PERSPECTIVA ECONÓMICA DE ÁFRICA 2025

BAD considera que crescimento económico de Angola “continua frágil”

O Banco Africano de Desenvolvimento considera que o crescimento económico de Angola permanece “frágil, em meio a múltiplos choques e à crescente incerteza global”, reconhecendo, contudo, haver uma melhoria no desempenho económico em 2024.

BAD considera que crescimento económico de Angola “continua frágil”

No relatório sobre “Perspectiva da economia africana para 2025”, Angola é posta numa lista de 10 países africanos que registaram aumentos de crescimento de mais de 1,0% de 2023 a 2024, uma ligeira melhoria “ofuscada por pressões inflacionárias persistentes, depreciação cambial e altos custos da dívida”.

Em todo o continente, o crescimento do Produto Interno Bruto real acelerou “marginalmente” de 3,0% em 2023 para 3,3% em 2024, impulsionado por fortes gastos governamentais e consumo privado.

O BAD explica que o aprofundamento da fragmentação geopolítica, os conflitos regionais e a crescente incerteza global impulsionada por mudanças na política comercial obscurecem ainda mais as perspectivas para o curto e médio prazo.

Além disso, “os impactos contínuos das alterações climáticas — combinados com conflitos prolongados no Sahel, no Corno de África e no leste da República Democrática do Congo — agravaram ainda mais a vulnerabilidade de África, afectando directamente a atividade económica em certas regiões e alastrando indiretamente aos países vizinhos”.

Conforme o estudo do Banco Africano de Desenvolvimento, a fluidez da situação e a incerteza crescente significam que o impacto no crescimento dependerá da decisão de suspender por 90 dias as tarifas do “Dia da Libertação”, anunciada pelos Estados Unidos em 2 de Abril de 2025. Com os Estados Unidos representando cerca de 5% do comércio global total de mercadorias da África (exportações e importações), a tarifa média anunciada de 10% pode se somar ao regime tarifário existente sobre o comércio dos EUA com a África, fora aqueles isentos pela AGOA (African Growth and Opportunity Act, em inglês).

“A pausa, no entanto, fez pouco para atenuar os impactos potenciais, pois aprofundou as crescentes incertezas nas políticas comerciais entre dois dos maiores parceiros comerciais da África — os Estados Unidos e a China. Além disso, as tarifas contribuíram para um declínio notável nos preços das commodities e no valor dos ativos financeiros”, diz o documento.

O BAD prevê que o crescimento de África acelere de 3,3% em 2024 para 3,9% em 2025, consolidando-se ainda mais para 4,0% em 2026, mas estas projeções representam reduções de 0,2 e 0,4 pontos percentuais em relação ao MEO (Macro-Economic Outlook) de 2025.