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UNIÃO INTERNACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES APONTA 2020 COMO ‘DEADLINE’

34 países africanos podem ficar fora da transmissão digital

DIÁLOGO DIGITAL. Especialistas em telecomunicações alertam que a não migração do sistema analógico para o digital poderá criar quebra do sinal e sofrer interferência de outros serviços. Entre outros, a migração foi um dos vários temas da conferência ‘Diálogo Digital 2018’, organizada pela MultiChoice.

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Pelo menos, um total de 34 países arriscam-se a ficar de fora da transmissão radiofónica e televisiva digital levada a cabo pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) caso não adiram à nova plataforma até 2020. O alerta foi lançado pela engenheira de radiocomunicação da UIT Michèle Coat, durante a 5.ª conferência internacional denominada ‘Diálogo Digital’, realizada este mês no Dubai, Emirados Árabes unidos.

Durante o encontro, organizado pela MultiChoice, a prelectora afirmou que a UIT continua a proceder à migração para os requisitos de espectro digital e de coordenação, incluindo, conforme acordado na conferência de Genebra em 2006 (GE-06), um acompanhamento para planear a digitalização da transmissão e o uso associado de frequência para 119 países na Europa, África, Médio Oriente e Ásia Central.

A engenheira, que não referiu Angola na sua apresentação, confirmou que o restante da banda de UHF (470-694 MHz) está disponível para a transmissão no futuro previsível, enquanto as faixas de dividendo digital (694-862 MHz) vão ser lançadas na transição da televisão analógica para a digital, o que “constituirá um papel importante e fundamental no fornecimento de acesso sem fio de banda larga”.

Entre os países que deverão até 2020 proceder à migração digital, destacam-se Argélia, Burquina Faso, Camarões, República do Congo, Costa do Marfim, Egipto, Gabão, Gana, Guiné, Mali, Marrocos, Mauritânia, Nigéria, Sudão, Chade, Togo e Tunísia.

De acordo com Michèle Coat, a plataforma de transmissão digital oferece inúmeras vantagens, de entre as quais “a melhor qualidade de imagem e de som; redução no consumo de largura de banda em relação à transmissão de rádio analógica; racionalização de espaço para outros serviços – o chamado ‘Dividendo Digital’–, além de permitir a existência de um maior número de canais”.

A engenheira, no entanto, não deixou de apresentar as desvantagens, que passam pela necessidade de substituir o equipamento quer das emissoras, quer dos consumidores, a perda de sinais – importantes para o planeamento e operações livres de interferência;–, além de outros custos operacionais.

Michèle Coat contou com a co-apresentação de Gerhard Petrick, chefe de departamento de tecnologia de transmissão da MultiChoice na África do Sul e vice-presidente da Associação de Radiodifusão Digital da África Austral; Peter Barnett, presidente do CM-WiB – transmissão de vídeo digital; e Gregory Bensberg, director-geral da Digital 3&4, que gere a transmissão dos serviços digitais terrestres da ITV e do Canal 4 no Reino Unido.

Um diálogo nos Emirados

A conferência ‘Diálogo Digital’ é uma plataforma de liderança de pensamento organizada pela MultiChoice com o objectivo de promover uma melhor compreensão do futuro das indústrias de entretenimento televisivo.

Nesta 5.ª edição, realizada este mês no hotel Kempinski, no Dubai (Emirados Árabes Unidos), foram discutidos, entre outros, temas como ‘Como o mundo digital mudou as nossas vidas’: perspectivas da terceira revolução industrial para África’; ‘O desenvolvimento da indústria de Nollywood, a posição actual de filmes nigerianos e a criatividade’ e ‘Uso da tecnologia digital para expandir as histórias africanas’.

A conferência, cuja primeira edição decorreu em 2012, teve ainda como temas ‘Valor da cadeia de televisão por assinatura’; ‘Ascensão do afro-futurismo nas indústrias criativas de África’ e ‘Revisão da Migração Digital’.

Participaram do ‘Diálogo Digital’, entre CEO da MultiChoice e de companhias mundiais de telecomunicações, prelectores do Reino Unido, Irlanda, Suíça, Nigéria, além de jornalistas de Angola e de vários outros países africanos.