Governo prevê, em segredo, alienar gestão dos caminhos-de-ferro
A situação financeira das empresas ferroviárias é débil. O CFL recebe mensalmente um subsídio de 102 milhões de kwanzas, segundo o seu responsável, Celso Rosa.
O próprio ministro dos Transportes, em 2011, admitiu, no Bié, que as receitas não cobrem os custos, tendo defendido que o principal objectivo das empresas ferroviárias seria a facilitação da circulação de pessoas e bens para alavancar a economia.
Para rentabilizar as empresas do sector, o Governo tem, em carteira, o plano de fusão das três principais empresas de caminhos-de-ferro que já possuem infraestruturas com construção concluída. O próximo passo será a passagem da gestão comercial a entidades privadas em modelos de parcerias público-privadas.
Para já poucos arriscam em avançar datas e nomes de empresas que se perfilam para assumir os desafios. Mas ,em 2014, o ‘África Monitor’ apontava o grupo Cochan, cuja propriedade é atribuída ao general Leopoldino do Nascimento “Dino”, para a exploração do Caminho-de-ferro de Benguela. O grupo Gen, atribuído ao general João de Matos e o próprio ministro dos Transportes, Augusto Tomás, são também apontados como potenciais interessados no negócio. Entretanto, no ano passado, Augusto Tomás rejeitou, na Assembleia Nacional, a possibilidade de privatização dos caminhos-de-ferro de Angola, lembrando que, no sector, foram realizados avultados investimentos para a sua ampliação e remodelação na última década. Segundo o governante, “não existe nada que diga respeito à privatização dos caminhos-de-ferro de Angola, e o assunto é pura especulação”.
A posição do governante surgira em resposta à questão levantada pelo vice-presidente da bancada parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, sobre notícias que davam conta da intenção de privatização dos caminhos-de-ferro de Angola.
Na mesma ocasião, o ministro admitiu que, a nível da exploração comercial, nomeadamente para o transporte de pessoas e mercadorias, estaria prevista a possibilidade de entrada de parceiros privados, que possam trazer capacidade tecnológica e ‘know-how’.
O último relatório do Centro de Estudo e Investigação Cientifica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, publicado no recente mês de Agosto, também confirma, no entanto, a existência dessa intenção das autoridades angolanas de passagem da gestão comercial dos caminhos de ferro a entidades privadas.
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