É PRECISO RESGATAR A CHINA
Os sinais do desconforto que mantêm arrefecidas as relações entre Angola e China não estão incrustados nas entrelinhas. Estão expostos, às claras. Quem tem olhos de ver, identifica-os com riqueza de detalhes em discursos, mas também em gestos e accções concretos. Do lado angolano, o protesto mais sonante até ao momento foi a desfeita de João Lourenço que desmarcou uma deslocação à China à porta de um evento entre Xi Jinping e líderes africanos em 2024. Antes disso, foram as críticas contra a colateralização do petróleo para os chorudos empréstimos chineses.

As críticas proviam em tom suficientemente contundente e audível do próprio Presidente da República. João Lourenço revelava-se inebriado com a possibilidade de aproximação aos Estados Unidos, pelo que não poupou nas palavras. Pelo contrário, juntou-se praticamente ao coro pelo mundo que acusa directamente a China de arquitectar armadilhas de dívidas para apropriar-se de recursos naturais e infra-estruturas. Foi um caminho perigoso e não faltaram alertas com argumentos práticos.
Um país como Angola que precisa de financiamentos e de investimentos, como o ser humano precisa do ar para respirar, tinha de ser necessariamente mais inteligente na gestão da política externa. O que implicava, como ponto de partida, evitar os jogos de lealdade das grandes potências. O alargamento da abertura aos Estados Unidos não devia exigir, como contrapartida, a contracção da relação consolidada com a China. Era obrigatório manter-se o equilíbrio saudável.
Outra questão de ordem prática explica-se pelo perfil do tal potencial e preferencial novo parceiro. Ao contrário da China, os Estados Unidos não se têm mostrado interessados em investir em países africanos na dimensão das necessidades destes. Nem investimentos, nem financiamentos. E a governação angolana não percebeu que Angola não tinha muito de especial para justificar um tratamento mais do que diferenciado. Especialmente, se as cores da bandeira partidária e ideológica mudassem na Casa Branca. Insista-se: não há nada que não tenha sido alertado com a devida previdência. João Lourenço ignorou simplesmente todos os avisos, apostando todas as fichas no que parecia uma obsessiva tentativa de aproximação aos Estados Unidos.
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Quem vai combater a ‘fake news’ do Governo de João Lourenço?