PETRÓLEO E GÁS. Empresa determinou esta segunda-feira, 31, como a data do termo para a recepção de candidaturas, visando mais um carregamento do gás natural liquifeito, produzido pelo Angola LNG. Novo carregamento deverá ter como destino países do Leste asiático. O projecto Angola LNG anunciou, na passada quarta-feira, a abertura de um concurso para um novo carregamento de gás natural liquifeito que deverá ocorrer entre os dias 1 e 3 de Agosto, noticiou, na semana passada, a imprensa internacional da especialidade, que cita fontes do mercado. O concurso exige que as candidaturas que venham a ser submetidas à avaliação sejam enviadas à Angola LNG até esta segunda-feira, 31, devendo permanecer válidas até ao dia 2 de Agosto, segundo avança, no seu portal de internet, a S&P Global Platts, considerado um dos maiores fornecedores internacionais de informação e preços de referência para os mercados de petróleo e gás. As informações disponíveis não quantificam, no entanto, o volume de metros cúbicos que deverão ser transportados no carregamento previsto para Agosto. Entretanto, as fontes contactadas adiantam que, para o carregamento em causa, estão previstas algumas restrições no destino de entrega, estando o processo dessa vez limitado a destinos como o leste do canal do Suez, no Egipto, para além do porto de Singapura. “Isso excluiria todos os terminais da Ásia do Norte, incluindo os da China, Taiwan, Japão e Coreia do Sul”, referem ainda as fontes contactadas pela S&P Global Platts, que realça, porém, não ter conseguido obter um esclarecimento junto do Angola LNG, por indisponibilidade dos responsáveis autorizados a falar sobre a matéria. O último concurso aberto pela Angola LNG, para um carregamento programado para decorrer entre 22 e 24 de Julho, encerrou no passado dia 26 de Julho, mas o processo, segundo a imprensa especializada, terá decorrido na normalidade, no entanto, “sem restricções no destino de entrega”. Entretanto, os vencedores deste carregamento, em particular, não foram divulgados, assim como não foram igualmente revelados o volume de gás natural liquifeito transportado, no período em referência, de acordo com a S&P Global Platts. O PROJECTO POR DENTRO A Angola LNG é uma parceria liderada pelo grupo norte-americano Chevron, cujas instalações, no Soyo, foram construídas por outra companhia norte-americana, a Bechtel. O projecto tem registado uma série de paragens programadas e não-programadas, desde que retomou as exportações, em Junho de 2016, após uma paragem de dois anos para reparações de grande dimensão. O primeiro carregamento de 160 mil metros cúbicos de LNG destinado ao Brasil foi entregue no terminal de regaseificação da Petrobras na baía de Guanabara, Rio de Janeiro, em Junho passado a bordo do navio-tanque Sonangol Sambizanga. O gás foi carregado no Sambizanga, um navio-tanque da empresa, entre os dias 3 e 5 do mesmo mês, numa altura em que o preço do gás natural registava uma queda de cerca de dois terços para menos de cinco dólares por cada milhão de BTU (“British Thermal Units”). Em Julho do ano passado, a Angola LNG Marketing previa exportar anualmente 5,2 milhões de toneladas de gás natural liquefeito em 70 carregamentos. Além do gás natural liquefeito, a empresa, que assegura as operações comerciais do projecto Angola LNG, inclui na carteira de produtos a exportação de gases como propano, butano e condensados. A companhia assinou diversos acordos para a venda de gás natural liquefeito com empresas do sector energético em todo o mundo. Avaliado em 10 mil milhões de dólares, Angola LNG representa um dos maiores investimentos alguma vez efectuados na indústria petrolífera nacional, dispondo de sete navios-tanque e três cais de carregamento. Lançado em 2007, para aproveitar o gás natural resultante da exploração petrolífera, o projecto reúne, além da Chevron (36,4%), a angolana Sonangol (22,8%) a britânica BP Exploration (13,6%), a italiana ENI (13,6%) e a francesa Total (13,6%).
