A mineração de criptomoedas: oportunidade ou desafio para o Estado?
A mineração de criptomoedas tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante no panorama económico global. Enquanto uns a vêem como fonte de receitas para o Estado, outros alertam para os impactos ambientais e regulatórios que pode acarretar. Este artigo propõe uma reflexão sobre quando a mineração pode representar uma via de receita pública, desde que regulamentada de forma inteligente e sustentável.

Do ponto de vista fiscal, a mineração pode contribuir para a arrecadação através de tributação sobre lucros, IVA e rendimentos de trabalho vinculados à actividade, bem como tarifas de importação de equipamentos. Em países com excedente energético, a venda de energia ou a aplicação de tarifas de consumo pode também gerar receitas adicionais para financiar serviços públicos. No entanto, a actividade consome energia de forma intensiva, muitas vezes proveniente de fontes não renováveis, o que exige uma regulação que incentive fontes renováveis para reduzir impactos ambientais e atrair investidores que valorizem a sustentabilidade.
Relativamente à governação, a adopção de regimes de licenciamento, obrigações de reporte e fiscalização de operações transfronteiriças pode reforçar a transparência e mitigar riscos de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. A legislação deveria definir a natureza jurídica da mineração, modelos de contabilização de lucros em activos digitais e mecanismos de cooperação regional para evitar evasões.
Além de receitas directas, a mineração pode gerar emprego e promover inovação tecnológica, nomeadamente através de tecnologias de blockchain, contribuindo para a diversificação da economia e para a atracção de investimento estrangeiro. Países com visão de longo prazo podem posicionar-se como líderes no sector, atraindo mineradores, startups e empresas de tecnologia, gerando emprego e riqueza.
Em conclusão, a mineração de criptomoedas oferece oportunidades de receitas e inovação, desde que haja um enquadramento regulatório sólido, com ênfase na sustentabilidade ambiental, na transparência fiscal e na promoção de um ecossistema de inovação. O grande desafio é equilibrar a promoção de capacidades tecnológicas com a protecção de recursos energéticos e ambientais, evitando riscos de fraude, evasão fiscal e impactos sociais.
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