Fábrica de chapas impedida de entrar em operação há 6 anos
A morosidade do financiamento de 5 milhões de dólares, no âmbito do extinto programa Angola Investe, convertido em Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (Prodesi), frustrou as expectativas do empresário Waldemar Julião de construir, em dois anos, a fábrica de chapas e outros assessórios de construção civil no pólo industrial de Lucala, Kwanza-Norte.
Com a conclusão inicialmente prevista para 2016, o projecto encontra-se inacabado, face à “tamanha burocracia” que o tornou quase duas vezes mais caro.
Waldemar Julião explica que houve anos em que não recebeu qualquer valor sem, no entanto, ter recebido qualquer justificação e, nas ocasiões em que recebia, “não dava para fazer aquilo que estava planificado”, devido à subida do preço dos materiais influenciados pela inflação e pelas dificuldades no acesso às divisas. O empresário foi assim obrigado a ‘sacrificar’ os 70 mil dólares destinados ao apetrechamento do escritório, residências e posto médico, para a compra de materiais no exterior.
A mudança do Angola Investe para o Prodesi surgiu em jeito de esperança, entretanto, acabou transformada numa miragem. “Esperávamos que a mudança do nome trouxesse uma nova dinâmica no que diz respeito ao despacho dos processos, mas eu acho que só piorou”, observa, notando que, somente este mês, seis anos depois, recebeu a última tranche do financiamento no valor de 300 milhões de kwanzas. “Totalizou 1,6 mil milhões de kwanzas, com enormes perdas. Se fizer ao câmbio actual, não chega 3 milhões de dólares, o que não serve. A verdade é que este dinheiro não faz o projecto no seu todo”, lamenta.
Lembrando o recurso aos outros sócios que injectaram 4 milhões de dólares, para salvar o projecto, o empresário confere que a fábrica acabou por ficar orçada em 9 milhões de dólares, quase duas vezes mais do que o investimento inicialmente calculado. “Se fossem cumpridas as etapas”, refere Waldemar Julião, “precisaria apenas de pouco menos 1.6 milhões de dólares dos sócios”.
“A burocracia está a atrasar a economia. Está a falar-se da diversificação mas, com estas burocracias, é impossível. A banca, para aprovar um projecto, leva muito tempo; o Fundo de Garantia, para dar as garantias, é necessário que o empresário tenha verbas. Se já estás a pedir empréstimo, como é possível?”, questiona, acrescentando que “os direitos de superfície são outra dor de cabeça”.
A esta dificuldade junta-se a falta de infra-estruturamento do pólo industrial de Lucala, o que obrigou a empresa a instalar energia eléctrica e água por sua conta e risco.
Waldemar Julião projecta agora o início das operações para entre Março e Abril de 2021, já que as máquinas, com garantia da fabricante vencida há dois anos, se encontram paralisadas, correndo o risco de estragar.
Numa primeira fase, a fábrica, a segunda na província, prevê produzir diariamente 2.800 chapas, com os olhos postos na exportação de pelo menos 50% da produção, tendo já potenciais clientes na RDC e em Botsuana. O empreendimento poderá gerar 50 postos de emprego directos, metade do perspectivado, e 300 indirectos.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...