CARREIRA. Para quem está apenas a começar a empreender, o britânico Richard Branson é um dos multimilionários que tem muita história por contar a respeito. A sua ‘veia’ empreendedora vai desde a criação de uma revista, aos 15 anos, à criação de uma produtora de música, aos 20. Hoje, é um dos mais importantes gestores no ‘apetecível’ mercado do negócio aeroespacial. Se actualmente Richard Branson é dono de um império de mais de 400 empresas, que actuam em áreas como aviação, hotelaria e aeroespacial, aos 15 anos, o empresário só queria mudar o mundo no seu próprio estilo. Em 1965, Richard Branson decidiu dedicar-se a uma revista escolar que daria voz às questões que os jovens se importavam. A ‘The Student Magazine’ foi o primeiro passo de Branson no mundo do empreendedorismo. A revista cresceu, mas antes, o mega empresário teve de largar os estudos à procura de publicidade para financiar o seu projecto. A ‘The Student Magazine’ foi, entretanto, o começo de uma trajectória que incluiria diversos negócios, alguns dos quais tão grandiosos quanto o tamanho da ambição de Branson. Virgin Records, Virgin Airlines, Virgin Hotels, Virgin Galactic, para citar apenas alguns. Hoje multimilionário, dono de uma fortuna avaliada em 5,1 mil milhões de dólares, segundo a Forbes, diz, porém, que os fracassos foram muitos. “Você precisa de tentar as coisas. Algumas vão dar certo, outras vão falhar. Mas o importante é estar a aprender o tempo todo com aquilo que não está a dar certo”, afirma. “Lembre-se: se você não tiver fracassos, não terá nenhum sucesso”. A premissa, segundo a qual “os clientes são os maiores activos do negócio”, que acabou por se tornar ‘palavra de ordem’ no mundo corporativo é algo que, segundo a imprensa especializada em matéria de gestão, Richard Branson defende fortemente. Aliás, o seu maior conselho para quem quer empreender é olhar para um sector ou área que não está a prestar um bom serviço aos clientes. “Ali há uma boa oportunidade de sucesso”, defende o multimilionário. Foi assim que terá fundado a sua companhia de aviação em 1984, a Virgin Airlines, considerada hoje como a segunda maior da Europa. A ideia, segundo a imprensa especializada, surgiu após Branson ter perdido um voo e ter sido mal atendido, para além de ter passado por apuros e ser “desprezado” pela companhia aérea. Depois, viria a sua segunda maior premissa, onde defende ser “preciso ter orgulho de onde se trabalha para, assim, conseguir tratar bem os clientes”. Numa recente palestra, nos Estados Unidos, Branson relembrou recente caso da United Airlines, que expulsou e agrediu um passageiro. “As pessoas que trabalham na United não são orgulhosas e felizes de trabalhar na empresa. Do contrário, elas não arrastariam um passageiro para fora do avião”, disse. Liderar é delegar Richard Branson diz que actualmente dedica 80% de seu tempo a trabalhar em causas em que acredita, ou de projectos que resolvam problemas da sociedade. Isso só é possível, explica, porque aprendeu a gerir as suas empresas e negócios. “Eu acho que você só pode comandar uma empresa. Mais do que isso não dá. Encontre alguém melhor que você para aquele negócio e deixe-o gerir a companhia”, sublinha, lembrando que “o problema é que muitos empreendedores são péssimos a gerir, mas pense que se souber fazer isso, a sua oportunidade de construir mais companhias aumenta muito”. Ao falar de liderança, Richard Branson defende igualmente que a solução para se conseguir desenvencilhar dos negócios para actuar em causas importantes não depende actualmente, como ocorreu no passado, da venda de activos ou empresas. “Eu odeio vender companhias. Toda a empresa é formada por um grupo de pessoas, muitas viram amigos. Vender uma empresa é como colocar as pessoas ali à venda”, advoga. Escolha uma causa no mundo O multimilionário britânico diz, por outro lado, que não importa o tamanho dos seus recursos ou tempo, sendo que cada um pode fazer alguma diferença. Seja ela em menor ou maior escala. Defende, no entanto, que os empreendedores, como ele, poderiam usar as suas habilidades desenvolvidas para criar e gerir um negócio em causas sociais. Em relação à sua trajectória filantrópica, Branson diz que vê hoje um ambiente mais propício para apoiar novas causas além do negócio. “Eu acho que, por muito tempo, as empresas acharam que o governo é que deveria cuidar dos problemas sociais. Mas elas têm mudado a sua visão, têm procurado actuar de outra forma. Têm pensado que não é preciso ser apenas uma máquina de fazer dinheiro”.
