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Pihia Rodrigues

Pihia Rodrigues

POLUIÇÃO. Península deserta não ?é habitada por humanos. Mas tornou-se num aterro de plástico, devido às correntes oceânicas que nela carregaram os resíduos sólidos.

 

A ilha de Henderson, no oceano Pacífico, não é habitada por seres humanos, mas tornou-se num aterro mundial de plástico, ‘graças’ às correntes oceânicas que levaram o lixo para as suas praias.

É um dos lugares mais remotos do mundo e é património mundial da UNESCO. É uma ilha minúscula desabitada, localizada a leste da Nova Zelândia e a oeste do Chile e conta com a maior densidade de resíduos antropogénicos a nível mundial, com 99,8% de poluição plástica.

Segundo o estudo, realizado por Jennifer Lavers e Alexander Bond, publicado na passada semana, pela ‘Proceedings of the National Academy of Sciences’, nesta ilha, encontram-se 37,7 milhões de materiais plásticos, o que corresponde a 17,6 toneladas.

No entanto, apesar de serem resultado da acção humana, estes resíduos chegaram à ilha de Henderson por causas naturais e não pela mão de pessoas, sendo apontadas como prova da extensão catastrófica da poluição plástica dos mares e oceanos. A massa de terra mais próxima desta ilha encontra-se a uma distância de cinco mil quilómetros.

A sua localização, apontou o relatório, perto do centro da corrente do oceano Gyre do Pacífico Sul, faz com que seja um ponto focal para detritos transportados da América do Sul ou deixados por barcos de pesca”.

Jennifer Lavers, do Instituto de Estudos Marinhos e Antárcticos (IMAS) da Universidade da Tasmânia, considera que Henderson “é um exemplo chocante”, mas revelador da influência que os resíduos plásticos estão a ter no meio ambiente da Terra.

“Eu viajei para algumas das ilhas mais distantes do mundo e, independentemente de onde tenha ido, do ano ou da área do oceano, a história é geralmente a mesma: as praias estão repletas de provas da actividade humana”, acrescentou Jennifer Lavers, a autora principal do estudo.

Segundo o estudo, cerca de 3.750 novos resíduos aparecem todos os dias ao longo das praias. Lavers encontrou caranguejos que viviam dentro de lixo, como boiões de plástico ou frascos de cosméticos. “Este plástico é velho, tóxico, quebradiço, afiado, e estes caranguejos deslumbrantes vivem no nosso lixo”, acrescentou em conversa com o The Guardian.

Nesta ilha, que tem 3.700 hectares, existe uma grande diversidade biológica com 10 espécies endémicas de plantas e quatro espécies de aves terrestres, protegidas pelo seu isolamento das actividades humanas. No entanto, este estudo mostra que “todos os cantos do mundo já estão a ser afectados” pela poluição plástica.

A Ilha de Henderson

 

Esta é uma ilha tão remota que só pode ser visitada uma vez a cada cinco a 10 anos, para fins de pesquisa científica. Foi numa dessas visitas, em 2015, que os investigadores perceberam a extensão do problema da poluição de plástico.

Aproximadamente 27% dos itens identificáveis tinham origens na América do Sul, incluindo equipamento de praia e materiais com fins piscatórios. São encontrados entre 21 e 671 itens por cada metro quadrado de terra.

As pesquisas foram realizadas em cinco locais diferentes da ilha e chegaram até 10 centímetros abaixo a superfície. Os investigadores não contabilizaram as falésias e os rochedos litorais, pelo que o problema pode ser maior do que aquele que é retratado no estudo.

BANCA: Presidente do BIC, entre outras críticas, revela que banco central dá divisas a clientes sem kwanzas, em detrimento de outros com disponibilidade de moeda nacional para realizar compras nos ‘leilões’ do BNA.

 

O banqueiro Fernando Teles, presidente do conselho de administração (PCA) do Banco BIC, criticou, na última semana, a política cambial do Banco Nacional de Angola (BNA) que determina “quanto e quem” deve beneficiar da moeda externa, vendida nos leilões, substituindo o papel dos bancos comerciais, que ficam com “pouco espaço de manobra”.

“A questão é que o BNA e o Governo decidiram que a moeda externa deveria ser disponibilizada de acordo com as prioridades do Governo”, observou o PCA do BIC, em declarações a jornalistas, acrescentando que não sabe “se é assim que está a ser feito”.

Teles, que falava no evento de apresentação dos resultados do banco, referentes ao exercício de 2016, indicou que, face à política adoptada pelo BNA, “muitos clientes têm sido preteridos”. Mas, mais do que isso, denunciou haver situações em que clientes que têm kwanzas para adquirir a moeda externa, no caso o euro, são preteridos, a favor dos que não têm kwanzas para a transacção. “Se me perguntarem se estou satisfeito com isso, não, não estou”, desabafou Teles, que admite não haver outra escolha, senão “aceitar, criar alternativas e avançar”.

