Angola tem 12 mil micro, pequenas e médias empresas legais
RELÁTORIO. Cerca de 58% das micro, pequenas e médias empresas formalizadas não têm acesso a financiamento, segundo um estudo da Deloitte, que posiciona Angola em quarto lugar, no continente, com o maior número desse grupo de empresas. Fontes do INAPEM contestam dados atribuídos ao país.
Angola tem 12 mil micro, pequenas e médias empresas (MPME) legalizadas, segundo fontes, afectas ao Instituto Nacional de Apoio a Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), reagindo ao relatório da Deloitte, que atribui ao país cerca de 800 mil MPME.
“Angola é um país pequeno nesse aspecto, com cerca de 26 milhões de habitantes e 42 anos de independência. Não é possível termos 800 mil empresas. Aliás, temos sérias dificuldades de financiamento. Muitas dessas 12 mil empresas legalizadas, nem saem do papel por dificuldades de financiamento. Esse estudo é uma loucura”, atirou a fonte do INAPEM.
O estudo da consultora internacional, difundido em ‘primeira mão’ pela imprensa portuguesa, atribui a Angola o quatro lugar do ranking de países com mais MPME, a nível da África Subsaariana. Denominado Observatório para a Inclusão Financeira, a pesquisa da Deloitte, que tem escritórios de representação em Luanda, avança que na região existem 40 milhões de MPME, estando 2% deste número (cerca de 800 mil) concentrado em Angola.
A Nigéria, principal ‘rival’ do país, em termos de produção de petróleo, em África, surge na primeira posição, com 24% (cerca de 10 milhões de MPME). De acordo com a quarta edição do Observatório para Inclusão Financeira, à frente de Angola está ainda o vizinho Congo, em terceiro lugar, com 7% do ‘bolo’, o que corresponde a mais de dois milhões de grupo de empresas em análise. Na segunda posição, encontra-se a Tanzânia com 11%. Observatório indica que em 2010, existiam entre 420 a 510 milhões de MPME no mundo, 85% das quais localizadas em países em desenvolvimento, com a região da África subsaariana a representar cerca de 8,6% do total.
A agência internacional sublinha ainda, no seu documento, “a relação entre a actividade das MPME e o crescimento económico dos países, estimando que o contributo para o Produto Interno Bruto global seja aproximadamente de 65%”. No entanto, lê-se no relatório, em países em desenvolvimento, cerca de 58% das micro, pequenas e médias empresas formalizadas não têm acesso a financiamento.
Fomentar o aumento da produtividade destas empresas, através da melhoria das condições de trabalho, é outra das necessidades identificadas, assim como a criação de um clima de negócios favorável e o incentivo à própria formalização das MPME, “como um meio para quebrar o ciclo vicioso de fraca produtividade e condições de trabalho precárias características do mercado paralelo”.
Em relação à ‘exclusão’ do acesso ao financiamento, os interlocutores do INAPEM mostraram-se concordantes, tendo em conta que este é dos problemas que mais afecta as MPME angolanas, ‘empurrando-as’ para beira da ‘morte’. Por exemplo, dados oficiais, dão contam de que a taxa de mortalidade anual das empresas em Angola ronda os 70%. Além de dificuldades de acesso ao crédito, falta de preparação/formação de empreendedores também são apontados como causa de valência desses empreendimentos.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...