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Café Tumbwaza já pensa na exportação

Café Tumbwaza já pensa na exportação

Com o foco já virado para a exportação, o director executivo da Calumona, o ex-jornalista Gilberto Bengui, pretende levar o café aos mercados dos EUA, China e outros países da Ásia.

Com contactos já firmados para o café ser exportado, Bengui adianta que falta apenas terminar o processo “burocrático” em Angola.

A iniciativa surgiu da vontade de ver as ‘terras do bago vermelho’, como é chamado o Uíge, também com uma marca no mercado, acompanhando outras províncias com produtoras de café.

Para chegar aos EUA, Gilberto Bengui sabe que vai encontrar “barreiras” por causa do rígido processo de controlo de qualidade do que é importado. E, como explica, a produção de café em Angola ainda não cumpre os requisitos mínimos, com “a grande dificuldade” a começar na recolha. O café no país ainda é recolhido e atirado para o chão, sendo que a secagem é feita ao sol, num processo normalmente vetado pelos EUA. “Já tinha estabelecido contactos com os EUA antes de a marca ser registada no ano passado. E o controlo la é mesmo rígido. Eu vivi sete anos nos EUA e conheço bem o país”, admite.

A empresa pretende produzir café em cápsulas e em pacotes de 250 gramas, apostando, como experiência-piloto, na produção de 300 mil cápsulas, em 25 mil caixas.  

A partir de Junho, planeia produzir 100 mil cápsulas anuais, já com a fábrica própria em funcionamento.

Os contactos com os principais supermercados do país também já estão firmados, garante Gilberto Bengui. Os pacotes estão previstos ao preço de fábrica, 1.500 kwanzas, valor que o próprio empresário considera “mais alto” que o das marcas de café que já estão no mercado. Mas conta com a qualidade “por ser um produto 100%  natural”.

Dificuldades que trazem “resiliência”

As principais dificuldades, desde que Gilberto Bengui decidiu apostar no Tumbwaza, passam pela “burocracia exigida pelas instituições públicas” até à falta de material. O primeiro desafio foi encontrar um produtor de embalagens para o café, que, “infelizmente”, não encontrou e a solução encontrou-a em Portugal.

Outras das dificuldades são os impostos que, muitas “vezes, dão dores de cabeça” e a “desorganização” das cooperativas onde adquirem o café.

Gilberto Bengui acredita, por exemplo, que projectos como o seu, criados com fundos próprios, deviam merecer determinados incentivos fiscais. Mas também sabe que “o sistema está montado” e é com ele que tem de trabalhar. “Das dificuldades que temos encontrado já estávamos à espera. Desde as burocracias às dificuldades mínimas. Tem sido uma aventura. Tem sido desafiante e fantástico ao mesmo tempo. Estou sempre no escritório. Não paramos. Mas viemos para ficar”, garante.

 Investimentos até 600 milhões

Para a primeira fase, a empresa já investiu, com capitais próprios sem recurso à banca, 60 milhões de kwanzas. Ao todo, poderá chegar aos 600 milhões de kwanzas. Este investimento vai incluir a construção de uma fábrica, formação de pessoal, compra de equipamentos, entre outras despesas.