Angola na cauda entre os principais exportadores africanos
RESERVAS LÍQUIDAS. País fechou o primeiro trimestre deste ano com saldo de 24.550,8 milhões de dólares de activos líquidos externos. Valor cobre o mínimo exigível para seis meses de importação, mas está abaixo do montante consolidado por três países africanos exportadores de petróleo.
As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Angola ficaram avaliadas, até 31 de Março deste ano, em 24.550,8 milhões de dólares, a segunda mais baixa entre os cinco principais exportadores de petróleo em África, de acordo com um ranking elaborado pelo VALOR com base nas últimas estatísticas monetárias dos bancos centrais de cada país e dados do Banco Mundial.
Da lista dos exportadores africanos, a Líbia é o país com maior reserva em divisas avaliadas em 40.825,2 milhões de dólares, na primeira posição, seguida pela Guiné Equatorial e Nigéria, cujas últimas estatísticas disponíveis apontam para 30.186,7 milhões e 27.870,0 milhões de dólares em activos externos líquidos.
Angola e Argélia ocupam a quarta e quinta posições da lista, respectivamente, com activos externos líquidos na ordem dos 24.550,8 milhões e 15.270,0 milhões de dólares, as mais baixas reservas entre os produtores e exportadores de petróleo no continente africano.
As reservas internacionais líquidas, como o nome indica, correspondem à quantidade de dinheiro em moeda estrangeira à disposição dos bancos centrais para fazerem face aos compromissos externos do país. Em momentos de grave abrandamento das receitas em divisas, os países socorrem-se das reservas internacionais, para, entre outros, financiarem importações de bens e serviços no estrangeiro.
Os principais exportadores africanos têm observado, desde meados de Junho, forte redução nas suas reservas em moeda estrangeira com a desvalorização do preço do petróleo. A Líbia, por exemplo, perdeu 36,5% dos seus activos líquidos externos, ao cair de 64.333,4 milhões em Dezembro de 2014 para os actuais 40.825,2 milhões de dólares.
A tendência foi a mesma para Angola, que viu suas reservas baixarem cerca de 13%, de 28.214,8 milhões, em 31 de Dezembro de 2014, para os actuais 24.550,8 milhões de dólares. Dólar mais escasso O petróleo não é o único ‘culpado’ para a redução das reservas. Entre as motivações da baixa nas divisas de Angola está também a decisão das autoridades monetárias dos Estados Unidos da América, por via dos correspondentes sul-africanos – que vendiam dólares para Angola – de suspensão da venda da ‘nota verde’ ao país.
Apesar de não ter havido justificações claras sobre a decisão, que várias fontes afirmaram, no período, que os “americanos desconfiam do destino que os angolanos dão ao dólar”. Medida que mais tarde ganharia ‘corpo’ com o abrandamento da actividade de bancos correspondentes.
Com as medidas, e segundo noticiou o VALOR no início de Abril, os bancos angolanos ficaram ‘impedidos’ de movimentar dólares com destino aos Estados Unidos.
O Standard Chartered, por exemplo, foi o último banco a “fechar tudo”, no ano passado, seguindo as pegadas do Citi Bank e do HBSC que deixaram Luanda muitos anos antes, de acordo com fontes do VALOR.
BNA ANUNCIA ESTRATÉGIAS
Apesar da queda nas reservas, o total de activos líquidos pode financiar até oito meses de importação, conforme defendeu, no início de Abril, o governador do BNA.
Perante o quadro de redução das reservas em moeda estrangeira, Válter Filipe apelou aos investidores para a criação de estratégias de modo a que as RIL cresçam a médio prazo, e assim, “ajudar o crescimento económico nacional”.
“O BNA quer disponibilizar as divisas às empresas que garantam credibilidade e sustentabilidade na economia nacional, de forma a dar sustentabilidade às famílias e criarem poupanças que tragam benefícios para Angola.
O banco central vai criar um ambiente financeiro bom que vai requerer sacrifícios na gestão das divisas e investir em serviços para o bem-estar das populações como medicamentos, alimentação entre outras”, prometeu
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...