O pedinte ingrato
No início do primeiro mandato de João Lourenço, John Sullivan, então subsecretário de Estado norte-americano, passou por Luanda para deixar ordens claras. Se Angola quisesse contar com os Estado Unidos da América, devia afastar-se da Rússia e da China. Para os americanos, tratava-se de uma pré-condição inegociável para co-laborar com Angola nos domínios que interessavam a João Lourenço. Por meio de Sullivan, o recado dos americanos não dissimulava propriamente um teste de estresse. Os americanos Já sabiam o que a casa gastava e os passos que se seguiram da agenda externa de Luanda demonstraram que o regime angolano estava pronto e disponível para acatar as ordens.
Era o tempo em que o atrofiado combate à corrupção e a caça aos bens alegadamente desviados para o estrangeiro fazia manchetes espalhafatosas na imprensa pública. João Lourenço também fazia crer que tinha a noção clara da gritante falta de investimento privado no país. As duas agendas combinadas davam a justificação perfeita para a aproximação aos americanos, em detrimento do eixo chino-russo. No caso da suposta guerra contra a corrupção, o regime fez questão de espalhar a narrativa de que os americanos se transforariam em verdadeiros caçadores de fortunas que tratariam de retornar para Angola os biliões de dólares e euros dados como desviados. Por negligência, ingenuidade, manipulação ou por pura estupidez, a historieta dos caçadores de fortuna americanos foi inflamada no espaço público por correntes afectas ao poder. Não foi necessário, entretanto, muito tempo para os activistas
do regime abandonarem o discurso. Nem os investidores chegaram aos pontapés, nem os caçadores ‘made in America’ trouxeram as fortunas. Não foi por falta de aviso.
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“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...