Operadoras exigem acesso a créditos
AVIAÇÃO. Ministro dos Transportes fala da necessidade de rever o modelo da operação doméstica. Companhias, com grandes dificuldades, querem apoios para ‘levantar voo’.
Os gestores das companhias aéreas Heliang e Air Jet defendem que o Ministério dos Transportes “deve criar políticas e incentivos para as operadoras privadas se tornarem sustentáveis”. Uma das medidas preconizadas passa pela abertura de uma linha de crédito, destinada às empresas de aviação privada para renovarem as respectivas frotas.
É a resposta dos gestores à intenção do Ministério dos Transportes, acolhida favoravelmente, de rever o modelo de operação doméstica, para tornar o negócio sustentável e acabar com o actual estágio de fragmentação e falências das companhias.
O mercado doméstico da aviação comercial testemunhou, na última década, a falência de várias empresas. Das 18 operadoras registadas pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAVIC), apenas oito ainda funcionam e os investidores atribuem culpas às despesas de operação, mas há quem junte à má gestão.
Para o director comercial da Air Jet, Estevão Simba, a criação de uma linha de crédito para a renovação da frota constitui a “principal premissa para que as companhias domésticas sejam alavancadas”. Sugere ainda que a ideia deva ser acompanhada de uma revisão da tabela de preços das taxas aeroportuárias cobradas pela Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (ENANA) e do preço do combustível, acções que “são capazes de tornar o modelo de aviação doméstico sustentável”.
Além disso, as companhias debatem-se com o maior constrangimento, que é o acesso a divisas, cuja ausência tem causado enormes embaraços operacionais à Air Jet, que possui uma frota de oito aeronaves, do tipo Embraer 120 (2), B200 (4) e Jetstream (2). Parte encontra-se paralisada na Africa do Sul, onde os aviões foram levados para manutenção, mas não regressaram por falta de dólares para o pagamento. “Ouvimos sempre que há leilões de divisas no BNA, mas nunca são destinados às operadoras privadas” lamenta Estevão Simba, que considera a continuidade do actual quadro “sufocante, de elevados custos operacionais e receitas quase inexistentes, avisando que as empresas “podem estar condenadas à falência”.
Estevão Simba concorda que o mercado apresenta uma “letalidade elevada”, um problema que considera ser extensivo a algumas companhias estrangeiras que operam em Angola”. Estas “não permanecem por muito tempo, geralmente são afugentadas pelos custos operacionais, principalmente pelas taxas cobradas pela ENANA que variam consoante a flutuação do dólar e o preço do combustível”.
Avelina de Matos, directora financeira da Heliang, partilha a ideia de que o Ministério deve intermediar junto à banca nacional para a concessão de crédito “para não só permitir renovar a frota, mas também para a aquisição de dólares e de peças de reposição no exterior e para a manutenção que é feita geralmente no exterior.
No actual panorama, a gestora da Heliang afirma que não existe uma perspectiva de se renovar a frota, por “não encontrarem abertura dos bancos privados, embora seja um assunto de domínio do Ministério que tarda em reagir aos vários alertas das empresas de aviação.
Em situação normal, a operadora funciona com quatro aviões, B1900, B350 e B200, mas dois estão retidos também na África do Sul por falta de pagamento da manutenção, o que forçou a companhia a recorrer ao aluguer de aeronaves do mesmo tipo, uma operação que acaba por diminuir a margem da facturação que já é muito diminuta.
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