António Nogueira
DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA. Para além de uma área de cerca de 35 milhões de hectares de terras aráveis para a prática da agricultura, país possui ainda ‘virtudes’ como um potencial hídrico estimado em 140 mil milhões de metros cúbicos. Nutrientes considerados mais do que suficientes para alavancar o sector, segundo o novo chefe do Executivo. O Presidente da República, João Lourenço, reafirmou, na passada quarta-feira, no município do Cachiungo, no Huambo, o empenho do Governo para incrementar a produção agrícola e acabar com a importação de alimentos. O estadista, que discursava durante a abertura da campanha agrícola 2017/2018, apelou, no entanto, aos actores do sector para a criação de estratégia e políticas que estimulem a produção em grande escala, para a segurança alimentar. “Vamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para não importar alimentos, porque temos capacidade de produzir comida, temos de ser nós a produzir a comida de que precisamos, bem como exportar e angariar divisas com o excedente”, defendeu, tendo alertado que é chegada a hora de semear para depois colher, arregaçar as mangas para tirar maior proveito daquilo que a terra pode dar. De acordo com os dados oficiais, Angola possui uma disponibilidade de 35 milhões de hectares de terras aráveis para a prática da agricultura, sobre uma superfície cultivada de cinco milhões de hectares (14% do total), para além de uma faixa irrigável de sete milhões de hectares da sua área total, dos quais 3,4 milhões de exploração tradicional. Para além dessas ‘virtudes’, o país possui ainda uma rede hidrográfica constituída por 47 bacias e com um potencial hídrico estimado em 140 mil milhões de metros cúbicos. Foi com base nesse quadro que o Presidente da República encorajou os agricultores, apesar das dificuldades, escassez de sementes, adubo e de instrumentos de trabalho, a não cruzarem os braços e a continuarem a produzir alimentos. O estadista lembrou, por outro lado, que a diversificação económica que se persegue deve ter em atenção o sector agrícola como o primeiro sinal, para a sua efectivação, ressaltando que só poderá haver sucesso na persecução deste objectivo se, para além de desenvolver outros ramos da economia, os angolanos forem capazes de promover o crescimento daquilo que é fundamental na diversificação, a agropecuária. Nesta perspectiva, defendeu, de modo particular, o aumento da produção de cereais como milho, soja, feijão, entre outros, para alavancar também a pecuária, por intermédio da auto-suficiência alimentar para o gado. PRODUÇÃO DE CEREAIS DISPARA Algumas dessas produções agrícolas, entretanto, foram já destacadas no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) do ano que está prestes a terminar. O documento refere, por exemplo, que se estima uma produção de cereais de 2.820,4 mil toneladas, no final deste ano, contra as 2.379 mil de 2016. Já para as leguminosas oleaginosas espera-se uma produção de cerca de 228,4 mil toneladas, contra as 685,6 mil toneladas do ano anterior, enquanto para as frutas se estima uma produção de 5.562,8 mil toneladas, no final de 2017, contra as 5.042,5 mil toneladas de 2016. No cômputo geral, o Governo agora liderado por João Lourenço, ainda que tendo como base o desempenho do anterior Executivo, espera melhores resultados na agricultura este ano. Prevê-se que o sector venha a registar um crescimento na ordem dos 7,3%, um desempenho que deverá resultar de um conjunto de políticas do Executivo, em que se destacam o suporte à produção nos perímetros irrigados, o suporte às cooperativas de camponeses, o melhoramento dos solos, a distribuição de fertilizantes e calcário e os apoios à importação de meios de produção. Caso venham a efectivar-se as previsões de crescimento, avançadas pelo Governo, o sector da agricultura deverá somente ser superado, em termos de crescimento, pelo sector da energia que, segundo se estima, deverá crescer 40,2%, deixando para trás áreas como a da indústria transformadora (4,0%), construção (2,3%) e pescas (2,3%). Entretanto, o crescimento projectado é, ainda assim, inferior à média prevista no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013-2017, de 9,8%. O Governo considera ainda assim este cenário como suficientemente robusto para funcionar como a base de um processo de industrialização orientado para o consumo interno e para a promoção de exportações. Vale salientar que, depois da profunda estiagem que assolou áreas extensas do país e que afectou negativamente a actividade agrícola no ano de 2012, implicando um crescimento negativo na ordem dos 22,5%, o sector agrícola registou um expressivo revigoramento em 2013, apresentando uma taxa de crescimento de 42,3%. Em 2014, este sector verificou uma forte desaceleração, crescendo a taxa de 11,9%, tendo estagnado no ano de 2015 com crescimento de 0,8%.
