Fintech, acrónimo inglês para tecnologia financeira, refere-se ao uso ou à aplicação de tecnologia nos serviços financeiros, estando ainda associado a projectos tecnológicos disruptivos, a transformações rápidas e profundas no sector financeiro, que têm vindo a conquistar uma boa fatia do mercado aos ‘players’ tradicionais. Serviços como ‘mobile money’, transferências de fundos, financiamentos e gestão de activos fazem cada vez mais parte do ecossistema Fintech. O continente africano tem sido considerado, por muitos, como sendo a região que mais poderá beneficiar da revolução. De acordo com estudos recentes, África contava com mais de 300 ‘startups’ em Fintech: África do Sul, Nigéria e Quénia na frente da corrida. Angola começa a dar os primeiros passos, com destaque para o Atlântico Directo Mobile, o Bnix, e-Kwanza BAI e Xikila Money. Simplicidade e rapidez a nível de pagamentos, confiança, acesso à internet e regulação têm sido os principais impulsionadores do crescimento sem precedentes da indústria em África. Ao contrário do sistema tradicional, que concentra os serviços em centros urbanos ou em zonas comerciais, o ‘mobile money’ tem promovido a inclusão financeira da população residente em zonas mais remotas. Investidores internacionais institucionais, corporativos e ‘business angels’ têm estado de olhos postos no Fintech: em 2017, 30% dos 195 milhões de dólares angariados por ‘startups’ Africanas tiveram Fintech como destino. O potencial de África é tremendo: na Nigéria, 47% da população não é bancarizada, 84% tem acesso a um telemóvel e 54% acede à internet. Estima-se que 71% da população nigeriana utilize ‘apps de mobile banking’. Em Angola, 46% da população não é bancarizada, 45% tem acesso a um telemóvel e 98% do acesso à internet é feito via móvel. O ambiente que se vive em África favorece o crescimento da indústria, também devido a um nível de concorrência significativo, em alguns países, e à regulação menos exigente. A colaboração entre Fintechs e banca tradicional tem sido considerada, pelos motivos já referidos, uma revolução ou reinvenção da indústria, favorecendo a grande maioria dos agentes económicos. Num futuro próximo, espera-se consolidação das Fintechs dedicadas a pagamentos. Para muitos, o verdadeiro potencial desta indústria em África reside no alcance à maior fatia do PIB africano: o mercado informal, com um leque de serviços mais alargado. Shelisa Samgy, Senior Manager Transaction Advisory Services, EY
Shelisa Samgy
‘Cash is king’
O ‘cash-flow’, ou fluxo de caixa, é um indicador que reflecte as entradas e as saídas de dinheiro num determinado período de tempo e que difere do resultado líquido, que, por sua vez, contempla custos e proveitos no momento em que ocorrem, independentemente do momento em que são pagos ou recebidos. O cash-flow demonstra até que ponto a empresa é capaz de gerar disponibilidades financeiras necessárias para manter as suas operações, cumprir com as suas obrigações e responsabilidades mensais. Situações de ‘cash-flow’ deficitário podem, no limite, tornar a empresa insolvente. Quais os mecanismos que contribuem para uma gestão de caixa antecipada e eficiente? A solução poderá passar pela elaboração de mapas de ‘cash-flow’, permitindo antecipar surpresas como situações de défice de liquidez. Para muitas empresas, os exercícios previsionais podem, por vezes, constituir um desafio, tendo em conta a típica aversão humana para estimar e pensar no futuro, muitas vezes, sinal de controlo e trabalho adicional. Como prever receitas, custos e fluxos de caixa perante o contexto económico de incerteza? Como detectar ‘red flags’ antes que seja tarde demais? •Desenvolvimento de cenários As melhores práticas de gestão remetem para o desenvolvimento de mapas de ‘cash-flow’, idealmente com três cenários possíveis: (i) base; (ii) optimista e (iii) pessimista. Torna-se importante apreender e compreender a dinâmica das variáveis subjacentes, como. por exemplo: entrada de novos concorrentes, ciclo de vendas, grau de aceitação dos produtos, grau de satisfação dos clientes, entre outras. •Previsões de fluxos de caixa As previsões efectuadas devem definir quais os fundos necessários para o desenvolvimento da actividade da empresa e são idealmente elaboradas para um horizonte temporal entre 12 e 18 meses. Devem ainda conter detalhe suficiente que permita a empresa ter conhecimento do destino destes fundos. A chave para o desenvolvimento de projecções de fluxos de caixa eficazes é reter a informação de suporte (ou fontes de informação) que permita fundamentar os pressupostos subjacentes, bem como o conhecimento das variáveis que afectam estes pressupostos. Certifique-se de que apreendeu quais os principais drivers do negócio e que variáveis afectam o desempenho dos mesmos. Se as pessoas são os principais drivers de receita, as projecções de venda estão alinhadas com a estrutura de pessoal? A estratégia da empresa deve estar reflectida nos números. Conheça as métricas da sua indústria, da sua concorrência e do seu sector no geral. As suas previsões vão ao encontro da informação de mercado? Qual o posicionamento relativo da empresa? A monitorização eficaz do ‘cash-flow’ torna-se assim fundamental para a gestão da empresa: controlar custos, manter níveis de dívida sustentáveis, potenciar o crescimento de receitas, aumentar as margens de lucro são variáveis críticas para o crescimento do negócio e têm por base uma monitorização eficaz. Transactions Advisory Service Manager, EY
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