Primeira mulher candidata vira ‘à esquerda’
PRESIDENCIAIS. Para ser eleita 45º. presidente dos EUA e a primeira mulher a ocupar o cargo, Hillary Clinton não hesita em recorrer às propostas do antigo rival, apontado como tendo “ideias socialistas”. Na convenção do Partido Democrata, houve um ataque frontal ao republicano Donald Trump
Acabaram por ser as medidas económicas mais radicais do senador Bernie Senders, que perdeu na corrida à nomeação pelo Partido Democrata, que marcaram o discurso de Hillary Clinton na hora da consagração. A primeira mulher, na história dos EUA a candidatar-se às eleições presidenciais não hesitou em agarrar as propostas económicas do antigo rival. Bernie Sanders, partindo de um quase anonimato, conseguiu reunir uma elevada percentagem do voto jovem, nas ‘primárias’, propondo alterações substanciais na economia.
Na convenção do Partido Democrata, Hillary Clinton assumiu essas propostas prometendo fazer “o maior investimento em empregos com bons salários desde a Segunda Guerra Mundial”, subir o salário mínimo federal em mais do dobro, de 7,25 dólares para os 15 (por hora) e aumentar impostos a “Wall Street, às grandes empresas e aos super-ricos”. Esta última ideia foir retirada da campanha de Sanders a que Hillary Clinton reforçou: “Não temos nenhum tipo de ressentimento com o sucesso, mas quando mais de 90% dos ganhos estão a ir para os 1% de cima, então é para aí que o dinheiro está a ir, e nós vamos seguir o dinheiro”.
A candidata democrata chegou também a apelar ao voto de todos aqueles que “acreditam que devemos dizer não a tratados comerciais injustos”.
No discurso final, Hillary Clinton admitiu compreender e aceitar que muitos jovens se “sintam frustrados e até furiosos” pelas políticas dos últimos tempos, mas salvaguardou a posição ao actual presidente, também ele um democrata: “Barack Obama tirou-nos da pior crise económica das nossas vidas.
Aos 68 anos, Hillary Clinton consegue, à segunda tentativa, entrar na corrida definitiva à Casa Branca. Mulher do antigo presidente Bill Clinton, foi secretária de Estado do primeiro mandato de Barack Obama e, quando era primeira-dama, liderou a reforma de saúde que viria a ser interrompida e depois retomada pelo actual presidente.
Hillary Clinton concorre com o republicano e empresário Donald Trump e faz questão de marcar as diferenças, a começar por comparar currículos de serviço público. A candidata democrata acusa o rival de ser “leviano e perigoso” e “demasiado nervoso”: “Ele perde a calma à mais pequena provocação. Quando um jornalista lhe faz uma pergunta difícil, quando é desafiado num debate, quando vê um manifestante num comício. Imaginem-no na Sala Oval a gerir uma crise a sério. Um homem que podemos provocar com um ‘tweet’ não é um homem a quem podemos confiar armas nucleares”.
Ainda para marcar as diferenças, Hillary Clinton jura que “não vai construir muros”, numa referência à promessa de Donald Trump de fechar as fronteiras com o México para impedir a entrada de emigrantes, oriundos da América Latina. É aliás o eleitorado latino-americano, afro-americano e das comunidades de emigrantes que Hillary tenta captar, contrapondo com o facto de Trump ser acusado de ser extremista e racista. Além de criticar a retórica fracturante do candidato republicano, Hillary Clinton acusa Donald Trump de incitar o medo: “Ele quer que tenhamos medo do futuro e medo uns dos outros. Mas vocês sabem que um grande Presidente democrata, Franklin Roosevelt, fez a maior rejeição de Trump há 80 anos, durante tempos muito piores, quando disse que ‘a única coisa que devemos ter medo é do medo em si’”.
As eleições presidenciais estão marcadas para 8 de Novembro. Hillary Clinton recomeçou a campanha, mal acabou o encontro do Partido Democrata, com uma viagem pelos ‘Estados instáveis’ que tanto votam num republicano como num democrata.
JLo do lado errado da história