Bancos ‘perdem’ gestão de 16,3 mil milhões de dólares
VENDA DE DIVISAS.Instituições bancárias deixaram de ter acesso a 47,02% das divisas que vendiam a clientes em 2014. Bancos geriam mais de 30 mil milhões de dólares para vendas diversas. Agora, só têm 18,4 mil milhões para dividir entre famílias, empresas e o Estado. A situação é justificada com a crise de divisas.
O Banco Nacional de Angola (BNA), em 2014, cortou o acesso dos bancos comerciais a quase metade das divisas que tinham sob a sua gestão para vendas a clientes, como consequência da fraca liquidez em moeda estrangeira e das medidas de controlo cambial adoptadas, de acordo com o último relatório e contas do banco central relativo a 2015.
De Janeiro a Dezembro de 2015, os bancos venderam apenas, para todos os seus clientes, 18.432,19 milhões de dólares, menos 16.358,34 milhões de dólares do que o valor agregado vendido em 2014. Ou seja, o mercado bancário nacional perdeu 47,02% dos 34.790,53 milhões reservados para vendas directas a clientes.
Os 18,4 mil milhões de dólares geridos pelos bancos, nesse período, tiveram origens diversas, desde os leilões do banco central, compras a clientes a operações banco a banco (do mercado interbancário). Este é o valor mais baixo, desde 2013, que os bancos já tiveram à sua disposição (ver gráfico).
Na mensagem do governador que acompanha o relatório, Valter Filipe garantiu que as restrições presseguiam no ano seguinte, precisamente em 2016, sobretudo no que à distribuição dos recursos em moeda estrangeira diz respeito.
“Os desafos continuarão em 2016, tendo como grande foco a criação de bases sustentáveis para a diversifcação da economia, o contínuo fortalecimento do nosso sistema fnanceiro e o controlo do nível interno de preços”, defendeu o governador.
Do BNA, os bancos comerciais compraram, em 2015, para efeitos de cobertura de transacções com o exterior, um volume total de 17,29 mil milhões de dólares, um recuo de quase 10% face aos montantes do ano anterior, quando os bancos tinham sob gestão 19,17 mil milhões. Alteração que é defendida com a “redução acentuada do preço do barril de petróleo, que limitou a disponibilidade de oferta de moeda estrangeira ao mercado”.
Já as compras a clientes, ficaram contabilizadas em apenas 2,67 mil milhões, valor cinco vezes abaixo das aquisições de 2014, quando os clientes cederam aos bancos 15,29 mil milhões de dólares.
O governador do banco central associou ainda as restrições no acesso a divisas à estratégia de controlo cambial adoptada pelo BNA, que incluiu a desvalorização progressiva do kwanza e vendas segmentadas das divisas disponíveis, além do actual momento de crise económica e financeira, que ‘engoliu’ parte significativa dos recursos em moeda estrangeira e fez recuar o crescimento económico nacional.
“O BNA desvalorizou o kwanza de forma regular ao longo do ano, com o objectivo de proteger o ‘stock’ de Reservas Internacionais Líquidas (RIL). As vendas de divisas aos bancos comerciais também foram geridas de forma mais conservadora devido à menor capacidade de acumulação de divisas”, esclareceu Valter Filipe, no relatório, em mensagem dirigida aos operadores do mercado.
RATEIO DAS DIVISAS
Do total das divisas à disposição dos bancos em 2015, 50,88% foram destinadas às operações de mercadorias, 37,35% para as operações de invisíveis correntes, onde se incluem os serviços, 7,58% para a reposição cambial, 2,16% para as casas de câmbio e 2,04% para as operações de capitais. Segundo contas do BNA, houve um aumento do peso das operações de invisíveis em mais 2,87 pontos percentuais (pp) e mais 0,50 pp para a reposição cambial.
A contrair esteve o peso das operações de mercadorias, das casas de câmbio e das operações de capitais, com reduções de 2,60 pp, 0,57 pp e 0,20 pp, respectivamente, no total das vendas de divisas no período.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...