15 anos depois, ataques não são perdoados
TERRORISTA. As feridas deixadas pelos ataques a Nova Iorque, a 11 de Setembro de 2001, demoram a sarar. As famílias das vítimas querem processar e pedir indemnizações à Arábia Saudita. Mas o velho aliado, os EUA, não deve apoiar. Os efeitos económicos ainda se fazem sentir hoje.
Barack Obama não está interessado em ‘patrocinar’ um processo em que as famílias das vítimas doa ataques de Nova Iorque querem mover contra a Arábia Saudita. A proposta até foi aprovada em Maio, pelo Senado, que gostaria que o processo fosse desencadeado antes de se assinalar o 15.º aniversário dos ataques que fizeram mais de três mil mortos. Faltava apenas a anuência da Câmara dos Representantes. Em conferência de imprensa, mesmo antes dessa votação, a Casa Branca fez saber da indisponibilidade do presidente dos EUA em apoiar a iniciativa.
A Arábia Saudita é processada por ter apoiado, anos antes, a criação e o crescimento da Al-Qaeda e por todos os 19 atacantes terem a nacionalidade saudita. No entanto, o país é o principal aliado político e o parceiro fundamental de negócios dos EUA no Médio Oriente. Segundo escrevem os jornais norte-americanos, Barack Obama está preocupado com as consequências que poderiam afectar as relações entre os dois países. Um ministro saudita avisou que uma medida dessas poderia indicar que os EUA estariam a “atacar imunidades estrangeiras”.
Antes da votação, o Congresso divulgou um documento em que estabelece relações entre o grupo de atacantes e o governo saudita. A teoria nem sequer é nova. Investigadores e historiadores, nos inúmeros trabalhos sobre a Al-Qaeda, sempre ligaram Osama bin Laden a governantes e empresas da Arábia Saudita.
O grupo de advogados que conduz o processo das vítimas não aceita os argumentos de Barack Obama e garante que a lei não se pode virar contra os EUA, desde que estes “não estejam a financiar organizações terroristas e a matar pessoas”.
Ontem, assinalou-se mais uma data dos ataques às Torres Gémeas, numa acção que mudou o modo de agir do mundo ocidental e provocou efeitos económicos devastadores, sobretudo nos EUA e, em especial, em Nova Iorque.
As bolsas estiveram encerradas uma semana e quando abriram o Dow Jones, índice do mercado de acções, tinha caído 684 pontos. O distrito de Nova Iorque perdeu, em três meses, mais de um milhão de postos de trabalho, nas mais diversas áreas, cujos salários contabilizavam quase três mil milhões de dólares. Mais de 18 mil empresas fecharam ou foram transferidas para os outros Estados.
O Governo Federal chegou a conceder empréstimos de 11,2 mil milhões de dólares em assistência imediata e depois mais de 10 mil milhões, já em 2002, para reiniciar projectos de desenvolvimento.
Além disso, o espaço aéreo norte-americano foi fortemente atingido. Esteve fechado por vários dias e, nos três meses seguintes, o número de viagens de avião foi caiu mais de 20%.
Nos estudos económicos, ficaram de fora os custos militares que se seguiram a 11 de Setembro. Os EUA desencadearam uma guerra que os levou a invadir e a colocar militares no Afeganistão e Iraque e ainda a reforçar a presença em países como a Jordânia, Koweit, Turquia, India e Paquistão.
O mentor ‘ideológico’ do 11 de Setembro, o também saudita Osama bin Laden, viria a ser morto, a 2 de Maio de 2011, num refúgio numa aldeia do Paquistão.
Documentos dos serviços secretos norte-americanos, divulgados em 2008, davam conta que a preparação dos atentados já vinham de longe. Um porta-voz dos talibã, o grupo afegão fiel a bin Laden, explicava que os atentados às embaixadas no Quénia e Tanzânia eram apenas um prelúdio do que viria a acontecer. Nesses ataques, camiões, carregados de explosivos, rebentaram no espaço de minutos em Nairóbi e Dar-es-Salam, matando 207 pessoas, mas apenas 12 norte-americanos. O mais destrutivo foi o da capital queniana, com perto de 200 mortos e quatro mil feridos. Na Tanzânia, morreram 11 pessoas.
Apesar de a esmagadora maioria das vítimas ser africana, os EUA perceberam que eram o verdadeiro alvo e, pela primeira vez, o FBI colocou bin Laden na lista dos dez criminosos mais procurados. Implicados nos atentados em África estiveram militantes locais da Jihad Islâmica, do egípcio Ayman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden à frente da Al-Qaeda depois da morte deste em 2011.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...