Protecção das florestas é fundamental para salvar biodiversidade
SUSTENTABILIDADE. Novo relatório destaca importância desses ecossistemas para proteger espécies do planeta; mico-leão-de-cara-dourada, no Brasil, é um dos exemplos do risco de extinção; cerca de 420 milhões de hectares foram destruídos desde 1990, mas taxa de desflorestação anual diminuiu.
O relatório Estado das Florestas do Mundo alerta que é preciso tomar acção urgente para se proteger a biodiversidade das florestas devido a taxas alarmantes de desflorestação e degradação.
Publicada no Dia Internacional da Biodiversidade (22 de Maio), a pesquisa mostra que cerca de 420 milhões de hectares de floresta foram perdidos desde 1990, mas a taxa de desflorestação anual diminuiu nas últimas três décadas.
Estes ecossistemas abrigam a maior parte das espécies do planeta, com cerca de 60 mil espécies de árvores, 80% de todos os anfíbios, 75% das aves e 68% dos mamíferos.
Um dos exemplos destacados no relatório é o mico-leão-de-cara-dourada, do Brasil. O relatório afirma que a floresta da região está muito fragmentada, devido a décadas de desflorestação, e por isso o animal corre risco de extinção. Nesse momento, é estimada uma população entre 6 mil e 15 mil macacos.
A maioria encontra-se na Reserva Biológica de Una. Apesar de poderem viver em plantações recentes com algumas árvores mais velhas, não sobrevivem em regiões sem árvores de grande porte, onde precisam de dormir durante a noite para sobreviver a predadores.
A protecção destes ecossistemas também tem uma importância económica. As florestas fornecem mais de 86 milhões de empregos. Daqueles que vivem em extrema pobreza, mais de 90% dependem destes recursos para sua subsistência. Esse número inclui 8 milhões de pessoas na América Latina.
10 milhões de hectares perdidos
O relatório destaca que mais de metade das florestas de todo o mundo podem ser encontradas em apenas cinco países: Brasil, Canadá, China, Estados Unidos e Rússia.
Apesar da desaceleração da taxa de desflorestação, cerca de 10 milhões de hectares ainda estão a ser perdidos a cada ano através da conversão para agricultura e outros usos da terra.
Os fogos florestais são outra ameaça. Cerca de 90% são contidos imediatamente, mas os 10% que não são controlados são responsáveis por 90% da área queimada.
A pesquisa destaca grandes fogos que ocorreram em 2019, como na Amazónia e na Austrália, dizendo que “causam grandes perdas de vidas humanas e animais, propriedades e bens económicos e ambientais.”
Mudanças transformadoras
O relatório foi produzido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, em parceria, pela primeira vez, com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.
Em nota conjunta, os chefes das agências, Qu Dongyu e Inger Andersen, disseram que “são necessárias mudanças transformadoras na maneira como se produzem e consomem os alimentos.” Além disso, é necessário adoptar um modelo de gestão integrada e reparar os danos causados nas últimas décadas.
O relatório aponta ainda alguns avanços de conservação. Neste momento, mais de 30% de todas as florestas tropicais fazem parte de áreas protegidas.
Soluções estão na própria natureza
Numa mensagem no Dia Internacional da Biodiversidade, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que as soluções para os problemas desta área estão na própria natureza.
Segundo Guterres, a preservação e a gestão sustentável da biodiversidade são necessárias para mitigar as perturbações climáticas, garantir a segurança alimentar e de água e até mesmo prevenir pandemias. O chefe da ONU lembrou que a pandemia da covid-19 emanou da natureza e que a crise “mostrou como a saúde humana está intimamente ligada à relação que tem com o meio ambiente.”
À medida que os seres humanos invadem a natureza e esgotam habitats vitais, um número crescente de espécies fica sob risco. Para Guterres, a humanidade e o futuro que as pessoas desejam também correm risco.
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