BANCOS, GUERRAS E PETRÓLEO NAS ORIGENS DAS DEPRESSÕES ECONÓMICAS

As crises financeiras que abalaram a economia mundial

31 Oct. 2016 Emídio Fernando Gestão

ECONOMIA. Crises económicas e financeiras não são ‘fenómenos’ recentes. Desde histórica queda da venda de tulipas na Holanda, considerada pelos historiadores, como primeira crise verdadeira mundial, mundo tem assistido a autênticos ‘terramotos’ económicos que, nalguns casos, são cíclicos, sobretudo no século XX. Na maior parte das origens das crises, estiveram.

2008 CRISE FINANCEIRA

Para economistas e historiadores, 2008 aparece no topo como o ‘annus horribilis’. Tudo começou nos EUA com a facilidade de conceder créditos para a compra de casas, com taxas de juro reduzidas e de alto risco, os chamados ‘subprimes’, que incluíam hipotecas bancárias e facilidades na obtenção de cartões de crédito. Um ano antes, havia famílias endividadas e casas a serem vendidas a preços mais reduzidos do que tinham sido compradas. Os bancos nos EUA ficaram sem liquidez, contraíram empréstimos na Europa, arrastando a crise de uma forma global.

2009 CRISE ZONA EURO

O endividamento de muitas das maiores empresas europeias e o endividamento público de alguns Estados europeus levaram à crise de 2009 que, de facto, já se fazia sentir desde 2000. A crise ficou conhecida como a da dívida pública europeia, que levou a admitir a ‘falência técnica’ de países como a Grécia e a serem tomadas medidas drásticas na Irlanda, Espanha, Portugal e Itália. A situação económica ainda foi agravada com a especulação imobiliária e os efeitos da crise de 2008. Novamente, os bancos estiveram no centro do ‘furacão’. Há economistas que defendem que a Europa ainda não se curou da crise de 2009 e que ainda terá mais efeitos nos próximos anos.

1930 GRANDE DEPRESSÃO

É considerado o primeiro e o pior desastre económico do século XX, que atingiu gravemente sobretudo os países mais industrializados. De facto, a depressão económica começou em 1929 e só viria a terminar no final da II Guerra Mundial. O ‘crash’ na Bolsa de Nova Iorque, a 24 de Outubro, foi o ‘tiro de partida’ e a data ficou conhecida como a ‘terça-feira negra’. A queda acentuada da indústria foi o principal ‘motor’ para a depressão que se assistiu, caracterizada por índices elevados de desemprego, queda no consumo e créditos mal parados. Foi o período mais longo de uma crise económica.

2007 CRISE ASIÁTICA

A origem está identificada na Tailândia. Depois de ter tido uma expansão rápida na década de 1980 e início da de 1980, o país asiático sentiu uma crise cambial. O crescimento anterior foi sustentado pelas poupanças domésticas, com a industrialização a ficar entregue nas mãos japonesas. A partir daqui, entraram fluxos de capital especulativo, o que levou à crise cambial, espalhando-se por todo o sudeste asiático.

1972 CRISE DE CRÉDITO

Era ainda século XVIII e já as instituições financeiras surgiam fundamentais na vida económica, mas já eram as causadoras de profundas crises. Em 1772, teve origem na Escócia. O mais forte banqueiro, que tinha como cliente ‘só’ a poderosa Companhia das Índias Orientais, uma ‘holding’ com accionistas ingleses, franceses e holandeses, resolveu entrar em métodos especulativos. Vendia e comprava acções, usando o dinheiro dos clientes sem eles saberem. Obteve fortes lucros, mas, em 1772, teve prejuízos. O banco faliu, arrastou os clientes e provocou a primeira grande desconfiança no sector bancário.

1973 CRISE PETRÓLEO

Entrou na história como um dos mais embates económicos entre os países exportadores de petróleo do Médio Oriente e a ‘coligação’ EUA/Europa. Formada em 1960, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) juntava a Arábia Saudita, Irão, Koweit, Iraque e Venezuela. Em 1973, entra uma segunda fase de resistência aos EUA, por causa do apoio dosamericanos a Israel na guerra de Yom Kippur. Os membros da OPEP aumentaram o preço do petróleo em 400%, chegando a atingir valores altíssimos, em toda a década de 1970. Foi o suficiente para ‘abalar’ toda a estrutura económica ocidental, obrigada a comprar combustíveis a custos mais elevados.

1998 CRISE RUSSA

Altas taxas de endividamento externo, baixa produtividade, desemprego com números astronómicos, baixos índices de crescimento económico, inflação elevada e uma desvalorização acelerada do rublo explicam a crise económica na Rússia que teve o seu auge em 1998. As explicações dos economistas apontam para uma transição muito rápida de uma economia planificada para uma liberal. Além disso, o país ressentiu-se das quedas dos preços do gás e do petróleo e da concorrência dos produtos agrícolas.