António Nogueira
CARREIRA. Todos eles alcançaram o topo do mundo dos negócios, hoje têm status de quase celebridades, forjam novas ideias e produtos e moldaram a forma como vivemos. Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Elon Musk, Warren Buffet e Richard Branson são garantidamente alguns dos nomes que para aqui devem ser chamados. Mas, na verdade, o que eles têm em comum? Todos eles alcançaram o topo do mundo dos negócios, hoje têm status de quase celebridades, forjam novas ideias e produtos e moldaram a forma como vivemos. Quando especialistas estudam líderes excepcionais, conseguem apontar algumas características que parecem acompanhar o sucesso, como mostrou, num estudo recentemente divulgado, a revista Inc., especializada em matérias sobre gestão de empresas. PODER DE DECISÃO Uma das características então realçadas, no artigo em causa, tem que ver com o poder de decisão que é transversal aos seis CEOs. Diz o artigo que tomar decisões claras e rapidamente é melhor que demorar para tomar decisões perfeitas. “Actualmente, essa regra vale mais do que nunca. O mundo se move a um ritmo frenético. Como mostraram os eventos recentes vividos pela United Airlines, as empresas (e os seus respectivos líderes) precisam reagir rapidamente para lidar com reclamações de consumidores”, acrescenta o estudo. A análise lembra que é preciso entender que, nesse ponto, o tempo é um inimigo. Talvez não houvesse problema esperar uma semana ou duas para responder a um incidente similar ao vivido pela United em 1975. Mas em 2017, a informação é compartilhada em segundos com todo o mundo. Os melhores CEOs tomam decisões rapidamente e com convicção. “Estipule um prazo, converse com seus conselheiros e colegas e tome uma decisão baseada na melhor informação que você tenha disponível”, aconselha o estudo. PREPARE-SE PARA O IMPACTO Outro conselho realçado no estudo, e que parece ser também uma característica comum nos CEOs acima descritos, refere que “ser um CEO é entender como é ser um líder efectivo e inspiracional. Você pode ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas, se você não conseguir atrair os demais para uma causa, será difícil ter sucesso como CEO”. Nem todo mundo é um líder natural. Algumas pessoas precisam trabalhar nisso, e não há problema nisso. Primeiro, entenda o que os seus accionistas realmente querem (as prioridades) e siga em frente com foco em entregar os resultados, aconselha o estudo. O memso que adverte ainda aos CEOs a “deixar claro às pessoas que elas são importantes no processo e que farão parte da vitória. Afinal, negócios são esforços de equipa, e os melhores CEOs sabem como incentivar a acção colectiva e a busca pelo bem comum”. “Mas lembre-se também de não evitar os conflitos a qualquer custo. Às vezes, o conflito é necessário na busca por negócios globais e desempenho excelente”. ADAPTE-SE PROACTIVIDADE Ainda que os CEOs sejam responsáveis por assegurar o sucesso no presente, os melhores líderes têm atenção firme no amanhã. Muitos costumam usar a palavra “visionário” para descrever essas características. “De facto os melhores CEOs são aqueles que conseguem prever e moldar o futuro”, considera o estudo da revista Inc., que no entanto aconselha ao uso da dica de Steve Jobs que apela aos gestores a gastar 50% do seu tempo focados em objectivos de longo prazo. Afinal, as metas de curto e médio prazo normalmente já estão estabelecidas (e as pessoas já estão a trabalhar nelas). Esta estratégia, segundo a revista especializada em gestão de empresas, permite que você melhore sua percepção das mudanças e consiga criar mais oportunidades para movimentos importantes. Lembre-se que os melhores CEOs também lidam com erros. Como diz Elon Musk: “O fracasso é uma opção aqui. Se as coisas não estão a falhar, não há inovação suficiente”. O importante é saber aprender com o fracasso e como passar a mensagem à sua equipa. ENTREGUE DE FORMA CONFIÁVEL A última peça do quebra-cabeças pode não parecer grande coisa, mas é surpreendente quantos CEOs falham em entregar as promessas mais simples. “Antes de fazer qualquer coisa, certifique-se de que é possível entregar seus objectivos de forma confiável e consistente”, recomenda o estudo da Inc, realçando ainda que os “funcionários confiam em líderes previsíveis. Os seres humanos buscam ambientes em que se sentem seguros e confortáveis”. “Isso não significa que você precisa ficar na zona de conforto. Assuma riscos. Mas lembre-se, quando se tratar do básico (comunicação corporativa, disponibilidade à equipa e objectivos financeiros básicos), tenha certeza de que você conseguirá alcançar os seus objectivos, e mantenha um grau de confiança que vai motivar a sua equipa”, concluiu o estudo.
