Entre a saída e o ficar na União Europeia
ELEIÇÕES. Vai ser uma quinta-feira histórica para o Reino Unido, caso o referendo se decida pela saída da União Europeia. Os bancos centrais das principais economias já pensam em planos alternativos. Uma deputada, favorável à continuidade, foi assassinada.
A imprensa internacional garante que os principais bancos centrais estão a traçar planos para enfrentar uma possível saída do Reino Unido da União Europeia. A ideia é minimizar os efeitos do ‘tsunami’ que pode afectar as economias em todo o mundo. De acordo com essas notícias, o Banco Central Europeu (BCE), a Reserva Federal dos EUA (FED) e Banco do Japão (BoJ) poderão implementar mecanismos de urgência para abastecer os mercados com dólares. A principal preocupação é ter liquidez nas semanas a seguir ao referendo.
A decisão dos bancos é baseada nas sondagens que dão conta de uma vitória dos defensores da saída da UE. O referendo está marcado para a próxima quinta-feira, dia 23, e os resultados das sondagens são favoráveis à saída.
Uma das últimas, e que envolveu o maior número de inquiridos, mostrava um aumento da vantagem do Brexit (‘saída britânica’) sobre os que defendem a permanência. Os pró-saída contabilizam 53% das intenções, contra 47%, num estudo que não permitiu indecisos. Aliás, em quase todas as sondagens, a vantagem anda à volta dos 6%. No entanto, apenas 17% admite acreditar nos resultados da sondagem. Em 2014, as sondagens na Escócia, que davam a vitória dos independendistas, também se enganaram. Mais recentemente, o ano passado, as sondagens voltaram a errar ao dar a vitória, nas legislativas, do Partido Trabalhista, mas os ‘conservadores’ é que alcançaram a maioria.
A campanha pela saída tem baseado os argumentos em números. Garante que o Reino Unido é obrigado a pagar, todas as semanas, quase 500 milhões de dólares à União Europeia. Estes fundamentos colhem a simpatia de metade da população, mesmo quando a maioria dos economistas e de organizações como a OCDE nega e acusa os apoiantes do Brexit de usarem “informações enganadoras”.
Bill Gates escreveu uma carta aberta, publicada pelo jornal Guardian, a alertar que uma possível saída vai tornar o Reino Unido “significativamente menos atractivo para empresários e investidores”. O homem mais rico do mundo, e que já investiu mais de mil milhões de dólares no Reino Unido, refere que o país fica “mais forte, mais próspera e mais influente” se ficar na UE.
A campanha foi suspensa a semana passada depois do assassinato da deputada trabalhista, em plena rua, com três tiros e uma facada. Jo Cox tinha 41 anos e destacava-se por lutar pela continuidade do Reino Unido na UE, mas sobretudo pelas intervenções em defesa dos emigrantes que chegam à Europa.
A polícia deteve o autor do homicídio que já tinha ameaçado a deputada, apesar dos vizinhos assegurarem que se trata de uma pessoa “sossegada, educada e obcecada por livros” e que era “dedicado ao voluntariado”. Testemunhas garantem que, na altura dos disparos, o homem, de 52 anos, gritou ‘Britain first’ (Grã-Bretanha em primeiro), nome do partido de extrema-direita. A polícia anunciou que o homem tem ligações a organizações racistas.
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