Os quatro magníficos
RESPONSABILIDADE. Se dúvidas existem sobre se o racismo é factual ou vitimização, a representatividade de negros nas 500 maiores empresas do mundo deve servir de resposta cabal. São apenas quatro, e todos homens, os negros que lideram empresas da lista Fortune 500. E cada vez são menos... há uma década eram sete, em 2002 eram 12 os CEO negros.
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Um estudo do Centro para Inovação do Talento publicado em finais de 2018 concluía que apenas 3,2% das posições de liderança seniores eram ocupadas por negros que somavam apenas 0,8 das posições de CEO.
Roger Ferguson Jr. CEO da TIAA desde 2008
A TIAA (Associação de Professores de Seguros e Anuidades) que lidera desde abril de 2008 é um fundo de gestão e serviços financeiros que gere mais de mil milhões de dólares e emprega 17.500 funcionários com receitas anuais de mais de 37 mil milhões de dólares. O economista Roger Fergunson Jr. nascido em Washington a 28 de outubro de 1951 formado em Harvard liderou a seguradora Swiss Re e tornou-se partner da consultora Mckinsey. Entre 1999 e 2006 foi vice-presidente do board de governadores da Reserva Federal e responsável pela resposta aos ataques de 11 de setembro pela qual recebeu aplausos. Foi consultor da presidência de Barack Obama e é co-autor de vários livros focados na boa governança das instituições financeiras e recipiente de vários prémios de liderança, sendo o mais recente o da Associação Nacional de economia e negócios em 2020.
Kenneth Frazier CEO da Merck e Co.
A primeira farmacêutica com liderança de um negro, a Merck e Co. posiciona-se no 78º lugar da lista da Fortune 500, com perto de 70 mil funcionários, conta um valor patrimonial estimado em 82 mil milhões de dólares e gera receitas da ordem dos 42 mil milhões de dólares. Kenneth Carleton Frazier, nascido em Filadélfia, 1954, formou-se em direito em Harvard e defendeu um condenado à morte que conseguiu salvar pelo escritório de advocacia Drinker Biddle. E foi aí que tomou contacto com a segunda maior farmacêutica dos EUA, por que defendeu e venceu processos judiciais que poderiam ter custado até 50 mil milhões de dólares, performance que lhe valeu a nomeação para o cargo de vice-presidente da companhia. Em 2011 tornou-se CEO da Merck e Co. Membro da equipa de conselheiros de Trump, afastou-se em 2017 e disse numa entrevista depois do assassinato de George Floyd pela polícia, que poderia bem ter sido ele naquela situação.
Marvin Ellison CEO Lowe
A Lowe é a segunda maior cadeia de equipamentos para casa a seguir ao Home Depot (onde também trabalhou vários anos), com mais de 2 mil lojas que empregam 370 mil pessoas e geram receitas de perto de 70 mil milhões de dólares. Ellison foi nomeado CEO em 2018 saído de outra cadeia de lojas americana, a J. C. Penney onde também ocupou o mesmo cargo. Nascido no Tennessee, em 1966, manteve-se músico, apaixonado pelo Gospel, formou-se em gestão e administração pela universidade de Memphis, começou a trabalhar como segurança e levou 15 anos a subir até à vice-presidência do Home Depot.
Jide Zeitlin CEO Tapestry
A Tapestry é a dona de marcas de retalho exclusivas tão conhecidas como a Stuart Weitzman, a Kate Spade ou a Coach, é empregadora de mais de 12 mil pessoas e, em 2018 gerava lucros de perto de seis mil milhões de dólares. Zeitlin, nascido em 1964 na Nigéria, adoptado por americanos, assumiu a liderança da Tapestry em setembro de 2019, mas já integrava a direcção desde 2006 ano em que fundou também o Keffi Group. Jide Zeitlin tem também um MBA de Harvard e no seu currículo constam 20 anos de varias posições de relevo na gigante financeira Goldman Sachs onde começou como estagiário e chegou a parceiro. Foi nomeado presidente do Board da Agência de Investimento Soberano da Nigéria em 2012 e mantém essas funções.
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