200 mil toneladas entupiram as rotas comerciais marítimas
Logística. Um pesadelo de gestão logística para muitas das empresas que dependem da travessia do canal egípcio que faz a ligação mais directa entre o continente asiático e o continente europeu. Pôs uma semana centenas de navios à espera de passar e muitas empresas a considerar a rota mais longa que obriga a dar a volta ao continente africano.
O Ever Given é um dos maiores navios porta-contentores do mundo, pesa 200 mil toneladas carregado com mais de 18 mil contentores, tem o tamanho do Empire State Building (102 andares), e encalhou no famoso Canal do Suez que é responsável pelo trânsito de 12% do comércio mundial.
Pertença da empresa Taiwanesa de shipping (transporte de contentores) Evergreen Marine, o Ever Given ficou atravessado no canal egípcio e a impedir que mais de 450 outros navios conseguissem passar. E, a contar uma semana de bloqueio muitas empresas tiveram de gerir e rearranjar rotas semanas mais longas e muito mais caras para dar a volta inteira ao continente africano e levar carga desde o continente asiático para a Europa.
O Canal do Suez é o mais longo do mundo com 193 quilómetros e leva 13 a 15 horas para atravessar desde Port Said no Mediterrâneo à cidade do Suez no Mar Vermelho. Foi construído entre 1859 e 1869 por investidores estrangeiros e já foi motivo de quase guerra quando em 1956 o presidente egípcio Gamal Nasser nacionalizou o canal que servia de travessia ao transito marítimo mundial. A medida foi considerada uma ameaça por Israel e os aliados conduziram uma intervenção militar e a um acordo supervisionado pelas Nações Unidas.
Em 2020 o governo egípcio encaixou 5.61 mil milhões de USD de receitas oriundas de cobranças pela travessia do Canal do Suez.
O Ever Given encalhado custou milhões de USD em seguros de transporte e em custos de resgate do navio que envolveu 14 barcos de resgate, e que para além do atraso da mercadoria que carrega, é agora responsável pelo atraso da chegada das mercadorias das centenas de outros navios que não puderam fazer a travessia do canal e por isso descumpriram compromissos contratuais.
E apesar de ter ficado livre hoje, pode levar meses a reparar o estrago causado, até onde se sabe de momento, por ventos, pouca visibilidade ou por erro humano. Um erro com dores de cabeça e custos elevados e que podia ser visto a partir do espaço por imagens de satélite. Um desafio à altura do próprio porta-contentores Ever Given
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