O ‘núcleo duro’ de JLO
NOVO GOVERNO. Além dos três ministros de Estado (Casa Civil, Casa da Segurança e Desenvolvimento Económico e Social) são, no total, 11 os colaboradores directos do novo Presidente da República, cuja missão principal é o de auxiliar João Lourenço a colocar em marcha o programa de Governo prometido aos angolanos. O Presidente da República, João Lourenço, após a sua investidura, precisou apenas de um dia para começar a indicar os membros do seu gabinete para o ciclo governativo 2017-2022. Ao todo, são 11 os colaboradores directos do novo chefe de Estado que, ainda durante a campanha eleitoral e, mais tarde, durante a investidura no cargo de Presidente da República, prometeu, entre outras tarefas, combater o fenómeno da corrupção, a pobreza e os altos níveis de inflação. Quem chefia o gabinete é, entre os 11 colabodores, aquele que já atingiu o mais elevado cargo na chefia do Governo. Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa foi chefe da Casa Civil de José Eduardo dos Santos, depois de ter passado pela Comissão Nacional Eleitoral. Exonerado da Casa Civil, manteve-se no Palácio como secretário-geral da Presidência. Nas questões económicas, João Lourenço deve contar com o apoio directo de Carlos Aires da Fonseca Panzo, nomeado para o cargo de secretário para os Assuntos Económicos. Já no consulado do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos, Panzo era tido como um destacado quadro, tendo exercido cargos de relevo em alguns dos mais importantes ministérios. Em 2009, por exemplo, foi nomeado pelo então ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, para exercer o cargo de director do gabinete de acompanhamento macroeconómico daquele pelouro, tendo, anos mais tarde, migrado para o Ministério das Finanças onde chegou a exercer o cargo de director da Unidade de Gestão da Dívida Pública do Estado, até Maio de 2013. O economista chegou também a coordenar a Comissão de Gestão do Fundo de Fomento Habitacional, tendo sido substituído em Maio de 2013 por Edson Augusto dos Santos Vaz. Em Dezembro do mesmo, ano dá-se igualmente por terminado a função que vinha exercendo na Sonangol E.P, como presidente do conselho fiscal. Até antes da sua nomeação para o novo cargo na Presidência da República, Carlos Panzo desempenhava funções de administrador executivo do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA). Outro renomado quadro indicado por João Lourenço para ajudar a pôr em marcha o programa económico do MPLA é Isaac Francisco Maria dos Anjos, nomeado para o cargo de secretário do sector produtivo do Presidente da República. Entre as principais tarefas a si atribuídas, deverá colaborar com o novo chefe de Estado para que haja efectivamente uma “maior aposta na produção agrícola e pecuária em pequena e grande escalas e na garantia do escoamento dos produtos do campo para as vilas e cidades”. Isaac Francisco Maria dos Anjos, para além de ser um antigo militante do MPLA, já exerceu também cargos relevantes a nível do Executivo, com destaque para o de governador da Huíla, Namibe e Benguela, tendo sido exonerado deste último cargo, em Junho passado. SECTOR SOCIAL ENTRE AS PRIORIDADES No plano social, para reduzir “as desigualdades sociais, promovendo um maior acesso à educação e ao conhecimento, à assistência de base para todos, à segurança social e à assistência aos vulneráveis e desfavorecidos” João Lourenço contará também com Carlos Alberto Lopes, a quem indicou para ocupar o cargo de secretário para os Assuntos Sociais. Carlos Alberto Lopes já foi ministro das Finanças, tendo sido substituído, em 2013, por Armando Manuel. Por outro lado, a reforma da justiça, segundo João Lourenço, precisa de um novo impulso, “de modo a serem concluídos os vários códigos que estão a ser reapreciados e aprovadas medidas administrativas e operativas para diminuir o elevado número de processos pendentes”. No seu gabinete, João Lourenço apostou em dois jovens juristas, nomeadamente Marcy Cláudio Lopes, nomeado para o cargo de secretário para os Assuntos Políticos, Constitucionais e Parlamentares do Presidente da República e Itiandro Slovan Simões, indicado para o cargo de secretário para os Assuntos Judiciais e Jurídicos do Presidente da República. Até ter sido nomeado para as novas funções, Marcy Cláudio Lopes desempenhava as funções de director para as questões dos partidos políticos do Tribunal Constitucional, enquanto Itiandro Slovan era até então consultor do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, para além de ser docente na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto. No plano internacional, Lourenço deverá requerer do seu mais próximo colaborador para esta área, no caso Victor Manuel Rita da Fonseca Lima, nomeado para o cargo de secretário para os Assuntos Diplomáticos e de Cooperação Internacional, contribuições para uma actuação que viabilize uma maior aproximação na relação com o mundo, como, de resto, deixou patente no seu discurso de investidura. Licenciado em História, Victor Manuel Rita da Fonseca Lima já, por várias vezes, chefiou representações diplomáticas de Angola no estrangeiro, sendo de destacar Japão e Coreia do Sul entre 2000 e 2006, França (2006/2009) e em Setembro de 2009, em Espanha. O gabinete de João Lourenço é ainda composto por Flávio Saraiva de Carvalho da Fonseca, nomeado para o cargo de secretário para os Assuntos Regionais e Locais do Presidente da República e Luís Fernando, secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa. Completam a lista do ‘staff’ Félix de Jesus Cala, secretário-geral do Presidente da República, e Edson Ulisses de Carvalho Alves Barreto (director do Gabinete de Quadros do Presidente da República.
