Aeroportos transformados em morgues
AVIAÇÃO. Há aeroportos com túneis de desinfecção por onde passam os passageiros, outros que apostam em robots para minimizar o contacto humano, outros que usam cães que farejam a covid-19 e outros até que vão transformando os seus hangares em mortuários.
Há mais de quatro mil aeroportos espalhados pelo mundo e que possibilitaram mais de nove biliões de viagens aéreas em 2019, antes da pandemia da covid-19 mudar tudo. Os aeroportos são essenciais para o desenvolvimento das regiões porque contribuem directamente para a mobilidade de pessoas e bens de consumo que possibilitam e alargam a actividade económica, a prestação de serviços, a actividade industrial e o transporte de cargas. Em 2017, registaram-se mais de 170 mil milhões de USD em receitas da actividade aeroportuária e o crescimento anual rondava em média os 6%, e algumas estimativas apontam para que a aviação e o turismo resultante sejam responsáveis por mais de 330 milhões de empregos e de 10% do PIB global.
A pandemia reduziu, até Abril de 2020, o tráfego aéreo em 90% e mais de 97 mil milhões de USD nas receitas, cerca de 57%. A indústria corta despesas desesperadamente, mas olha para os governos para que intervenham para a manutenção das estruturas e dos postos de trabalho essenciais, num cenário em que não é possível estimar quando a confiança dos passageiros será restaurada e uma recuperação possível. Muitos aeroportos já contemplam falências e fechos de operações.
Considerado o melhor aeroporto do mundo pelo oitavo ano consecutivo, o Changi Airport, na Singapura, diz que a recuperação da indústria será longa e dolorosa. A administração cortou salários em 30%, suspendeu operações em dois terminais e a construção de um quinto. No entanto, não é suficiente. Tal como a IATA (Associação Internacional para o Transporte Aéreo), dizem que a testagem da covid-19 à chegada é um desincentivo às viagens porque os passageiros não querem correr o risco de ter de fazer quarentena no destino se o resultado for positivo. No mês passado a IATA pediu o desenvolvimento de testes rápidos e baratos pré-embarque para voltar a restabelecer a conectividade mundial.
Voos e horários limitados
Muitos aeroportos estão a redireccionar operações para assistir a voos de repatriamento, transportes militares e de saúde e essencialmente a focarem-se no transporte de cargas. A maioria limitou horários de funcionamento e funcionários supérfluos e, no norte da Inglaterra, o aeroporto de Birmingham converteu um dos hangares que está próximo de um hospital em mortuário para cerca de 1.500 corpos.
Há alguns a aceitarem marcações para passar a segurança e muitos pedem testes prévios ou criaram áreas de realização de testes in loco. O aeroporto de Hong Kong introduziu robots para fazer a limpeza e lembrar os passageiros das regras de segurança, do uso de máscaras e desinfecção das mãos. Em S. Francisco foram instalados mecanismos de esterilização UV que continuamente limpam escadas e tapetes rolantes e no Gatwick, em Londres criaram-se corredores com detecção de temperatura e desinfecção UV. Na Finlândia o Helsinki-Vantaa tem um programa piloto de testagem com cães que detectam a covid-19 e que encaminham os passageiros para a testagem lá mesmo e, nos EUA, está a ser criado um sistema de acreditação que verifica as condições de higiene e biossegurança dos aeroportos e fornece a informação para o público e autoridades competentes.
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