Exploração de gás natural à espera de regulação e estratégias
INDÚSTRIA EXTRACTIVA. Especialista admite que reservas em gás natural, em Angola, serão superiores às reservas de petróleo. Operadoras dizem-se prontas para explorar recurso, caso se estabeleçam regras.
O país precisa de começar a traçar estratégias de exploração, desenvolvimento e monetização do gás condensado, recurso que tem sido descoberto em abundância na Bacia do Kwanza, defendeu o geólogo da Sonangol Lino Buambua, num fórum de negócio realizado em Luanda.
As empresas a prospectarem petróleo descobriram “quantidades significativas” de gás condensado, tanto no ‘onshore’ como no ‘offshore’ da Bacia do Kwanza na ordem de 10 a 12 TCF (Triliões de Centímetros Cúbicos).
Como Angola carece de quadro legal para a exploração de gás e as licenças de concessão das empresas estão limitadas ao petróleo, o que as empresas fazem é transferir o poço de gás à Sonangol/Estado, dono dos recursos naturais por lei, segundo disse Buambua. “Temos de pensar num novo pacote de legislação, estabelecer mecanismos que irão criar um mercado de modo a monetizar o gás e toda a cadeia de valores, que inclui o processamento, refinação, transporte e um mercado retalhista.”
O geólogo explicou também que “dependentemente da tecnologia que se usar”, é possível obter o petróleo a partir do gás condensado, recurso que “provavelmente” será mais abundante que o petróleo.
No entanto, o primeiro passo a seguir deve ser a aprovação de uma legislação adequada, que regule a actividade de exploração do gás e estipule incentivos de modo a captar investimentos na área, defendeu Lino Buambua.
A outra fase seria a avaliação do “quanto temos e depois mover para a criação do desenvolvimento industrial e económico”.
A Sonangol defende a criação de um “corredor industrial” que abrange as províncias de Luanda, Kwanza-Sul e Benguela que seria abastecido por electricidade proveniente do gás aproveitado da Bacia do Kwanza e a criação de uma indústria petroquímica que possa servir para produzir fertilizantes, amónio, metanol e fundição de alumínio.
Empresas internacionais, como a British Petroleum, têm “pressionado” Angola a aprovar um ‘Plano Director do Gás’. Em declarações recentes em Luanda, Darryl Willis, presidente regional da empresa, afirmou que a multinacional estaria pronta para investir na produção do gás, usando da sua experiência no ramo, caso a legislação existisse.
O Forúm ‘Empresa de Negócios do Século XXI’ foi organizado pela consultora holandesa EnergyWise e reuniu altos funcionários de empresas prestadoras de serviço, a Sonangol e os ministérios dos Petróleos e da Energia e Águas.
Durante dois dias, os especialistas debateram os temas ‘Como aumentar a eficiência operacional num mercado ‘offshore’ de baixos preços’, ‘Inovações e soluções técnicas disponíveis para a redução de custos, mantendo a viabilidade do projecto’, ‘O papel da energia hidroeléctrica como parte da matriz energética’, além de reexaminarem o papel do pré-sal, no desenvolvimento de uma estratégia industrial.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...