PETRÓLEO. Concessionária nacional afirma estar empenhada e “fortemente comprometida” para, em conjunto com todos os intervenientes da indústria petrolífera nacional, cumprir a sua missão de aumentar as receitas para o Estado. A Sonangol participou na manhã, da passada sexta-feira, com algumas operadoras petrolíferas, numa reunião convocada pelo Presidente da República, João Lourenço, na sequência de uma exposição feita pelas referidas operadoras ao chefe de Estado, onde identificavam várias questões relacionadas com as suas estratégias de investimento e operações em Angola. De acordo com um comunicado da concessionária petrolífera nacional, um dos pontos levantados pelas operadoras no encontro prende-se com a melhoria das condições fiscais e competitivas oferecidas aos investidores, quando comparadas a países produtores de petróleo como o México, Brasil ou Nigéria. A Sonangol salienta, no entanto, que já havia encomendado, nesse âmbito, um estudo comparativo sobre os vários países produtores de petróleo, no sentido de apoiar o Governo, na tomada de decisões que posicionem Angola num patamar internacional mais competitivo. A nota, porém, não detalha se o estudo em causa chegou a ficar concluído. No documento apresentado pelas operadoras, o excesso de burocracia no sector, é outro elemento apontado como desfavorável ao desenvolvimento da indústria. A petrolífera nacional refere ainda que, em linha com as preocupações dos seus parceiros e no intuito de se anteciparem algumas soluções, procedeu-se recentemente à revisão dos seus estatutos, eliminando-se assim um nível na pirâmide das aprovações, “o que tornará mais célere todo o processo de análise e aprovações dos dossiers das operadoras”. “ Tal como já fora anteriormente comunicado, estão actualmente também identificadas as áreas críticas de melhoria, que requerem total dedicação e especialização devido à importância que assumem no negócio, nomeadamente a gestão da concessionária; a revisão dos antigos processos de aprovações existente há décadas na empresa; a substituição do ex-presidente da comissão executiva que tinha a responsabilidade pela gestão da concessionária e pela relação com as operadoras”, salienta o comunicado. Estas funções, segundo a petrolífera nacional, passam agora a ser desempenhadas por dois administradores que garantem total comprometimento com as melhores práticas de gestão e, assim, o tratamento mais célere dos desafios do sector. “Temos trabalhado num diálogo constante e transparente com os operadores para fazer avançar os interesses da indústria nacional. Nesse sentido, realizámos, em Julho deste ano, um ‘roadshow’ internacional nas sedes das principais operadoras petrolíferas, para discutir os planos de investimento em Angola, e os desafios da indústria”, refere a Sonangol. Esta actividade, segundo ainda o comunicado, correu a par das reuniões permanentes que se efectuam com todos os operadores em Angola. “Assim, a Sonangol alcançou com os operadores aumentos significativos da competitividade da indústria petrolífera naciona” Com efeito, os custos de produção por barril caíram 48% de 2014 a 2016 e os esforços de racionalização de custos e investimentos, liderados pela Sonangol, resultaram em poupanças adicionais de 1,7 mil milhões de dólares em 2017. A Sonangol reafirma que vai continuar a trabalhar com os operadores para identificar novas oportunidades de investimento, tendo realçado ainda que, apesar da redução do investimento recente em Angola como consequência da redução do investimento a nível mundial, continuam a existir oportunidades “muito interessantes” em óleo e gás, suficientes para manter os níveis de produção com rentabilidade atractiva num horizonte bastante longo.
