Em Angola detentores de cargo de chefia são os mais corruptos
Detentores de cargos de chefia das organizações angolanas são os mais propensos a sacrificar a integridade em troca de ganhos financeiros a curto prazo, de acordo com 25% dos 51 executivos que a participaram no estudo realizado pela Ernst & Young Global. A proporção sobe para 37%, se incluídos colaboradores com cargos de gestão.
“Os colaboradores seniores são mais propensos a justificarem comportamentos antiéticos, a ignorarem condutas antiéticas na sua equipa, a enganarem entidades externas como auditores ou reguladores e a oferecerem ou aceitarem subornos de modo a impulsionarem a progressão das suas carreiras ou as suas remunerações”, refere o designado relatório de integridade 2021 Angola.
No estudo, a Ernst & Young Global identifica dois problemas. O primeiro é relacionado com o facto de existir uma percentagem significativa de participantes que refere continuar a sentir medo de denunciar algum tipo de comportamento antiético. Outro tem a ver com a discrepância existente entre a percepção de colaboradores juniores e participantes que se encontram em cargos de administração.
“Esta diferença de percepção pode ser claramente explicada pelo não alinhamento e falha de comunicação ao nível transversal na organização, ou até mesmo pelo desconhecimento dos desafios dos colaboradores por parte dos membros do conselho de administração. Este desconhecimento poderá enviesar a comunicação e as mensagens do ‘tone at the top’ que são disseminadas de forma infrutífera para com a organização e stakeholders”, indica.
A empresa de serviços profissionais considera os dados “preocupantes”, uma vez que os gestores devem dar o exemplo, definindo “os comportamentos para as suas organizações e ajudando os conselhos de administração a promover o ‘tone at the top’.”
O estudo avança ainda que 61% dos inqueridos mostram-se preocupados com a possibilidade de as suas decisões no trabalho que realizem venham a ser alvo de escrutínio público. E conclui que a covid-19 e a crescente crise económica vieram indubitavelmente revelar comportamentos e acções pouco éticas. “Isto deixa as organizações expostas a ameaças de dano reputacional, especialmente considerando o quão grande a pegada digital é actualmente como por exemplo em situações de decisões, declarações e publicações nas redes sociais.”
“Mais de metade (53%) dos inquiridos dizem ser um desafio para as organizações manterem os seus padrões de integridade em períodos de mudança rápida ou de difíceis condições de mercado. Quando observado este valor em mercados emergentes, o mesmo continua acima de metade da amostra (63%). Estas descobertas revelam um quadro negro, mesmo antes da covid-19, uma vez que se observou 16% dos inquiridos que acreditam que a conduta ética diminuirá pelas consequências da pandemia covid-19”, refere o relatório, salientando que “agora que as organizações estão sob pressões externas para sobreviverem, as normas éticas podem ficar ainda mais perturbadas”.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...