O guru da bolsa e orientador de Warren Buffet
MERCADO BOLSISTA. Tal como Isaac Newton, apelidado de ‘o pai da ciência moderna’ e de Adam Smith, baptizado como o ‘pai da ciência moderna’, Benjamin Graham foi apelidado como o ‘pai da ciência da avaliação de acções’. Muitos analistas questionam-se, ainda hoje, como é que o filho de um negociante londrino de porcelanas chegou a ser o primeiro guru de bolsas, sendo, inclusive, para alguns, o maior de sempre? A resposta, no entanto, foi muitas vezes encontrada nos resultados conseguidos por Benjamin Graham. Para além de ter sido considerado “um destacado académico”, a sua sociedade, a Graham-Newman, ganhou quase 15% por ano em duas décadas. De acordo com Jason Zweig, colunista do The Wall Street Journal, “antes de Graham, os gestores de activos comportavam-se como grémios medievais, guiados largamente pela superstição, adivinhação e rituais arcanos”. O primeiro contacto com a bolsa foi provavelmente por volta dos 13 anos: após a morte do pai, a família enfrentou dificuldades e a mãe, ao recorrer a empréstimos para investir na bolsa, perdeu tudo no Pânico de 1907, que arrasou o mercado norte-americano. Benjamin Graham conseguiu, no entanto, uma bolsa para estudar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Apesar de ter recebido convites de três departamentos – Inglês, Matemática e Filosofia – para se dedicar ao mundo académico após finalizar o seu curso, o jovem Graham, de 20 anos, optou por ingressar no mundo de Wall Street. Começou como empregado de uma correctora de obrigações, passou a analista, depois sócio e, mais tarde, criou a sua própria firma, a Graham-Newman. Reza a história que, na sequência da Quinta-Feira Negra de 1929, que marcou o início da Grande Depressão norte-americana, Benjamin Graham perdeu cerca de 70%, mas sobreviveu e saiu mais forte. Entre 1936 e 1956, o ano da sua aposentação, a sociedade Graham-Newman ganhou anualmente 14,7%, de acordo com a investigação de Jason Zweig. Antes disso, em 1928, Graham tinha ingressado à Columbia para leccionar sobre investimento. Terá sido aí que orientou um jovem Warren Buffett, entre muitos outros grandes futuros investidores de bolsa. Buffett tornar-se-ia, mais tarde, seu empregado e amigo. De acordo ainda com as investigações de Jason Zweig, terá sido em 1928 que Benjamin Graham surpreendeu o magnata John Rockefeller. Depois de investigar a Northern Pipe Line, uma das sociedades criadas através do desmembramento do império de Rockefeller, descobriu que a companhia tinha obrigações que valiam 95 dólares por acção, quando cada acção cotava na bolsa a 65 dólares. A partir daí, teria demorado dois anos a conseguir que a maioria do capital fosse distribuída aos proprietários, encaixando uma boa mais-valia para a sua sociedade, que já era a segunda maior accionista. Foi a sua experiência profissional e académica, aliada à sua natural inteligência, que o colocam no pódio dos gurus da bolsa, segundo defende Jason Zweig.
