e a moratória sobre o repatriamento de capitais", que esperam possa atingir "vários milhares de milhões de dólares".

Para estes analistas, as ações do novo Presidente de Angola mostram "uma promessa de reformas económicas que deverão garantir um crescimento mais equilibrado, menos dependente do petróleo, o que implica a necessidade de tornar Angola mais atrativa para investimento fora do sector petrolífero, o que deve potenciar iniciativas que visem substituir as importações".