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ABANDONO DO ACORDO DE PARIS

CEO’s das maiores empresas do mundo criticam Trump

05 Jun. 2017 Valor Económico Mundo

CLIMA. Estados Unidos da América deixa Acordo de Paris, assinado por ?Barack Obama em 2015. Presidente norte-americano pretende alcançar um acordo “mais justo” por meio de novas ‘conversas’.

 

Donald Trump confirmou, na passada semana, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, tornando-o num dos três países, a par da Síria e da Nicarágua, que ficam fora do entendimento e distanciando-se dos seus aliados. “Os Estados Unidos vão sair do Acordo de Paris para o Clima, mas iniciar negociações para reentrar ou no Acordo de Paris, ou um negócio inteiramente novo, em termos que sejam justos para os Estados Unidos, as suas empresas, os seus trabalhadores, o seu povo, os seus contribuintes”, afirmou Donald Trump, que lidera a segunda nação mais poluidora do mundo, a seguir à China. “Se conseguirmos, óptimo. Se não, tudo bem”, acrescentou. Esta saída do acordo não será imediata: Trump terá de dar início a um longo processo de desvinculação que não ficará concluído antes de Novembro de 2020, o mesmo mês em que deverá ir a votos para a sua reeleição.

“Os EUA vão cessar imediatamente toda a implementação não vinculativa do Acordo de Paris”, afirmou o presidente norte-americano, acrescentando que isso inclui o fim da implementação dos objectivos da redução do carbono estabelecidos por Obama e o fim das contribuições para o Fundo Verde do Clima da ONU, que, diz Trump, estava a “custar uma fortuna aos EUA”. Esta decisão foi criticada por Barack Obama, que acusou o seu sucessor de “rejeitar o futuro”, sublinhando que esta decisão reflecte “a ausência de liderança americana”.

As grandes empresas americanas não ficaram também satisfeitas com o anúncio de Trump. Os líderes de 25 grandes empresas, num apelo de última hora, haviam endereçado uma carta ao presidente para que este mantivesse os EUA no acordo – entre eles estavam os CEO de gigantes como Apple, Google, Facebook, Microsoft e Unilever. Já o CEO da petrolífera ExxonMobil, Darren Woods, escreveu uma carta pessoal ao presidente dos EUA, na qual garantia que o país estava “bem posicionado para competir” com o estabelecido no acordo.

Num comunicado apoiado por todos os 28 Estados membros, a UE e a China comprometem-se com a total implementação do Acordo de Paris, adiantaram oficiais europeus e chineses. “A UE e a China consideram a acção climática e a transição para a energia limpa um imperativo mais importante do que nunca”, irá constar do comunicado, assinado por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker, líder da Comissão Europeia, e Li Keqiang.

Acordo “catastrófico”

A desvinculação dos Estados Unidos do Acordo de Paris foi uma das promessas eleitorais de Trump, que sempre se mostrou céptico em relação ao aquecimento global. Já depois das eleições, a actual administração deixou claro que iria abandonar todas as metas de emissões estabelecidas pelo governo de Barack Obama, o compromisso de ajudar os países mais pobres a combater o aquecimento global e reduzir o investimento na investigação de novas soluções. “O acordo é muito injusto para os Estados Unidos — ao mais alto nível”, disse, explicando que este limita o poder de decisão do governo norte-americano e se intromete nos assuntos internos.

“Os líderes mundiais não devem ter mais poder de decisão sobre o que se passa nos Estados Unidos do que os seus cidadãos. A nossa constituição é única no mundo e é minha obrigação — e grande honra — protegê-la. E fá-lo-ei”, afirmou, salientado que o Acordo de Paris impede “os Estados Unidos de conduzir os seus assuntos internos”, sem explicar exactamente em que é que esta intromissão consistia.