Indústria da canábis cada vez mais atractiva
INVESTIMENTO. Investidores sentem-se atraídos por uma indústria que vai tendo leis mais permissivas e movimenta muito dinheiro. Só nos EUA, mercado movimenta mais de 10 mil milhões de dólares.
A ex-CEO do Yahoo e da Autodesk, Carol Bartz, e o atleta de futebol norte-americano Joe Montana, considerado por três vezes o jogador mais valioso da Super Bowl, investiram 75 milhões de dólares no ‘marketplace’ de cannabis, Caliva.
Depois de encontrar alívio das dores graças a cremes à base de liamba, Carol Bartz decidiu fazer uma visita às instalações da Caliva e ficou impressionada com a administração e operação da ‘startup’. “Este não é um investimento numa indústria qualquer. É um investimento numa empresa muito boa que faz parte de uma indústria muito grande”, elogiou Carol Bartz à Forbes, que tratou de anunciar a vontade de investir na empresa.
Além de investir na Caliva, a executiva vai juntar-se ao conselho e planeia trabalhar com o departamento de ‘marketing’ para ajudar a lidar com o estigma que muitos consumidores e até os “curiosos sobre a erva” enfrentam quando se aproximam desse mercado. “Não é todo o mundo que quer entrar numa loja de droga, mas pode ser que essa mesma pessoa queira experimentar os produtos. Nós precisamos de ser bons com o ‘marketing’ em torno dos produtos relacionados com o bem-estar”, afirma ela.
Já o ex-astro de futebol norte-americano justificou que a sua empresa de capital de risco está a investir numa indústria que acredita que “pode proporcionar alívio a muitas pessoas e pode causar um sério impacto no consumo de opiáceos”. Joe Montana é o mais recente e um dos mais proeminentes atletas profissionais a defender abertamente o uso de cannabis, seguindo Bill Walton, membro do ‘Hall da Fama’ da NBA, Jim McMahon duas vezes vencedor do Super Bowl e Rob Van Dam, estrela do ‘wrestling’ profissional.
O’Malley, CEO da Caliva Collective, fornecedor de canabis, planeia utilizar os 75 milhões de dólares para lançar novos produtos, como uma nova linha de bebidas à base de cannabis, assim como para expandir o negócio para as cinco áreas metropolitanas da Califórnia. Inaugurado em 2015, o Caliva Collective inclui dispensário, loja virtual e equipamentos de cultivo a serviço de entrega.
A Caliva abriu um estabelecimento em San José e um centro de distribuição na Califórnia e emprega mais de 400 pessoas entre motoristas, consultores de bem-estar, produtores e cientistas.
Segundo dados da própria empresa, a receita cresceu 350% no ano passado, apesar de o mercado da cannabis ter caído 17% em função das exigências reguladoras, que fez com que todos os produtos à base da erva precisassem de ser testados antes da venda.
Depois de muita proibição e repressão, o mundo começa a dar passos para a legalização da cannabis, tanto para fins medicinais como para o uso recreativo. Primeiro, o Uruguai, em 2013, e depois o Canadá, em 2018. Mas a Holanda já tem uma experiência de duas décadas no uso de cannabis.
Essa onda de aceitação atinge também os EUA, país que comandou o combate às drogas no século XX. Em 2018, mais da metade dos norte-americanos já teve acesso à cannabis de forma regularizada, para fins medicinais ou mesmo recreativos. Dez Estados permitem esse último uso, que coloca a erva no mesmo ‘status’ de outras drogas permitidas no país. Hoje também há muito mais pesquisas e conhecimento sobre os efeitos reais da cannabis. Há indícios de o que seu potencial viciante é mais baixo do que em drogas legalizadas como o álcool e o tabaco e não há informações sobre mortes de consumidores.
Activistas, defensores do uso medicinal e políticos mais liberais pressionam cada vez mais por uma maior flexibilização das leis envolvendo a cannabis, acelerando essa onda de aceitação no território norte-americano. Estima-se que o mercado legal de cannabis nos EUA já atinja os 10 mil milhões de dólares.
Em Angola, a cannabis, conhecida como liamba, é a droga ilícita mais comum e é cultivada em quase todas as províncias.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...