ANGOLA GROWING

Coisas do MPLA…

14 Jun. 2024 Suely de Melo Opinião

De um tempo a esta parte, virou moda os ministros queixarem-se que os angolanos estão a fazer muitos “nenés” e justificarem assim a incompetência generalizada que, dia após dia, serve de trampolim para indigência à qual os mwangolés estão atirados. Como se diz por aí, na outra vida devemos ter sido o povo que preferiu Barrabás a Jesus, o mesmo povo que atirou pedras à cruz e que por isso merece o governo que tem. Ora, primeiro a ministra da Educação justificou o elevado número de crianças fora do sistema de ensino com o aumento populacional. Logo de seguida, o ministro da Energia e Águas lamentou que não seja possível, 49 anos depois, distribuir o líquido precioso a todos, por conta do aumento populacional. Agora a ministra das Pescas justificou, com o aumento populacional, o facto de o pescado não chegar para todos.

Coisas do MPLA…

Sendo certo que o crescimento demográfico pode dificultar o desenvolvimento, é certo também que o fenómeno é apenas uma consequência do falhanço das políticas e não a causa. Tal como defende a teoria reformista, também conhecida como teoria marxista, o crescimento populacional não é responsável pela pobreza e pelo menor índice de desenvolvimento dos países, é decorrente da própria dinâmica do sistema económico caracterizado pela má distribuição de renda e pelas desigualdades sociais. A teoria reformista determina que a parcela mais pobre da população apresenta muitas restrições. No quesito particular da educação, a baixa escolaridade prejudica o acesso a informações sobre a realização do planeamento familiar e a utilização recorrente de métodos contraceptivos. Nesse sentido, seria pedir demais ao tal governo comandado pelo tal partido, que se diz o único capaz de liderar os destinos do país, o herdeiro, o dono disto tudo que se preocupasse em implementar políticas públicas que contraponham essa tendência, que adopte políticas de planeamento familiar e invista de facto na educação… Pelo contrário, é bem mais fácil descobrir-se mil e uma formas de se arranjarem desculpas e encontrarem-se culpados.

Falando em descobertas…

O Presidente da República descobriu, só esta semana, que afinal os comboios, no percurso Luanda-Novo Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, “operam em condições precárias, dada a persistência de mercados informais, circulação de vendedores ambulantes e animais, além da acumulação de lixo e outros detritos”. Das duas uma, ou o PR surpreendeu a todos com a sua visita de constatação e desse modo não foi possível a habitual “varredura” de tudo e de todos para passar a ideia ao chefe de que facto vivemos no país da Alice, ou fomos enganados, pra variar, e no dia da inauguração do NAIL, João Lourenço não chegou lá pela mesma via. De qualquer das formas, é inconcebível que continuemos a depender de o chefe de Estado ver com os seus próprios olhos a desorganização do país para de seguida exarar despachos emergenciais. Senão para que servem os seus auxiliares?! A ser verdade que João Lourenço fez uma visita surpresa, sugerimos que o faça mais vezes, se for essa a condição para a mudança. Que se lembre dos primeiros meses do seu primeiro mandato em que parava nos semáforos e ia à praia, sem o aparato que se assiste hoje. Que ao viajar pelo país o faça por terra e não pelos ares, para assim conhecer verdadeiramente o país que governa e os seus reais dikulos.

De dikulo em dikulo…

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