Atentados também matam turismo na Turquia
TERRORISMO. Mais um atentado, desta vez na Turquia, fez mais 42 mortos e mostrou que os radicais islâmicos não desarmam. Ancara suspeita que tenha havido ajuda de altas entidades islâmicas e o presidente, muçulmano, afirma que matar é “ir directamente para o inferno”. Outra das ‘vítimas’ principais foi o turismo no país.
Não demorou a resposta aos atentados no aeroporto de Istambul que mataram 42 pessoas e fizeram mais de 240 feridos. A polícia turca deteve 13 pessoas na cidade turca, incluindo três estrangeiros, depois de ter feito rusgas simultâneas em 16 casas. Fora de Istambul, em Esmirna, outras nove pessoas foram detidas e são suspeitas de colaborarem com o Estado Islâmico. A nacionalidade dos estrangeiros não foi revelada.
Este foi o quinto ataque suicida na Turquia em apenas um ano. No total, morreram cerca de 200 pessoas e houve milhares de feridos, uma boa parte estrangeiros de várias nacionalidades. Logo, o turismo no país ressentiu-se. Este ano, atingiu os mínimos dos últimos 22 anos. O turismo é ‘apenas’ uma das principais fontes de receita: mais de 40 mil milhões de dólares anuais.
Em Maio, o Ministério do Turismo divulgou dados que apontavam para o maior declínio nas chegadas aos aeroportos em 22 anos, com uma queda de quase 35% no número de estrangeiros, ou seja, mais de 2,5 milhões de visitantes.
Atingir o turismo foi aliás uma das principais motivações de um dos atentados. O grupo Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), uma organização radical próxima do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), avisou os estrangeiros de que “não eram alvo”, mas que a Turquia “não é um país seguro”.
Os ataques afectaram principalmente as atracções turísticas mais emblemáticas. Na semana passada, foi o aeroporto de Istambul. Na mesma cidade, em Janeiro, 12 turistas alemães foram mortos num ataque suicida perto da basílica de Santa Sofia e da Mesquita Azul, ‘ex-libris’ do património cultural e arquitectónico da Turquia.
A 19 de Março, quatro estrangeiros morreram na avenida mais famosa e mais movimentada de Istambul. O último ataque, da semana passada, coincidiu com um feriado na Turquia em pleno verão.
No início da primavera, em Abril, o governo turco chegou a anunciar um plano de ajuda de vários milhões de dólares para apoiar o turismo. As autoridades turcas financiaram a imersão de um Airbus A300 em Kusadasi, um popular ‘resort’, para promover o turismo ligado ao mergulho.
Com o turismo a ‘afundar’, Ancara não tem qualquer dúvida de que os atentados têm a mão dos radicais islâmicos do Estado Islâmico, apesar de não terem sido reivindicados três dias depois. Nos jornais, a polícia turca foi dando indicação de que sabia que os bombistas partiram da Síria, da cidade Raqqa, um mês antes e que eram todos provenientes dos países que compunham a ex-União Soviética. Raqqa é considerada um bastião do Estado Islâmico. As autoridades garantem ter provas de que os autores do atentado eram membros do grupo.
O presidente Recep Erdogan, ele próprio muçulmano, apressou-se a marcar a diferença, declarando que os “terroristas não são verdadeiros muçulmanos”. “Isto não é islâmico. Tirar a vida de uma pessoa significa ir directamente para o inferno”, reafirmou aos órgãos de comunicação social.
De acordo com a polícia turca, os bombistas suicidas eram naturais da Rússia, Uzbequistão e Quirguistão. Segundo o jornalista Michael Weiss, autor do livro ‘ISIS - Por dentro do estado do terror’, as nacionalidades dos bombistas confirmam as suspeitas, porque há “fortes ligações” entre os ex-países da União Soviética e o Estado Islâmico. Também o director da CIA, John Brennan, encontrou semelhanças entre o último ataque e os que têm sido reivindicados pelo Estado Islâmico.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...