CARREIRA. Nguyen Thi Phuong Thao, de 56 anos, construiu uma companhia aérea avaliada em 1,2 mil milhões de dólares e uma fortuna de 1,7 mil milhões de dólares. Actualmente é titulada como a única mulher do Sudeste da Ásia com uma fortuna multimilionária. As mulheres representam uma pequena fatia, de 11%, na lista das pessoas mais ricas do mundo pela lista da Forbes do ano passado. E a grande maioria é herdeira de fortunas, destacando-se casos como o da multimilionária Liliane Bettencourt, falecida a 21 de Setembro deste ano, até então considerada a mulher mais rica do mundo. Herdeira da marca de cosméticos L’Oréal, ostentava um património avaliado em 39,5 mil milhões de dólares. Há também o caso de Alice Walton, 67 anos, colocada, até antes da morte de Liliane Bettencourt, na posição de segunda mulher mais rica do mundo. Dona de um património avaliado em 33,8 mil milhões de dólares, Alice Walton é herdeira da rede de supermercados norte-americana Wal-Mart. Entretanto, neste ano, um nome deverá engrossar a lista das mulheres mais ricas do mundo, em especial entre as que fizeram riqueza por esforço próprio. Trata-se, segundo a Forbes, de Nguyen Thi Phuong Thao, empresária vietnamita, de 56 anos, que lançou, em Dezembro de 2011, a primeira companhia aérea do Vietname para concorrer com a operadora nacional, líder do sector no país. Em cinco anos, a VietJet Air cresceu a tal ponto de operar mais de 40% dos voos do país, chegando a valer 1,2 mil milhões de dólares no mercado, o que atribui à Nguyen Thi Phuong Thao um património líquido estimado em 1,7 mil milhões de dólares, o segundo maior do país, além do título de única mulher do Sudeste da Ásia com uma fortuna multimilionária. “Sempre fiz grandes negócios, nunca fiz nada em pequena escala”, disse Nguyen numa entrevista à Forbes na última semana. “Quando as pessoas estavam a negociar um contentor de mercadorias, eu já estava operacionalizar centenas deles.” DESCOLAGEM SEGURA A ideia do negócio surgiu anos depois de Nguyen Thi Phuong Thao ter estudado economia e finanças na antiga União Soviética, na década de 1980, e trabalhado com negociação de commodities na Europa Oriental e Ásia. Ao voltar ao seu país de origem, Nguyen prosseguiu com a trajectória, investindo em bancos e liderou, ao mesmo tempo, projectos comerciais imobiliários e resorts, áreas de negócios que, segundo a Forbes, lhe terão dado experiência suficiente para gerir a grande procura de viagens aéreas que iam surgindo no país. Este terá sido o primeiro grande passo para que projectasse uma nova estratégia de negócio. A partir daí, a empresária decidiu pesquisar os modelos usados por companhias aéreas de baixo custo de todo o mundo, como a Southwest, Ryan Air e AirAsia, e desenhou o que seria o negócio ideal no ramo no Vietname. Conseguiu a licença para operar em 2007, mas suspendeu os planos na sequência da alta do preço do petróleo no mercado internacional, custo que representa quase metade de uma operação desse porte. Em 2010, na tentativa de mitigar o risco, fechou uma joint-venture com a Air Asia, o que não resultou. No ano seguinte, levantou o primeiro voo sem ajuda de terceiros e, desde então, cresceu rapidamente. No segundo ano de operação, a VietJet já obteve lucro, graças à derrapada do principal concorrente, a Vietnam Airlines, e ao crescimento do mercado no país, que saltou 29% entre 2012 e 2016. A companhia, cotada na bolsa vietnamita desde Fevereiro, oferece agora 300 voos diários, entre 63 rotas locais e dezenas de internacionais, além de 45 jactos. Os planos para o futuro, não tão longínquo assim, é ampliar os horizontes e conquistar o mundo. “A VietJet pretende ser uma companhia aérea internacional, não apenas local”, disse a empresária em entrevista à Forbes. Se os ventos forem tão favoráveis quanto foram até agora, Nguyen sabe que, com trabalho duro, visão estratégica e ousadia, ela deverá ser capaz de chegar em aqualquer lugar. Esta é, pelo menos, a conclusão a que chegaram os analistas da Forbes.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...