No pouco “espaço de manobra” deixado aos bancos, o BIC, segundo o seu PCA, tem priorizado disponibilizar cambiais para os “casos complexos”, como empresas com dificuldades de importar produtos, e pessoas doentes que buscam tratamento no exterior. Ainda assim, nem sempre chega. “Há empresas com a corda no pescoço e outras a encerrar devido à escassez de dólares”, insiste.

O BNA adoptou a medida de gestão directa das divisas, no seguimento da crise que reduziu drasticamente as receitas petrolíferas, além da saída dos correspondentes bancários internacionais, que se retiraram do país essencialmente, por questões relacionadas com o ‘compliance’, Teles inclui, entretanto, entre as razões da fuga dos correspondentes bancários, “algum preconceito em relação a Angola”, embora admita que a adopção de “padrões internacionais vai ajudar à ter a situação normalizada.”

O Deutsche Bank foi o último dos correspondentes bancários a abandonar Angola, numa lista antes preenchida por instituições financeiras de peso, como o Citi Bank, HBSC, Standard Chattered, além de outros actores menos ‘pesados’. Fernando Teles recorda que a retirada dos correspondentes bancários “criou dificuldades ao sistema financeiro angolano, na medida em que muitos bancos enfrentam constrangimentos em movimentar dinheiro para fora”.

No que ao seu banco diz respeito, o BIC Angola tem recorrido aos BIC Portugal, Cabo Verde, S. Tomé para a realização de operações internacionais, e, mesmo assim, encontra “alguns constrangimentos”, como aponta Teles. Em relação à propalada intenção de fusão entre o BIC e o BFA, Fernando Teles, que várias vezes se mostrou reticente quanto à quantidade de bancos no mercado, não foi além de um breve comentário: “Espero que não nos imponham nada”. O BIC, declarou, está atento a oportunidades de negócios em países como a África do Sul, os Congos, Zimbábue e Zâmbia. Ou seja, onde houver “bons negócios”, o banco vai implantar-se.

 

CRESCER NA CRISE

De acordo com os dados apresentados pelo BIC, os depósitos do banco cresceram 10%, em 2016, para um total de 850 mil milhões de kwanzas, ao passo que o volume de negócios subiu para 1,85 biliões de kwanzas, relação aos 1,6 biliões de kwanzas registados no ano anterior.

Os capitais próprios do banco estão agora nos 113 mil milhões de kwanzas, um crescimento de 12%, com os activos líquidos totais do banco a subirem também em 6%, atingindo um bilião de kwanzas. O banco viu o rácio de solvabilidade regulamentar aumentar de 13,3% em 2015 para 14,3% em 2016. Com 1,3 milhões de clientes registados em 226 agências em todo o país, em 11 anos, o Banco BIC é um dos quatro maiores da praça financeira angolana.

Na mensagem do seu presidente, o crescimento registado “implicou investimentos substanciais em infra-estruturas e tecnologias de informação”, além de investimentos nas áreas de controlo interno, risco e de ‘compliance’.

INVESTIMENTO. Banco da China vai abrir uma sucursal em Angola a partir de Agosto, para apoiar o comércio e facilitar o investimento chinês, segundo o vice-presidente da câmara de comércio e indústria Angola-China, Xu Ning.

Angola está a investigar a existência no país de carne proveniente de empresas do Brasil envolvidas na adulteração de produto estragado com recurso a químicos, segundo o diretor dos Serviços de Veterinária de Luanda, Edgar Dombolo, que garante existir, neste momento, equipas no terreno a fazer a recolha de dados sobre as importações, um trabalho que começou desde que foi divulgado o assunto.

A polícia brasileira descobriu na semana passada que várias das principais empresas de carne do país, com a cumplicidade de agentes públicos e gestores empresariais, “maquilharam” com produtos químicos, carnes que estavam em mau estado e não cumpriam os requisitos para exportação.

Edgar Dombolo referiu que decorrem os trabalhos para se apurar que empresas importaram para o país, para a tomada de medidas.

“Estamos a aferir quais as empresas que receberam produtos do Brasil e depois ver se desses produtos constam das seis empresas que exportam. São 21 empresas que têm problemas, supostamente fraude no processamento de carnes, das quais, seis exportam para diferentes países, incluindo o nosso”, garante.

De acordo com o responsável, Angola importa carne bovina, suína e aves do Brasil, salientando que este caso merece alguma celeridade, para se informar o público consumidor.

ENTREVISTA.Enquanto pintava um muro, Carlos Alves revelava como já ganhou mais dinheiro com as artes plásticas do que com as cénicas. Este ano, está empenhado em dar aulas de desenho e pintura, em casa, onde terá uma galeria, ao mesmo tempo que grava um novo filme.