BFA corta 17,2% no crédito, mas encaixa lucro de 416,4 milhões USD
BANCA. Resultados não auditados relativos a 2017 revelam avanço de 12,1% no lucro da mais rentável instituição financeira nacional, apesar do corte no crédito e aumento dos custos operacionais. Crédito em situação irregular chegou aos 6,3%. Contas do balanço consolidadas pelo segundo ano consecutivo em Luanda.
A carteira de crédito do Banco de Fomento Angola (BFA) caiu, de Janeiro a Dezembro do ano passado, 17,2% comparativamente ao exercício de 2016, o que não impediu a entidade de fechar o balanço positivo com lucros de 416,4 milhões de dólares, de acordo com os resultados preliminares não auditados da instituição a que o VALOR teve acesso.
O banco não justifica a razão da contracção no crédito em 2017, mas os indicadores de 6,3% de crédito vencido do total de empréstimos concedidos e 144,3% para a cobertura de crédito vencido por provisões explicam a ‘cautela’ da entidade para o risco do malparado.
Apesar disto, a instituição conseguiu, no período, um rácio de transformação de depósitos em crédito de 20,2%, além de ter visto o número de clientes aumentar 11%, ou seja, mais 167 mil, totalizando, assim, 1.742.703, até 31 de Dezembro do ano passado.
A contribuírem para o resultado líquido positivo de 416,4 milhões de dólares está o crescimento da margem financeira em 59,6%, e o aumento das comissões líquidas em cerca de 40%.
Para o avanço nos lucros, contribuíram ainda o produto bancário, o rácio ‘cost-to-income’ (custo face aos proveitos) e os recursos de clientes, que evoluíram 34,6%, 24,4% e 3,5%, respectivamente, apesar de ter havido aumento nos custos operacionais de 7,9%.
“O BFA obteve resultados líquidos de 416,4 milhões de dólares no exercício de 2017, o que corresponde a um aumento de 12,1% face aos 371,2 milhões de dólares registados no exercício de 2016”, escreve o banco participado em 48,1% pelo congênere português BPI e liderado em Luanda por Mário Leite da Silva.
Esta é a segunda vez que as contas de balanço do BFA são consolidadas em Luanda, por conta do domínio pelos angolanos da Unitel, desde 2016, da maior parte das acções do banco (51,9%), apesar de a operação apenas ter sido formalizada em Janeiro do ano passado.
Desde 2012, é a sétima vez que o banco apresenta balanço positivo consecutivamente e os maiores de toda a banca comercial, indicadores que colocam a entidade controlada pela Unitel na primeira posição do ranking dos cinco maiores bancos angolanos medidos pelos lucros (ver evolução no gráfico).
Electrónicos engordam
A acompanhar o ritmo dos clientes – que fecharam 2017 nos 1,7 milhões – estão os cartões electrónicos ‘Multicaixa’, com um aumento de 20%, para 1.342.194 cartões, até finais do ano passado. De acordo com o banco, o valor corresponde a uma quota de mercado de 23% de todo o sistema bancário.
Também houve avanço no ‘Return On Equity’ – ROE –, o rácio que mede o retorno do dinheiro investido pelos accionistas no banco, que se situou, até 31 de Dezembro, nos 35,4%, além dos 43,4% no rácio de solvabilidade regulamentar, indicadores “significativamente acima do limite mínimo de 10% exigido pelo Banco Nacional de Angola”, sublinha o conselho de administração, no documento que sintetiza as operações do BFA de Janeiro a 31 de Dezembro do ano passado.
BPI redUz exposição
Apesar de os angolanos terem actualmente o controlo do banco e fecharem as contas do BFA em Luanda, persistem as pressões para a redução de exposição do BPI ao banco angolano, uma exigência do Banco Central Europeu (BCE) a qual a administração dos bancos garantiram observar.
“Temos uma recomendação do BCE para reduzir a participação, a intenção é reduzir (…). Não diz [o BCE] até que número [a participação deve ser reduzida], diz que deve ser inferior a 48%”, recordou Pablo Forero, o gestor a quem o CaixaBank escolheu para liderar o BPI, durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2017 do BPI, em Lisboa, no início do ano.
O banco angolano, que tem Isabel dos Santos no ‘board’, foi o grande responsável dos lucros do BPI. Com a redução da exposição, e fecho de contas em Luanda, os lucros do banco português, agora sob domínio dos espanhóis do CaixaBank, caíram para 10,2 milhões de euros no ano passado, face aos 313,2 milhões de 2016.
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