REVOGAÇÃO. Diploma estabelece que o visto de trabalho para trabalhadores não residentes “pode ser concedido até ao termo do contrato de trabalho, de acordo com a duração do contrato estabelecido entre o empregador e eventuais renovações”. Um novo decreto presidencial, que entrou em vigor este mês, determina que os trabalhadores estrangeiros em Angola, com o estatuto de não-residentes, vão passar a poder ter visto de trabalho válido até ao termo do contrato com o empregador. Esta é a segunda alteração à legislação em vigor sobre trabalhadores estrangeiros não-residentes, facilitando a contratação, depois de retiradas, em finais de Abril último, as limitações ao tempo de contrato e do pagamento exclusivo em moeda nacional angolana. Em concreto, esta nova alteração, neste caso à legislação de 2011, feita por decreto presidencial de 4 de Julho, estabelece que o visto de trabalho para trabalhadores não residentes “pode ser concedido até ao termo do contrato de trabalho, de acordo com a duração do contrato estabelecido entre o empregador e eventuais renovações”. Por norma, a emissão de visto de trabalho pelas autoridades nacionais é válida por um ano, com possibilidade de duas prorrogações por igual período, até ao limite de três anos. Sobre trabalhador estrangeiro não residente entende-se um cidadão de outra nacionalidade, que ,“não residindo em Angola, possua qualificação profissional, técnica ou científica, em que o país não seja auto-ssuficiente, contratado em país estrangeiro para exercer a sua actividade profissional em território nacional por tempo determinado”. De acordo com uma notícia, avançada pela Lusa em Abril último, os limites impostos pelo Governo à contratação de trabalhadores estrangeiros não residentes, por um máximo de 36 meses e com pagamentos exclusivamente em kwanzas, duraram pouco mais de um mês, tendo sido revogados. Em causa, está o decreto presidencial de 6 de Março, que a Lusa noticiou na altura, regulando o exercício da actividade profissional do trabalhador estrangeiro não residente, e que visava, segundo o texto do documento, regulamentar esta actividade, “de modo a permitir um tratamento mais equilibrado” entre nacionais e expatriados. A versão inicial proibia o pagamento de salários em moeda estrangeira a estes trabalhadores, cabendo ao banco central decidir o montante das transferências para o exterior, mas foi abandonada com as alterações ao mesmo decreto, aprovadas pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. “A remuneração do trabalhador estrangeiro não residente é paga na moeda acordada entre o trabalhador e o empregador, podendo ser efectuado em moeda estrangeira”, lê-se na nova redacção da mesma legislação, com data de 24 de Abril, citada pela Lusa. Além disso, é definido igualmente que “a duração do contrato de trabalho” com trabalhadores estrangeiros “é livremente acordada entre o empregador e o trabalhador, podendo o contrato ser renovado duas vezes”. Na anterior versão da legislação, que esteve em vigor por pouco mais de um mês, estava definido que o contrato de trabalho, ao abrigo deste regime, só podia ser “sucessivamente renovado até Ao limite de 36 meses” e que as empresas abrangidas só deviam contratar “até 30% de mão-de-obra estrangeira não residente”. Os restantes 70% das vagas, uma obrigação que, no entanto, se mantém, deverão ser preenchidas “por força de trabalho nacional”, referindo-se este último a cidadãos angolanos e estrangeiros com estatuto de residente. “A remuneração é paga em kwanzas, não devendo os complementos e demais prestações [ser] pagas directa ou indiretamente em dinheiro ou espécie, ser superior a 50% sobre o salário base”, determinava a anterior versão, que assim limitava a forma de pagamento a estes trabalhadores, nomeadamente o acesso à moeda estrangeira. Estes trabalhadores continuam a não ser abrangidos pelo pagamento de impostos, mas a nova lei define, por outro lado, que caberá ao Banco Nacional de Angola definir os montantes e tectos máximos das transferências de salários para fora do país (em divisas), decorrentes do contrato de trabalho.
