Dirigente angolano envolvido no escândalo de lavagem de dinheiro
O ministro dos Petróleos, José Botelho de Vasconcelos é, de momento, o único angolano na lista dos ‘Papéis de Panamá’, revelado este domingo no site do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigatigação (ICIJ, em inglês).
O angolano está na lista de personalidades envolvidas num escândalo mundial de corrupção e lavagem de dinheiro a partir de empresas ‘offshore’, cujo caso denomina-se ‘Panama Papers’ (Papéis de Panamá). Resulta de uma das maiores fugas de informação de sempre, em que envolve a empresa de advogados e criação de empresas em offshore, ‘Mossack Fonseca’.
A lista inclui o nome de 140 políticos de mais de 50 países de todo o mundo, e ainda 12 líderes mundiais, com destaque ao presidente russo, Vladimir Putin, envolvido num esquema de lavagem de dinheiro movimentado entre bancos e offshores, mais de 2 milhões dólares.
O primeiro-ministro da Islândia Davíd Gunnlaugsson, o rei da Arábia Saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud ou os filhos do Presidente do Azerbaijão são outras personalidades ligadas ao ‘Panama Papers’.
Existem 11,5 milhões de documentos provenientes da base de dados da empresa Mossack Fonseca, firma de advogados baseada no Panamá e que cria empresas offshore, o que representa uma quantidade de informação maior do que o que WikiLeaks revelou em 2010, assim como aos documentos de serviços secretos fornecidos a jornalistas por Edward Snowden em 2013.
Segundo o Guardian, os documentos mostram “o enorme número de pessoas que usam offshores para proteger as suas fortunas”. Não é ilegal fazê-lo, sublinha o jornal, mas “as vantagens financeiras que estas estruturas disponibilizam não estão habitualmente ao dispor dos contribuintes normais”.
A ‘Mossack Fonseca’ é uma das maiores empresas no ramo de criação de empresas em territórios offshore, já reagiu em sua defesa. Defende que não permitiu e desconhece o uso de empresas suas por pessoas “com alguma ligação à Coreia do Norte, Zimbabwe, Síria, e outros países” mencionados pelos jornais que divulgaram os dados.
A companhia afirma que não gere as empresas dos clientes nem possui a custódia do seu dinheiro. E refere que já esteve ligada à criação de cerca de 300.000 empresas. “Este facto mostra que a vasta maioria dos nossos clientes usa as empresas criadas para usos legítimos”, diz. No ar, fica a ameaça de a empresa (que pertence à associação de especialistas certificados contra a lavagem de dinheiro) avançar com um processo contra quem divulgou agora as informações que estavam guardadas nos seus arquivos.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...