Casas de câmbios contra a venda de divisas pelos bancos
MERCADO CAMBIAL. Estratégia do BNA que coloca bancos a vender divisas às casas de câmbio está a ser contestada. Operadores qualificam o modelo como “muito defraudado” e gerador de “concorrência desequilibrada”. Apesar disto, há um balanço positivo do primeiro trimestre de 2019.
As casas de câmbio mostram-se preocupadas com o novo modelo de distribuição de divisas por intermédio da banca, que consideram “muito defraudado” e gerador de “concorrência desequilibrada”. Essa posição foi manifestada pelo presidente da associação das casas de câmbios, Hamilton Macedo.
De acordo com o líder associativo, os critérios para os bancos “não estão claros” e levantam dúvidas sobre o valor que o Banco Nacional de Angola (BNA) destina para cobrir as necessidades dos operadores do sector. “Continuamos a registar um modelo de distribuição dos poucos recursos [em moeda estrangeira] que existem muito defraudado para as empresas do sector. É um modelo que gera alguma concorrência desequilibrada”, aponta o gestor.
Os operadores de câmbio defendem a necessidade de se voltar a publicar os dados dos montantes do leilão para as mais diferentes áreas. “Nunca sabemos qual é o valor que o BNA disponibiliza para o sector, que é uma informação que ajudava as nossas empresas, para saberem o quanto foi disponibilizado. E quem foram os beneficiários. Essa transparência é importante”, reivindica Hamilton Macedo.
1º trimestre positivo
Apesar da escassez e de “modelos defraudados” de vendas, a associação faz um balanço positivo do primeiro trimestre depois da paralisação quase total do período homólogo. “Sentimos que algumas empresas estão a trabalhar. O que de alguma maneira é animador, por estarmos a vir de um ano de paralisação total para um ano de algum sinal de vitalidade, o que agrada. Não é que satisfaça, mas vamos ter de lutar para atingirmos níveis de generalização de funcionamento”, salienta.
No entanto, os agentes de câmbio temem que, com a entrada em vigor na semana passada do instrutivo do BNA que reduz as margens de comissões com vendas de divisas, alguns bancos restrinjam ainda mais as vendas.
“Em tudo o que eram taxas que os bancos praticavam, por via deste instrumento, há uma redução na ordem de quase 60%, o que deixa, de alguma maneira, para determinados bancos, de ser um negócio rentável”, prevê Hamilton Macedo, apelando à necessidade de o BNA “colocar mão dura” na fiscalização.
Operadores discutem futuro
As casas de câmbio têm na agenda uma reunião, ainda este mês, que visa discutir o processo de reestruturação das empresas imposto pelo banco central, além de balancear a actividade nos últimos meses.
“Como estamos numa fase de reestruturação e temos um prazo de restauração, não queríamos atrapalhar essa restauração, nem queríamos criar aqui uma pressão que pudesse prejudicar o sector”, justifica-se Hamilton Macedo, acrescentando que o encontro vai servir também para “saber quem vai continuar, quem não vai”.
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