O sinal do primeiro satélite angolano, que deve entrar em órbita no terceiro trimestre deste ano, já começou oficialmente a ser comercializado aos potenciais interessados. O director executivo da Infrasat, empresa que está a gerir o processo das vendas, fala, em entrevista ao VE, das potencialidades e dos benefícios que o Angosat deverá acarretar para o mercado das telecomunicações a nível nacional e internacional. Em que medida a Infrasat está preparada para a comercialização das capacidades do Angosat1? Já nos estamos a preparar para esse desafio há algum tempo. Estamos a trabalhar na área de gestão de satélites há sensivelmente nove anos. Aliás, a nossa actividade, em Angola, esteve sempre centrada neste segmento. Portanto, temos experiência na matéria e temos estado a preparar, em termos técnicos, a nossa comercialização. Temos trabalhado também muito directamente com o Gabinete de Gestão Espacial (GGPN), no sentido de nos complementarmos. Ou seja, temos a parte técnica a cargo do GGPN e a parte comercial a cargo da Infrasat. Logicamente que as participações em ‘workshops’ e em grandes feiras tecnológicas de âmbito internacional nos dá mais arcaboiço. Em termos de feiras, por exemplo, temos participado de forma regular no Africom, que é realizado na cidade de Cape Town, na África do Sul; temos vários outros eventos que decorrem na Europa e nas Américas. Portanto, são eventos que servem sempre para a troca de experiências entre operadores de satélites. E, com isso, estamos a garantir o sucesso desta nova empreitada que nos foi atribuída. A Infrasat já informou ter assinado contratos de reserva de capacidades do satélite com entidades angolanas e com pelo menos uma estrangeira. Já há muita procura nesta fase? Já assinámos um contrato de reserva de banda com a República do Congo Democrático e já assinámos também com algumas empresas nacionais. Neste momento, estamos em negociações com outras empresas internacionais que também já manifestaram a intenção de reserva de banda no Angosat. Pode enumerar as empresas com as quais já foram firmados contratos? De momento, não! Porque ainda estamos em negociações e, até fecharmos esta etapa, não seria bom adiantarmos os nomes das empresas. Mas posso garantir que as negociações estão muito avançadas. Neste momento, o que estamos a fazer é a reserva da banda. Ou seja, as empresas estão a apresentar-nos as suas necessidades e nós, Infrasat, estamos a apresentar as capacidades disponíveis. Em termos práticos, o processo decorre da seguinte maneira: se um determinado cliente que hoje dispõe de 36 megas de internet quiser passar a receber este sinal a partir do Angosat, ele terá de vir até à Infrasat fazer uma reserva da banda que pretende. É a isso que chamamos de acordo de reserva de banda. Só depois disso é que assinamos o acordo de reserva de banda com a entidade que solicita. Portanto, este é o processo que estamos a desenvolver neste momento. Normalmente, e digo isso fruto das experiências internacionais que temos, os satélites começam a ser comercializados um ano a seis meses antes do seu lançamento. É por essa razão que já começamos também a comercializar o sinal do Angosat. Ou seja, estamos já a dizer efectivamente a capacidade de que dispomos e o que estamos a disponibilizar. Como está a ser feita, em termos práticos, a comercialização do sinal. Há vários pacotes com capacidades e preços distintos ou é tudo uniformizado? Nós só definimos os preços, em função da banda que o cliente quer e do tempo que vai requer o serviço. Tal como disse anteriormente, o processo de comercialização é discutido entre a entidade e a Infrasat. Ele (cliente) vem com as necessidades e nós, em função disso, vamos dizer qual a banda que podemos disponibilizar. Os preços estão fixados somente em kwanzas? Há um preço referência para a banda solicitada? Para os operadores locais os preços vão ser em kwanzas. Para os compradores internacionais vamos utilizar a moeda mais utilizada internacionalmente. Em relação ao preço referência, o que posso garantir é que, a partir dos estudos que fizemos, os preços vão ser competitivos e acessíveis para além de que vão melhorar os preços que tínhamos anteriormente. Temos um satélite nosso e que foi desenhado para cobrir as necessidades de Angola. Portanto, vamos lançar-nos no mercado com preços competitivos e moderados para que todo o mundo que hoje trabalha com satélite tenha acesso. Os preços vão ser competitivos e acessíveis a todos os operadores. Que requisitos os interessados têm de cumprir para poder aceder ao sinal do Angosat? Basta ser