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ÚLTIMA ALTERAÇÃO FOI EM ABRIL DE 2016

Banco central não desvaloriza o kwanza há quase um ano

CÂMBIO. Há quase um ano que banco central não altera preço do kwanza, face ao dólar. Um dólar custa hoje 166,7 kwanzas, o mesmo preço desde Abril do ano passado, quando foi feita última mexida. Diferente do BNA, o mercado paralelo de divisas vende dólar três vezes acima do preço oficial.

O custo do dólar face ao kwanza, no mercado oficial de câmbio, mantém-se inalterado há já quase um ano, desde que o Banco Nacional de Angola (BNA) fez a última mexida, em Abril de 2016, de acordo com as taxas de câmbio diárias, publicadas no portal do banco central.

Actualmente, um dólar custa, no mercado oficial de divisas 166,733 kwanzas, quase o mesmo valor desde Abril de 2016, altura em que o BNA, já sob o Governo de Valter Filipe, fez a última alteração, ao sair de 161,468 kwanzas, em Março, para os 166,707, em Abril.

De lá para cá, não se observaram grandes alterações, além de pequenas oscilações de cêntimos sobre o valor da moeda, sem forte impacto no valor de mercado da moeda norte-americana.

De acordo com o quadro de taxas de referência do dólar no mercado de câmbio, disponibilizada pelo banco central, em Abril do ano passado, a nota de um dólar custava 166,707 kwanzas, sendo que, em Maio, o preço subiu para 166,709, mais 0,002 cêntimos de kwanzas que no mês anterior. Para os meses seguintes, as taxas foram alternando quase na mesma proporção. Em Junho, por exemplo, a nota valia 166,711 kwanzas, quando em Julho só aumentou 0,003 Kwanzas, ou seja, passou a valer 166,714.

A ligeira subida prossegue em Agosto, quando sobre o valor do mês anterior se registou um acréscimo de 0,001 cêntimos de kwanzas, passando assim a nota de um dólar a valer 166,715 kwanzas. Em Setembro, a mesma moeda já valia 166,718 kwanzas (ver gráfico ao lado).

As quatro últimas taxas do ano, mais a taxa de Janeiro deste ano, também não ficaram muito longe uma da outra: outubro (166,722 kwanzas); Novembro (166,725 kwanzas); Dezembro (166,728 kwanzas); Janeiro de 2017 (166,732).

PREÇO DO DÓLAR NA RUA

Se no mercado oficial as alterações foram quase inexistentes, o mesmo não se pode afirmar do mercado ‘negro’ de divisas, que, diariamente, regista uma nova taxa de câmbio para cada dólar. Houve circunstâncias em que a nota de 100 dólares, por exemplo, chegou a custar perto dos 80 mil kwanzas.

No câmbio oficial, este montante [80 mil] chegava para comprar cinco notas de 100 dólares. Ou seja, 500 dólares pelo valor de 100, ao preço oficial. Disparidades que já levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a questionar sobre o poder de supervisão do banco central e suas políticas no combate à informalidade no negócio de câmbio.

Só no início do mês passado, o preço para comprar um dólar nas ruas de Luanda voltou a subir para mais de 440 kwanzas (2,6 dólares, ao câmbio actual), cerca de 3,5% face à semana anterior.

REDUÇÃO NA VENDA

A contribuir para especulação têm estado as quebras na distribuição semanal de divisas pelo banco central ao mercado. Actualmente, persistem limitações no acesso a divisas nos bancos, mesmo nas contas em moeda estrangeira.

Apesar dos preços especulativos, ainda três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca, o negócio de rua ainda é uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas.

Para o FMI, a falta de divisas justifica, em parte, as altas diferenças nas taxas de câmbios entre o mercado formal e o informal. Assim, e com vista a equilibrar o mercado e reduzir as pressões sobre as divisas, o organismo sugere a aplicação pelo BNA das Reservas Internacionais Líquidas e “mais flexibilização” das taxas de câmbio, apoiadas em “condições monetárias mais restritivas para conter a inflação”.

“As restrições administrativas existentes para aceder as divisas à taxa oficial, que constituem um constrangimento à actividade e diversificação económicas, precisarão de ser levantadas gradualmente”, sugeriu o FMI, numa das suas visitas a Angola, no ano passado.