ANGOLA GROWING
Pihia Rodrigues

Pihia Rodrigues

Revenda. Comerciantes reconhecem que operam na ilegalidade, mas esperam que lhes sejam permitidos acorrer aos pequenos empréstimos, para fazer face à crise, diversificando a carteira de negócio. Empresa de microcrédito esclarece que também apoia informais, embora tenha antes de analisar a viabilidade do investimento.

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Vendedores de água em ´tanques caseiros´ consideram o “negócio atractivo” e o trabalho de importância destacável, visto que ajuda a reduzir o “nível de insatisfação popular” face à incapacidade do Governo de fornecer o líquido precioso a todas as residências.    

Os comerciantes defendem, por isso, a formalização do negócio que se resume na aquisição de água em cisternas para o enchimento de reservatórios domésticos, para posterior venda à vizinhança. O custo da cistena de 20 mil litros ronda os 25 mil kwanzas, permitindo lucros médios na ordem dos sete mil kwanzas, como resultado da venda de 50 kwanzas o bidão de 25 litros. Há quem, no final do mês, obtenha lucros acima dos 50 mil kwanzas, considerando a rotatividade do negócio.  

“Sou diminuído físico por conta um cancro que tive na perna direita. E se não vender um bidão de água não me alimento. O Estado tinha que fazer um levantamento para conhecer as pessoas, e ver como nos podia ajudar”, apela Jeremias Morgado.

Gilson Cardoso, 29 anos idade, herdou do pai o hábito pelo negócio. Conta que, antes da campanha da Epal, que entre 2014 e 2015, visou cortar as mangueiras que subtraiam água da Conduta da Congeral, os lucros “eram significativos”. Para manter o negócio, passou a comprar o produto às cisternas, mas confessa não ter ainda ganhado o traquejo na gestão. “No período em que retirávamos a água da conduta, não era necessário analisar o tamanho dos recipientes. Estipulávamos qualquer preço, porque não tínhamos nada a perder, mas hoje, temos de ser rígidos”, explicou.

Desempregado, o jovem combina os ganhos da cerveja e da água para manter o sustento da família. Mensalmente, arrecada entre 45 mil e 50 mil kwanzas de lucros em água. Muitos dos comerciantes manifestaram o desejo de adquirir crédito bancário para melhorarem a condição do negócio.

 

Epal reconhece importância dos operadores

Ao VALOR, o porta-voz da Epal sublinhou não haver “nenhuma formalidade a nível da empresa, para que se possa praticar” o negócio. Vladimiro Bernardo salienta que a Epal só formaliza a venda às cisternas e chafarizes, entretanto reconhece a importância desses comerciantes, dada a incapacidade para o fornecimento de água às comunidades.

Por sua vez, a directora-geral do Kifcrédito, Felisbela Paulino, tranquiliza os comerciantes, sublinhando que a instituição também concede pequenos empréstimos a informais. Também ao VALOR, explicou que, nestes casos, a empresa deverá antes analisar os custos de abastecimento do tanque e estudar variáveis como o preço do litro, bem como a quantidade de água comercializada por mês, para aferir a viabilidade do negócio.

Felisbela Paulino, para quem que defende que “há muito que o Estado devia regular a prática, por já ser realizada há anos”, explica que, para a cedência de crédito, a Kifcrédito exige que o negócio seja exercido há pelo menso três meses.

Workshop. Empresa ambiciona hegemonia na assessoria das companhias do mercado mineiro. Até ao momento, é a única especializada em comunicação e assessoria exclusiva para o sector.

Bumbar Mining realiza a 26 deste mês o seu primeiro fórum ´ Angola Mining Talks´, cujo objectivo é, entre outras, a divulgação de outros recursos minerais além dos diamantes, bem como a atracção de mais investidores no sector.

Para a entidade, há muitos recursos que não só não são explorados como também não são divulgados. E, nesse evento, perspectiva que os maiores players convidados esclareçam o auditório, que se espera venha a ser composto por diferentes empresas, técnicos e estudantes da área, sobre os trabalhos que desenvolvem, que mais e menos produtos exploram, e o que fazem para mitigar as dificuldades resultantes da actual conjuntura económica.

Além das grandes companhias, também foram convidados altos quadros do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, que deverão clarificar sobre os constrangimentos e como têm sido implementadas as estratégias traçadas no Plano de Desenvolvimento Nacional, para o quinquénio 2017/2022.

A Bumbar Mining espera que as discussões produzam ideias que possam ser utilizadas para a melhoria das políticas do sector. Para Josina Sango, gestora de eventos da empresa, se o Estado e os players acreditarem, “o sector poderá contribuir mais na diversificação da economia e concomitantemente no PIB”.

O fórum é o primeiro de 10 actividades semelhantes que a Bumbar Mining se compromete a realizar todos os anos.

Criada em 2014, a Bumbar Mining é uma empresa de comunicação, organização de eventos e promoção do sector de mineiro. Ambiciona a hegemonia na assessoria às companhias do mercado nacional. E, além de Angola, tem presença na África do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e Oceânia.

