E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade internacional foi marcada pela retoma dos ataques aéreos em Gaza, com Israel agora insuflada pela administração Trump que já deixou bem claro que não tem qualquer preocupação com a vida dos palestinianos, pelo menos mais 600 pessoas perderam a vida numa guerra em que 70% dos mortos são crianças mulheres e idosos. Esta foi também uma semana em que o presidente turco aprisionou um dos principais opositores políticos, o presidente da câmara da capital espoletando protestos nas ruas... não é só entre nós que quem está no poder quer escolher quem lidera a oposição e assegurar que não é ninguém que crie ameaça ou esperança de alternância - há por aí verdadeiras escolas de autoritarismo que fazem destes expedientes uma arte. E foi notícia o acordo de cessar-fogo entre o Ruanda e a RDC, mediado pelo Qatar, que acabou marcando a nossa actualidade pela exclusão da mediação do excelentíssimo presidente da União Africana e da Républica de Angola - que ainda não se tinha refeito da última desdita causada pelos impedimentos à conferência internacional sobre democracia - e que foi ‘qualquerizado’, como dizem os moçambicanos, tanto pelo Ruanda como pela RDC, enquanto insistia na vinda do M23 e da RDC para conversações de paz.

Quanto à vergonha diplomática que levou aos maus tratos a dignatários estrangeiros que vinham para a conferência internacional, já muito foi dito, mas vale relembrar que o governo apenas estendeu à comitiva de dignatários estrangeiros (em que se incluía alguns ex-presidentes) o mesmo tratamento a que é votada rotineiramente a oposição angolana que já se habituou a todo o tipo de sabotagens desde cortes de água e luz na suas actividades, à ocupação de hotéis de forma a que não encontrem alojamento, a ameaças a empresários locais para que não aluguem espaços, equipamentos, viaturas, ao congelamento de contas, a restrições de movimento e a variados impedimentos abjectos e de mau caratismo deste tipo.
Se a UNITA preparou a conferência para coincidir com a assumpção da presidência rotativa pelo ‘campeão da paz’, saiu-se bem porque o poder caiu na esparrela de se comportar com estrangeiros da mesma forma que se comporta com a oposição internamente, quebrando o verniz e expondo a autocracia aos olhos do mundo com uma publicidade impensável e um amadorismo político absolutamente embaraçoso. Para não falar no complexo de escravo que parece emergir da diferença de tratamento votada à visita de Joe Biden em que só faltou se deitarem no chão para que o americano passasse por cima, que contrasta com a visita de delegados maioritariamente africanos. Não se trata de comparar ‘batatas com feijões’ mas de lembrar que a entrada no país deve ser, como professada pela política de Estado de atração de turismo e investimento estrangeiro: aberta para todos e sobretudo clara legal e com respeito aos protocolos internacionais de que o país é signatário e que cada vez mais abrem portas ao livre trânsito de pessoas.
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