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Revelação na página oficial da construtora

Governo encomenda três aeronaves à Airbus

27 Apr. 2022 Valor Económico Breves

Mineração. Vice-presidente da construtora europeia foi recebido por João Lourenço, nesta terça-feira. Possível acordo com a Airbus coloca em causa interesses da concorrente norte-americana em Angola, a Boeing, que mantém um plano de entrega à TAAG.

 

Governo encomenda três aeronaves à Airbus

O Governo angolano “fez um pedido firme” de três aeronaves Airbus C295 “para realizar operações multifunção”, anunciou a fabricante europeia na sua página oficial, esta semana.

De acordo com a informação, duas aeronaves serão equipadas especificamente para vigilância marítima e uma para missões de transporte. “As aeronaves configuradas para missões de transporte poderão realizar tarefas táticas de transporte de carga e de tropas, paraquedismo, lançamento de carga ou missões humanitárias”, explica a empresa, acrescentando que os aviões serão configurados como aeronaves de vigilância marítima (MSA). “Terão um papel fundamental para busca e salvamento (SAR), controle de pesca ilegal e fronteiras, apoio em caso de desastres naturais e missões de coleta de inteligência, entre outros. Serão equipados com o sistema de missão Fully Integrated Tactical System (FITS) desenvolvido pela Airbus, bem como sensores de última geração”, acrescenta, indicando que a Força Aérea Nacional se torna no 38º operador C295 a nível mundial.

O valor do negócio não foi revelado e o negócio ainda não foi anunciado oficialmente pelo Governo. No entanto, nesta terça-feira, o Presidente da República recebeu, em Luanda, o vice-presidente do Grupo Airbus, Bernhard Brenner, encontro que precipitou notícias de que o Governo estaria prestes a adquirir aeronaves à Airbus.  

BOEING acusa FMI

A Boeing, por sua vez, sempre acusou o FMI de ter desencorajado o Governo a cancelar a compra das aeronaves da fabricante norte-americana, com o objectivo de facilitar a entrada da Airbus no mercado angolano. 

“A razão principal [do cancelamento] é que Angola deixou de ser uma nação soberana, está sobre as ordens do FMI que está interessado em beneficiar as companhias da Europa e os dois construtores europeus: Airbus e ATR”, respondeu ao Valor Económico, em Abril de 2019, um quadro sénior Boeing, a propósito do suspensão nas encomendas.

Registos históricos mostram, no entanto, que Angola, e sobretudo a TAAG, se encontram nos planos da construtora europeia há já alguns anos. Em 2013, ano em que estava a ser negociada uma segunda encomenda da Boeing, Hadi Akoum, então vice-presidente da Airbus para África, manifestou essa intenção, salientando que continuariam a tentar. “Encaminhamos várias cartas que não tiveram respostas da TAAG. Recusaram-se até a receber-nos, mas somos pacientes. Era muito importante que recebessem as nossas propostas de negócio, em vez de comprarem aviões da Boeing a 200 milhões de dólares. É um preço acima do praticado no mercado”, alertava.

Por sua vez, o então administrador executivo da TAAG, Rui Carreira, afastou, na altura, qualquer hipótese de a companhia angolana diversificar a sua frota, depois do acordo assinado com a americana Boeing em 2005.