POLÍTICA PARTIDÁRIA. Partido no poder alarga comité central e substitui secretário-geral. João Lourenço volta a ‘agarrar-se’ nos aos erros do passado para enriquecer discurso de abertura, enquanto no encerramento disse que não voltaria a falar do que os militantes estavam à espera, a corrupção.

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Nos discursos do fim-de-semana alusivos ao sétimo congresso extraordinário do MPLA, João Lourenço voltou, entre outros, a tocar no seu ‘cavalo de batalha’, o combate à corrupção e responsabilizou a equipa económica, quanto à implementação do IVA “ainda este ano”. O presidente do MPLA falou também da necessidade do aumento da produção ‘made in Angola’ e anunciou um novo ‘programa integrado de intervenção municipal (PIIM) ‘.

Em reacção ao discurso de JLo, o embaixador Miguel Costa apela para que cada um “comece por algum lado a fazer alguma coisa, para impulsionar o campo”. Antigo PCA da transportadora aérea nacional, TAAG, Miguel Costa afirma que “o Presidente falou, mas a iniciativa deve ser das pessoas com talento para a implementação de pequenos projectos nos municípios”. Avisa, entretanto, que o sucesso passa pela criação de infraestruturas básicas para alavancar a produção, elegendo como “crucial”, a energia eléctrica, uma vez que, “havendo esse bem público, quem quiser investir no campo, na agricultura, no pequeno comércio ou na hotelaria e no turismo terá a possibilidade de melhorar a sua qualidade de vida”, e ao mesmo tempo, “será mais fácil transformar e conservar os produtos”.

Por sua vez, o empresário Ferreira Nequinha alerta que o sucesso do PIIM dependerá, além das infraestruturas como a electricidade e a água potável, de um melhor posicionamento dos bancos na cedência de crédito. “Os homens com capacidade de trabalhar precisam de uma banca mais comprometida com o problema do arranque da produção interna que não vai acontecer enquanto os bancos continuarem com exigências de garantias absurdas.”

Para Marcos Chitanga, que aderiu ao MPLA em 1974, o discurso de JLo foi “pouco galvanizante”, por ser “muito repetitivo”, quando o que interessa “é a ruptura total com as práticas do passado”. “O PIIM é uma boa iniciativa enquadrada nas autarquias”, assinala, referindo, contudo, que o MPLA só poderá vencer as eleições autárquicas se der um pouco mais do que fez até agora  “transformando os discursos em acções práticas na vida do cidadão”.  “Se o cidadão sentir a pulsação de que há resultados, então os mandatos do MPLA poderão duplicar ou mesmo triplicar”, mas se não o fizer, diz o militante do partido maioritário, “o melhor será nem sequer avançar para esse desafio porque vai perdê-las [as eleições] ”.

Referindo-se aos resultados do congresso, o também jurista entende que “o Presidente e o partido de forma geral estão com algumas dificuldades de romper definitivamente com as práticas antigas que resultaram na delapidação do erário”. “Há um choque porque o que está mal é o comité central estar mancomunado com a acumulação primitiva de capital, uma prática lesiva ao Estado”.

Assim, considera Marcos Chitanga, “o correcto seria afastar todo o comité central, pô-lo todo em casa”, porque “fora desse quadro”, acrescenta, “o Presidente não vai conseguir corrigir o que está mal, porque a acumulação primitiva de capital não foi uma simulação, provocou falência da Caixa Agro-pecuária e Pescas, do Besa, e de vários outros programas”.

Empresas com fundo públicos

Por sua vez Marcolino Moco, antigo secretário-geral do MPLA, apelou, à margem do conclave do partido no poder, ao pragmatismo ao tratar-se de erros de governação, cometidos essencialmente entre 2002 e 2015, “sob pena de todas as pessoas importantes do país irem parar a cadeia”. Reafirmou uma responsabilização baseada na ética e na moral, promovendo-se “a justiça restaurativa”, adaptável à realidade angolana, ao invés de se importar modelos europeus ou outros.

Moco considerou “sensatas” as medidas tomadas no sentido de se manter funcionais as empresas constituídas, com fundos públicos, mesmo na anormalidade, por garantirem serviços e empregos, revendo-se inclusive a sua titularidade. E aconselhou para se evitarem os erros  como os cometidos depois da independência, ao partir-se tudo que parecia ser colonial para se construir tudo de novo.

O sétimo congresso do MPLA elegeu Paulo Pombolo ao cargo de secretário-geral, em substituição de Boavida Neto, e escolheu também um bureau político com 72 membros, alguns dos quais estreantes, bem como um novo comité central que passou de 366 para 497 elementos com a integração de 134 jovens.

ESCRUTÍNIO. Luís Teles é oficialmente o novo CEO da sucursal do banco sul-africano em Luanda. Confirmação da nomeação só chegou em Dezembro último, quando já tinham passado quase 90 dias do prazo legal. É a terceira nomeação na gestão do banco desde que se fundou no país.

 

 

A Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) assumiu hoje (26), a presidência da Plataforma das Entidades Reguladoras (PER) da Comunicação dos Países e Territórios de Língua Portuguesa para um mandato de um ano, sucedendo a Moçambique.