um operador que preste serviço ao público-alvo por satélite para estar automaticamente habilitado para vir comprar capacidade de banda no Angosat. No nosso país, os interessados terão logicamente de ter, primeiro, as licenças correspondentes para poder prestar estes serviços. E aí, aproveitamos também abrir uma deixa para os pequenos empresários que também queiram fazer algum negócio na área de telecomunicações por satélite. Já se sabe que o Angosat permitirá levar as comunicações em todo o país. Há capacidade para que esta possibilidade chegue a países vizinhos, no caso de haver potenciais interessados no sinal do satélite angolano? O satélite angolano, na banda C, tem uma capacidade de cobertura numa extensão que vai da África do Sul até à Europa. Na banda KU, que é outra faixa de frequência, o Angosat cobre toda a África subsaariana. O que significa que nós podemos vender serviços, quer em África, quer na Europa, a preços competitivos. A gestão do sinal do Angosat, por parte da Infrasat, será toda efectuada a partir de Luanda ou estará prevista a criação de delegações noutros pontos do país e no exterior devido aos potenciais interessados no estrangeiro? Os nossos escritórios são em Luanda e a partir dessa parcela do território que vamos começar a comercializar. Nesse mundo (das telecomunicações), não são os interessados a vir ter connosco. Nós é que vamos ter com os interessados. Logicamente, se alguém tiver necessidade e quiser vir ter connosco, estamos preparados para os receber. Aliás, foi por isso que fizemos o lançamento da campanha de comercialização do Angosat para informar os potenciais clientes que, de facto, estamos abertos à venda. Esta é uma das formas de chegar até ao cliente. Logicamente, temos de pensar em ir para fora também para divulgar o nosso projecto. Com o lançamento do Angosat, os utilizadores de internet no país, por exemplo, poderão beneficiar de uma maior velocidade de internet? A internet hoje é disponibilizada por vários meios, nomeadamente fibra, rádio e também satélite. Nesse momento, o satélite vem trazer, primeiro, qualidade e, depois, mais disponibilidade. Ou seja, os clientes vão poder ter mais acesso à internet. O nível da velocidade depende muito da largura de banda contratada pelo cliente. Se algum provedor de telefonia móvel, por exemplo, se dirige à Infrasat e solicita uma largura de banda de dois megas, a velocidade do sinal de internet, neste caso, só será mais rápida se forem poucas pessoas a navegar. Nestes casos, se o provedor pretender ter um sinal mais forte, terá de contratar mais largura de banda. Portanto, o Angosat vem trazer qualidade, mais disponibilidade de dados, internet e outros serviços. Agora, mais velocidade tem de ser associada a outras coisas. Uma das coisas que é importante referir é que os satélites vêem diminuir as assimetrias. A infoexclusão são aquelas pessoas que estão no país mas não têm acesso às tecnologias de informação. Com os satélites, com uma cobertura global do país, vamos conseguir atingir todas essas pessoas que neste momento estão excluídas de telecomunicação. O grande ganho está exactamente aí. Ou seja, vamos ter um satélite que tem cobertura nacional e com preços acessíveis onde todo o cidadão angolano vai poder ter acesso a internet, a dados, a televisão, através do Angosat. As valências do Angosat são capazes de concorrer com as de satélites de outros países africanos, como a África do Sul, Nigéria e Egipto? Nós tivemos o cuidado de avaliar tudo isso. E esses são só os satélites que os países têm, porque existem muitos mais como as que são utilizadas pelas companhias que vendem o sinal de satélites. Portanto, o nosso satélite tem qualidade. Foi construído pelos melhores do mercado internacional. E depois, num mercado como o nosso, que tem muita necessidade, há espaço para todos. Temos de ser acutilantes, ir atrás dos clientes e mostrar aquilo que somos. Mas pela comparação que fizemos, dos satélites que cobrem África, nós temos qualidade suficiente. O Angosat custou ao Governo 330 milhões de dólares, segundo dados oficiais. O plano de negócios que está estabelecido conseguiria no prazo de vida útil do satélite, que são 15 anos, prever o retorno deste investimento? Temos um plano de negócios que vamos seguir à risca para poder obter os dividendos deste investimento que o Estado fez. Este investimento tem vários dividendos, desde financeiros, sociais, entre outros. Mas o plano de negócio visa exactamente recuperar o investimento que o Estado fez neste projecto.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...